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A música conecta

Fatos da cena #2 – Onde foram parar os clubs fechados?

Por Redação Alataj em Fatos da cena 12.02.2014

O-sábado-da-Space-Balneário-Camboriú-é-com-TOP-DJs-destacadaQuem freqüenta casas noturnas e a noite na música eletrônica a, pelo menos 10 anos, viu uma grande mudança no cenário brasileiro e internacional. O surgimento dos chamados “superclubs” com capacidade para mais de 3 ou 4 mil clientes, está sob os holofotes dos freqüentadores assíduos, e os pequenos clubs estão sumindo progressivamente.

Se você dar “um giro” pelas principais festas que acontecem na região de Balneário Camboriú, considerado o pólo nacional da música eletrônica, vai ver que os principais clubs, como o Warung, o Green Valley e agora o crescente El Fortín fazem parte da fatia que abocanha o grande público. A Space B. Camboriú, que abriu e fechou no mesmo verão mais parece um hangar de aviões do que uma danceteria, de tão grande que é.

Se você não é fã ou está cansado de ir a locais com muita gente e quer algo mais tranqüilo e intimista, fica sem muitas opções. O mais conhecido club pequeno da região é o 2ME, do grupo GV, que no início do verão fecha e só retorna após o carnaval, ainda assim abrindo somente aos finais de semana e com poucas atrações da linha conceitual. Os pequenos estão ano a ano sumindo, ficando difíceis de achar e se você deseja, em pleno dia de semana, curtir uma boa música eletrônica, tem que pesquisar muito para achar um local ,mas nem sempre ele não será um club. Com o advento dos DJs que se multiplicam a cada ano e com a febre da música eletrônica, principalmente na linha de sons com BPM mais lento e que são propícios a locais com alimentação, temos muitas restaurantes e lanchonetes que possuem se não um DJ, um aparelho de som tocando música eletrônica. Mas é um restaurante, e você não vai lá pra dançar e curtir, vai pra comer. A música é um mero acompanhamento agradável.

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Na cidade de Tijucas, a 30km de Balneário Camboriú, existe um projeto que rola no Blue Deck e é intitulado “Quinta House”. Ele é realizado pela Side-B, dos amigos Franco Caperochipi e Bruno Juliano, e tem trazido nomes legais da cena nacional como Aninha e Fabo, e apoiado com força a cena local, se tornando um local único para curtir e-music durante a semana. Incrível, apenas um lugar num raio de 50km (ou mais) da minha cidade que investe na e-music de qualidade aos dias de semana, mesmo que não sendo um club.

Mas eu ainda sinto falta de um club mesmo, que abra quarta ou quinta feira, que toque um som fino (como o do Quinta House), em um ambiente escuro e sem as firulas de leds e fumaça dos grandes clubs e com aquele pé direito baixo, no estilo da D-Edge em São Paulo. Quem sabe em breve, os meninos da Side-B consigam um local fechado para aprimorar seu projeto de sucesso. Mas e os grandes clubs, não querem ter uma filial ou um club menor para funcionar dia de semana? Querer até querem, só realizam que não vale à pena.

E por que não vale a pena investir em um local menor, com capacidade para até 800, 600 pessoas e que possa ser uma opção nos dias de semana? Acredito que o grande motivo por trás disto é o fator capitalista: Por que não é lucrativo. Hoje com uma grande estrutura pode se lucrar mais na venda de ingressos e consumos do bar. O cachê de um DJ, em 80% das ocasiões, será o mesmo não importando se no seu club cabem 500 ou 5 mil pessoas e o show de imagens e luzes que surgiram com o advento de novas tecnologias tem atraído até mesmo aqueles que não gostam de house music, mas vão só para ver o Guetta tocar. Claro, hoje virou moda ir na balada. Existe também o fator de valorização dos terrenos em locais centrais, que vão dando lugar a grandes edifícios e corporações.

12-01-2012-14-28-13-baturiteEntão os empreendedores da noite foram, pelo menos em nossa região, abandonando paulatinamente as casas pequenas e no centro das cidades para abrir clubs em locais mais afastados e com grandes capacidades de público. Vide Baturité, Aya Napa, Djunn e Case Music: clubs eletrônicos de sucesso que deram lugar a condomínios residenciais ou cederam seu espaço ao sertanejo universitário e ao pagode.

Eu ainda acredito que um club pequeno pode fazer sucesso se souber explorar a qualidade musical que nos temos na região (ou em todo o Brasil, isso não fica exclusivamente limitado a região onde moro, mas uso-a como exemplo) e ser lucrativo, trazendo entretenimento e música de qualidade. Temos espaço para isto, temos mercado para isto. Só falta investimento.

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