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A música conecta

A Playperview se prepara para o seu primeiro release em vinil

Por Alan Medeiros em Case 06.07.2016

O triângulo que estampa os lançamentos da Playperview não é por acaso: há três mentes por trás do trabalho desenvolvido no selo curitibano. Soundman Pako, Fabø e HNQO são os responsáveis por dirigir e planejar as ações de uma das marcas mais importantes dentro do mercado de gravadoras de música eletrônica no Brasil.

Fundada em 2011 a Playperview ganhou notoriedade na cena nacional por conta da relevância do trabalho prestados por seus fundadores. Pako é peça chave no crescimento e afirmação da dance music no estado do Paraná, HNQO e Fabø surgiam na época como grandes promessas no campo da produção musical. A plataforma foi criada para ser um lugar onde os artistas pudessem ter maior liberdade no lançamento de suas tracks e também para que novos artistas que se encaixassem na proposta do selo, pudessem ter uma vitrine para exposição de seus trabalhos.

Quase 5 anos depois é impossível não reconhecer a jornada de bons releases que a Playperview tem protagonizado. Além de seus fundadores, nomes como HOSH, Dake, Lazarusman, Erik Christiansen e Funky Fat já lançaram por lá. Agora, o selo curitibano se prepara par mais um importante desafio: o lançamento do primeiro vinil de sua história.

O disco que chega ao mercado nas próximas semanas é composto por duas faixas originais do Rolldabeetz – projeto que completa 10 anos de carreira em 2016 – e um remix produzido pela dupla Davis e Zopelar. A fim de conhecer um pouco melhor a trajetória do selo e os planos para 2016, conversamos com Pako e Fabø essa semana. O resultado você confere logo abaixo. A música conecta as pessoas!

1 – Olá, meninos! Muito bom falar com vocês. Podemos começar nossa entrevista comentando sobre o último release da Playperview, que contou com um time de produtores bem interessante. Como foi o processo de montagem dessa compilação?

Na realidade são músicas que já havíamos lançado no selo anteriormente, porém resolvemos reedita-las pois acreditamos que se tratam de composições atemporais, que nunca saíram de nossos cases. De fato, gostamos muito do trabalho destes produtores.

2 – A Playperview possui uma identidade visual muito bacana, que é uma as marcas registradas do selo. Contem pra gente um pouquinho dos segredos por trás dessa comunicação.

A concepção da nossa identidade visual foi um trabalho do estúdio Pornographitti, de Londrina. Os triângulos na logo representam os três sócios do selo: Fabø, HNQO e Soundman Pako, e esta como um todo comunica graficamente o perfil que buscamos como selo: algo moderno e objetivo. Tudo isso livremente inspirado nas gravuras do Escher. Atualmente estamos trabalhando com a OhShit! Design que está dando uma repaginada em nossa comunicação.

3 – Atualmente nós vivemos um período de expansão do mercado de gravadoras digitas, cada vez há mais selos trabalhando e se isso por um lado é positivo, por outro acaba gerando uma saturação do segmento, que exige diferenciais para que você possa se destacar. De que maneiras a diretoria do selo busca essas inovações e diferenciais? Na opinião de vocês, o que destaca o trabalho da Playperview dos demais?

Acreditamos que a inovação e o nosso diferencial está no conteúdo. Buscamos fugir do lugar comum musicalmente e observar atentamente o trabalho de novos produtores, principalmente os brasileiros. Criamos o selo a princípio para servir como uma plataforma para mostrar o nosso próprio trabalho, e poder criar a mesma oportunidade para talentos nos quais acreditamos é bastante gratificante. Artistas como Dake e Maax estão aí para comprovar essa teoria.

4 – Em uma época que se fala tanto na criação de “hypes”, como vocês enxergam essa questão? A curadoria deve privilegiar o conteúdo ou o nome e a força de mídia do artista realmente importam?

Essa é uma questão muito complexa. Primeiro porque não acreditamos na criação de “hypes”, eles acontecem naturalmente quando o produto é bom. A força da mídia é importante mas quando é orgânica, e isso só acontece quando o “hype” vem acompanhado de conteúdo. Caso contrário, quanto tempo essa onda vai durar?

