Skip to content
A música conecta

Eles construíram uma cena do zero

Por Alan Medeiros em Troally 17.11.2014

Há algum tempo somos parceiros da label Side-B, gerenciada pelos artistas Franco Caperochipi e Bruno Juliano. Eles ganharam destaque por aqui organizando alguns eventos, o projeto que mais ganhou atenção foi a Quinta House, realizada semanalmente no Blue Deck Fun em Tijucas. A gente já passou por algumas vezes com nossos residentes, assinando inclusive uma noite, que teve também o artista plástico Markora se apresentando. Com muita coragem, eles não abriram mão do conceito musical para construir uma cena praticamente do zero, em uma cidade que hoje começa a ter a música eletrônica na sua torina, mas que há dois anos atrás pouco tinha acesso a essa cultura. Por toda essa admiração que temos pela Side-B é que Franco e Bruno apresentam hoje um 2b2 de respeito por aqui.

1 – A Side-B criou uma cena praticamente do zero em Tijucas com a Quinta House. Quais foram os principais desafios desse projeto?

Sem dúvida o principal desafio que tivemos desde o início do projeto em Tijucas foi conseguir introduzir o conceito que segue a ideia da Quinta House em uma localidade que ainda engatinhava na nova era da música eletrônica. Mudar a forma que a música eletrônica era vista também não foi fácil, infelizmente ainda existe preconceito com a e-music. Na região anteriormente não existiam projetos e festas acontecendo regularmente, então, a grande maioria do nosso público não convivia e não tinha tido grande contato com selos, djs e produtores regionais.
Acredito que se não fosse o apoio que demos e que recebemos dos parceiros locais e do Blue Deck Fun, que abriu as portas para a Quinta House, não teríamos conseguido passar por essas barreiras.

2 – Recentemente na coluna Fatos da Cena, o Vinicius Sommavilla citou a ausência de clubs mais intimistas, com pé direito e baixo e uma acústica mais bem desenvolvida. Com os grandes clubs que temos aqui na região, você também enxerga que faltam clubs menores com o mesmo potencial de trazer boas atrações?

Sem dúvida. Ao mesmo tempo que temos grandes casas noturnas reconhecidas mundo afora vejo que faltam pequenos clubs e eventos de qualidade que movimentem e que não só abram espaço para artistas e djs da região como se unam com os núcleos locais. O crescimento de ambos é certo! Vejo vários projetos fazendo um trabalho impecável e muito agregando à cena eletrônica que precisam ser reconhecidos e terem mais espaço para se difundir.

3 – Quais são as suas principais influências dentro da música?

Este ano fui muito influenciado pela banda Wareika, formada pelos jovens alemães Jakob Seidensticker, Florian Schirmacher e Henrik Raabe. Me chamaram a atenção pelas suas apresentações um tanto quanto orgânicas e 100% analógicas. Eles misturam mixagens com arranjos em baixos, vocais, baterias e teclados e percorrem ótimas sonoridades viajando do jazz ao techno.
Outros nomes que também me influenciaram bastante nos últimos tempos são Nicolas Jaar, Stimming, Solee, &ME, Djebali e os brasileiros Gui Boratto e Boghosian.

4 – Com a crise nacional que se aproxima, um dos principais setores que deve sofrer fortes cortes a partir de 2015 é o do entretenimento. Você acha que isso pode afetar a cena da música eletrônica aqui pelo sul?

Apesar de que o mercado de entretenimento tenha sido um dos setores que mais cresceu no Brasil nos últimos tempos, creio que possamos sim sofrer alguns reflexos. Talvez até o aumento repentino de festas que tivemos na região seja algo que pode acabar nos prejudicando por um tempo. Muita disputa por um mesmo mercado e pouca união é crise na certa.
Tanto os grandes clubes quanto os eventos independentes devem ficar com a guarda alta para qualquer tipo de instabilidade no mercado. Além do público passar a pensar duas vezes antes de desembolsar valores para ingressos, hoje em dia é quase que impossível para qualquer evento, seja ele mainstream ou underground, sobreviver sem patrocínio. No caso da Quinta House, por exemplo, estamos bolando um novo plano de edições do projeto. Novas parcerias, showcases e festas temáticas farão parte do nosso novo trajeto.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024