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A música conecta

Minha Primeira Gig | DJ Nepal

Por Manoel Cirilo em Minha primeira gig 22.07.2019

Criatividade, boa leitura de pista e uma seleção musical versátil são qualidades que caracterizam qualquer grande player do cenário eletrônico, mas o DJ Nepal se apropria dessas características de uma maneira realmente única. Distante de qualquer limitação conceitual, ele transita com fluidez e coerência do soul ao tech house e consegue segurar na pista os mais diferentes públicos, por onde quer que ele passe.

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Essa facilidade de Nepal em se reinventar musicalmente de maneira constante garantiu a ele formar uma carreira repleta de conquistas, entre as quais podemos destacar a participação no primeiro Boiler Room do Rio de Janeiro, sua cidade natal, presença em festivais ao nível de Rock in Rio, grandes clubes nacionais como Warung e D-Edge, além de comandar as trilhas sonoras de diferentes desfiles das semanas de moda nacional. 

Hoje, o carioca leva seu talento aos mais diferentes mercados e possui a experiência de um verdadeiro perito na arte musical. Tudo isso foi conquistado graças ao seu esforço e, claro, à decisão de dar o primeiro passo, justamente o motivo que nos levou a conversar com ele. Nós convidamos o DJ Nepal para compartilhar como foi ter comandado as cabines pela primeira vez, confira:

“Minha primeira gig foi algo embalado pelo amor. Acredito que a força do amor nos faz realizar coisas que por muito tempo julgamos ser impossíveis. Vamos à história… Eu tinha acabado de chegar de uma viagem à Londres, durante a qual eu ia diariamente a lojas de disco, namorava alguns vinis e comprava outros. Foi um processo diário, viajando com dinheiro contado, economizando em um dia e, no outro, gastando aquela economia em vinil.

Quando voltei dessa viagem estava decidido que queria tocar, ia sempre na casa de um amigo que tinha equipamento. Tínhamos lá o QG de um projeto, queríamos fazer uma web rádio e um circuito de festas na rua para divulgar a música que acreditávamos e tanto nos juntava e nos fazia criativos, assim surgia a produtora de audiovisual Apavoramento Sound System.

A primeira gig surgiu depois de um desses encontros, era despedida de uma amiga que tinha se tornado uma namorada minha, eu já tinha os vinis, aquela paixão por ela e pela música e, então, por que não me aventurar nos toca-discos? Nós tínhamos o equipamento, ela agitou um local, era uma bilhar na Lapa, local descontraído e informal com mesas de sinuca. Abrimos um espaço para a pista, não sabíamos se iam 10, 20 ou 100 pessoas. A festa bombou e foi um sucesso. A tal namorada foi morar em NYC feliz e a festa de despedida dele tinha juntado uma turma muito distinta e bacana, a produtora que nos ajudou a fazer nos propôs continuar na semana seguinte.

Eu e outro DJ, que também nunca tinha tocado, depois de tudo que aconteceu naquela noite, dissemos sim, e assim se iniciava um projeto chamado Zoeira da Lapa. Nessa época, não havia celular com câmera, a internet era discada e a divulgação era o boca a boca. Zoeira da Lapa, 1996, essa foi minha primeira escola nos toca-discos (os set’s de vinil e entre mesas de bilhar, a pista). Foi assim, tocando no peito e na raça, residente naquela sinuca — que foi uma escola para muitos — que começava uma história de amor à música do menino de Niterói, que atravessava a ponte com dois toca-discos todo sábado e aprendeu o que é ser DJ.”

A música conecta.

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