Skip to content
A música conecta

Faixa a Faixa | Danny Oliveira – Bent [Deep Space Recordings]

Por Laura Marcon em Faixa a faixa 13.02.2020

O brasileiro DJ e produtor Danny Oliveira é uma figura multifacetada que se expressa através de diversos projetos e pseudônimos ao longo de sua longa trajetória com a música. Hoje, ele guarda em seu currículo muito prestígio entre artistas internacionais que fizeram história no cenário eletrônico, já que é possuidor de uma discografia respeitável entre projetos musicais destinados à pista de dança e até mesmo composições para a indústria televisiva e cinematográfica.

Com início de sua carreira aos dezessete anos em Miami, no final dos anos 90, Danny possui uma bagagem musical riquíssima, já que transitou por diversas vertentes como as mais Progressivas, Breakbeats e Trance. Aliás, foi através do Trance que ele ganhou maior destaque no mercado, recebendo o apoio de artistas como Paul van Dyk, Tiesto, Juiz Jules, Carl Cox e outros.

Sua liberdade criativa o conduziu até as batidas do Techno, onde mantém seu foco principal há algum tempo. A novidade agora é o lançamento de seu primeiro LP intitulado Bent, que foi lançado no dia 04 de fevereiro de 2020 pela Deep Space Recordings. Para saber um pouco mais sobre esse novo projeto, a gente convidou o artista para comentar a construção, bem como cada faixa desse álbum.

Danny Oliveira

Comecei a produção do disco em março de 2019. Eu já tinha concluído várias músicas de teste no final de 2018, umas vinte e poucas tracks, e por onde passava, as testava. A reação das melhores na pista me envolvia, me trazendo de volta pro estúdio pra continuar buscando entender melhor esse som.

A ideia de gravar o disco só veio depois que conseguisse fazer esse som sair naturalmente no meu dia a dia dentro do estúdio. Logo depois de quase 1 ano entendendo melhor o que eu poderia fazer dentro desse espectro, comecei a gravar. Tinha que ser diferente e tinha que ser pista. Escuro e sombrio, viajante e hipnótico, cada track tinha que vir de algo muito especial, lugares, viagens, assuntos, experiências.

As origens sonoras do disco vêm tanto do hardware como do software. Usei muito o Modular da Softube onde tenho um ambiente modular virtual podendo utilizar instrumentos da Doepfer, Mutable e Buchla, criando timbres bem diferentes e mais ácidos. O Repro da Uhe é minha escolha de muitos dos sons encontrados em pads e linhas de baixo. Depois disso tudo é passado numa Analog Heat pra criar mais drama na característica dos sons. Reaktor e Max4Live são onde eu costumo programar os efeitos, uma sessão onde começo a desenhar os detalhes mais intensos dos timbres.

Astral | A melodia do hook foi feita em consequência de passar o dia inteiro lendo e escutando astro-físicos falarem sobre a energia alinhada por diferentes estrelas e sistemas solares, a vibração energética que isso tem nas nossas vidas. 

We Humans | Foi feita pensando muito nas consequências que “nós humanos” vamos sofrer ao complicar as condições de vida no nosso planeta. O vocal gravado que diz “When The Time Comes” é uma reflexão ao que espero “não ser tarde demais”.

Mystify | Nesta conto uma história sobre a nossa floresta amazônica. A música foi feita com sons ambientes gravados em diferentes locais. Eu queria criar uma sensação sonora do ambiente florestal, a sua paz e seus segredos.

Against The Wave | Aqui, sou eu, somos nós, brigando, dando soco numa onda no mar. É uma música intensa, escura, e sempre me faz lembrar de não ir tão longe contra as ondas. A vida tem que ser balanceada mas não podemos deixar de nos desafiar no território desconhecido.

Cells | Quem não é fã de Blade Runner?  Foi inspirada no filme Blade Runner 2049. Depois de assistir a obra duas vezes no cinema, fiquei ansioso para seu lançamento digital. Enquanto eu criava os sons em uma tela, deixava o filme tocando em outra. Foram três dias de muito barulho e muitas ideias.

Makina | Robôs, machine learning, inteligência artificial, automação, modificação genética. Esta é uma imagem, uma cena de como será o futuro de outras gerações. Inspirada em algumas cenas de Koyaanisqatsi criadas por Ron Fricke.

Bent | Bent é minha track favorita do disco. É longa e progressiva, queima de vagar. Eu precisava fazer uma música com uma subida explosiva e desconcertante. Criar esse synth principal foi um processo lindo. Depois de tocar algumas vezes ainda sem nome e ver a reação da galera na pista, algumas pessoas perguntavam sobre “aquela track com o barulho ácido”. Um casal em Goiânia me diziam ficarem tortos [risos].  A reação corporal e mental talvez seja essa. Ela dobra e desdobra. Dai então o seu título. 

Black Star | Essa introduz uma parte mais old-school do disco. Um pouco de Max Walder e Brian Zentz. O bassline foi feito usando um módulo da Doepfer.  

Kometa | Brexit Techno é um som muito forte e hipnotizante. Uma linha de synth longa na sequencia ajuda muito quando ela tem um arranjo mais expressivo ao longo da música. Essa faz muito barulho na pista.

Body Spook | Esta é uma homenagem a dois ícones do techno: Robert Hood e Derrick May. Eu piro nesses riffs de baixo. Era o som que ouvia quando esses caras tocavam nos anos 90.

Storm | Storm é minha amiga. Gosto muito de tempo chuvoso e vira e mexe você pode me encontrar em alguma tempestade por aí. O sample que aparece a cada 4 batidas vem de uma gravação que fiz numa tempestade no Rio de Janeiro no começo do ano. 

Cyber Skies | Mais um pouco de ficção científica. Eu gosto de videogames. Ano que vem, teremos o lançamento de Cyberpunk 2077. Eu estou esperando esse jogo já tem quase uma década? Enfim, de tanto assistir os trailers e gameplays, decidi criar essa música para esse tema.

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024