5 – Com a alta massiva do dólar, um EP com 5 faixas no Beatport chega a custar 60 reais, para aquisição apenas do digital. Você acredita no futuro do mercado de vendas exclusivamente digitais? Quais as saídas para encarar a alta do dólar que afeta diretamente esse trabalho?

Não se foge do rolo compressor que é a tecnologia. O formato que conhecemos hoje pode ser ultrapassado em breve por uma nova forma de consumo digital. No momento todos nós sabemos que está havendo “outra” febre do vinil ao redor do globo, o que achamos muito positivo. Uma coisa que deve ser feita – e que sabemos muitos já tentaram e tentam – é a mudança nas leis e tarifas de importação do nosso país, que é uma coisa retrógrada. Também ajudaria se tivéssemos mais investimentos na área de manufaturamento do vinil em solo nacional. Com uma oferta maior, gradualmente surgiriam profissionais mais especializados na fabricação dos discos e na sequência, a possibilidade mais concreta de lojas físicas auto suficientes.

6 – A Playperview já atingiu um número considerável de pessoas através dos showcases e eventos que produziu. Na visão de vocês, quão importante é trabalhar com ações da gravadora fora do campo online?

Acreditamos que esse tipo de ação nos tira da nossa zona de conforto, o que é sempre uma grande experiência. O contato com o público é sempre motivador, além de podermos nos divertir juntos como amigos tocando músicas que gostamos. É importante alimentar esses laços – que não deixam de ser afetivos – e nos lembrar a razão de termos começado com isso tudo.

7 – A gente percebe na filosofia de trabalho da Playperview algo bem família… como funciona a curadoria artística do selo? Há uma espécie de “sistema” para decidir o que e quem lançar?

Nós somos em três sócios, cada um com seu histórico, referências e estilo. O ponto onde isso tudo converge é onde acontece a Playperview. Antes nosso sistema era: se os três gostassem da música apresentada, ela entrava no selo. Com o tempo foi ficando cada vez mais difícil conciliar o tempo dos três para fazer essa análise, e agora dois de nós aprovando já é o suficiente. Por outro lado, o tempo também nos ajudou, pois conhecemos melhor os gostos de nossos parceiros e assim fica mais fácil absorver a opinião do outro no momento dessa escolha. Aproveitando o espaço do Alataj, quem se interessar em mandar algo para nós é só enviar um link via inbox na página da Playperview no FB.

8 – O primeiro release em vinil da Playperview vem aí, não é mesmo? Estamos sabendo que ele terá duas faixas originais assinadas por vocês e remixes por Davis e Zopelar. Como está a expectativa para o lançamento? Como foi o processo criativo desse trabalho?

Estamos muito felizes e também apreensivos com o lançamento desse disco – agora podemos falar que é um disco mesmo [risos]. O EP contará com duas originais do Rolldabeetz que estamos testando já há algum tempo e os resultados foram sempre satisfatórios. Quanto ao remix do Davis e Zopelar, só temos a agradecer por termos esses grandes artistas embarcando nessa com a gente. Acreditamos muito nesse momento, apesar da crise que assola o mundo e principalmente o Brasil decidimos que agora é a hora de darmos um passo a frente e deixar a coisa ainda mais séria e profissional. Temos a intenção de fazermos vários lançamentos em vinil. Acreditamos que isso nos trará mais credibilidade lá fora.

9 – Produzir em dupla pode representar a soma de estilos diferentes ou o encontro de um meio termo entre as partes. Como funciona essa questão para o Rolldabeetz?

Fazemos isso há dez anos e para nós hoje é um processo muito natural. A soma das nossas diferentes influências formam o que somos hoje. Na maioria das vezes funciona assim… porém há momentos em que estamos pensando de forma tão parecida tão igual, sentimos que estamos tão conectados que a coisa flui sem obstáculos.

10 – Para finalizar, gostaríamos de saber quais são os planos da Playperview para o restante do ano… lançamentos, showcases, novidades, o que vem por aí?

Trabalhar muito, esse é o nosso objetivo. Queremos aumentar o número de showcases, produzir novos tipos de ações para promover o selo e os artistas. Nesse ano ainda pretendemos lançar mais um vinil, o artista será surpresa 🙂 Como regra, reduziremos o número de releases, porém podem ter certeza que o nível artístico aumentará. Continuaremos na árdua batalha de achar novos e experimentais artistas.

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