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A música conecta

Leur Mouvement

Por Alan Medeiros em Leur Mouvement 22.12.2015

O mercado da música eletrônica movimentou mais de 3,1 bilhões de reais no último ano, mesmo com uma industria tão consolidada falta espaço para as mulheres, porque ?

O intuito desta coluna é buscar respostas para esta e outras tantas perguntas que envolvem o universo das mulheres na cena, e mais do que isso, repassar experiências vividas por profissionais que atuam nas diversas áreas que a música se desenvolve, incluindo também o universo de arte, moda, cultura e comportamento.

Para quem não sabe, vivencio a música eletrônica há 19 anos e há 13 me joguei de cabeça, alma e coração neste cenário. Na época, tudo era completamente diferente, lidei com a reprovação e rejeição das pessoas próximas a mim, amigos, família e até mesmo do público que em alguns lugares além de não ter referência sobre música eletrônica, nunca tinham visto mulheres atuando na área. Outros tempos. Mas a cada set, a cada pista que assumia e a cada trabalho que desenvolvia fui conquistando meu espaço, o respeito entre os demais profissionais e entre as pessoas que fazem parte da minha vida. Os anos se passaram e o que era visto como um momento ou uma brincadeira, se consolidou e graças a minha determinação e meu trabalho consegui fazer com que as pessoas me respeitassem e entendessem o que sentia desde o inicio em relação a música. Com o passar dos anos, finalmente os valores e os conceitos sobre o assunto mudaram. Atualmente não lidamos com o preconceito explícito e com a falta de referências que existiam na época, mas nos deparamos com essa diferença gritante de oportunidades entre profissionais homens e mulheres. Então surge uma pergunta, será que essa desigualdade e essa oportunidade escassa para as mulheres não deixa de ser uma forma de preconceito mascarada por parte de alguns membros a frente do nosso mercado ? Eu sinceramente acredito que sim.

Todas nós desejamos sair da onde estamos para chegar a onde queremos e merecemos, com mais igualdade e sem pré julgamentos pelo simples fato de sermos mulheres. Mais do que nunca, é hora de pensar, falar, debater e mudar. Não queremos ser a 2ª, 3ª ou 4ª opção, esperando por migalhas de oportunidades, queremos ser ativas e membros de todas as importantes áreas que regem a vida profissional na música. Por isso, decidi criar esta coluna, e dela não tenho interesse algum em fazer uma aula de feminismo, pelo contrário, meu interesse é repassar um conteúdo formado por experiências reais das dificuldades, aprendizado, trabalho, projetos e conquistas adquiridas pelas profissionais, para chegar aonde estão. Ao final da leitura que o conteúdo sirva de combustível para começarmos a pensar e agir de forma diferente sobre o assunto que deveria ser de interesse e conscientização de todos que trabalham em nosso mercado.

O conteúdo será um informativo sobre as profissionais mulheres, mas também uma forma de incentivar e despertar a consciência dos profissionais homens para que todos os envolvidos tenham uma nova conduta e olhar sobre o assunto, e mais do que isto, para que o mecanismo da contratação e as oportunidades seja uma prática mais equilibrada do que observamos atualmente.

Alguns grupos formado por mulheres no Brasil estão surgindo e conquistando resultados bem satisfatórios através de muito debate, apoio e união.

● Na área da POLÍTICA temos o grupo das MULHERES DO BRASIL, criado por mulheres que não tem partido, líderes de vários segmentos que têm em comum um único propósito: serem protagonistas na construção de um país melhor.

● Em Curitiba um grupo chamado CLUBE DA ALICE começou com a reunião despretensiosa de parceiras de profissões variadas, na intenção de fortalecer relações comerciais e estabelecer vínculos de apoio mútuo. Atualmente com 18 MIL PARTICIPANTES elas GIRAM A ECONÔMIA entre os próprios empreendimentos e FOMENTAM O EMPREEDEDORISMO FEMININO, consumindo e divulgando os produtos e serviços umas das outras.

● O grupo MULHERES DA MÚSICA do qual faço parte, foi criado pela Monique Dardenne e funciona como uma rede de referências de mulheres profissionais que trabalham na cena musical do país. O intuito é adicionar mulheres que sejam referência e boas no que fazem, para que possam contar umas com as outras na hora de procurar serviços, visando a inclusão de um número maior delas no meio musical e com mais igualdade.

Tem quem diga que existe poucas mulheres na música, eu digo que hoje existe um número bem considerável. Aos quem tem interesse, com uma rápida pesquisa se encontra uma lista bem grandinha dessas profissionais atuando e posicionadas no mercado, em um determinado grupo ou cenário regional: seja tocando, produzindo, trabalhando em projetos, selos, eventos, labels, agências e por aí vai. Basta procurar, querer saber quem são e conhecer seus trabalhos, e este sem dúvida é um grande começo.

Em janeiro de 2016 nossa primeira convidada será a Monique Dardenne, label manager na Skol Music, responsável por trazer o Boiler Room ao Brasil, proprietária da MD/agency, mãe, mulher e esposa!

As perguntas estão sendo formuladas e gostaria de contar com a colaboração de todos para cria-las, por isso sintam-se a vontade para deixar sugestões.

Até breve!

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