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Music Tech | Quanto pagam os streamings? Esse valor realmente é justo?

Por Laura Marcon em Music Tech 16.01.2020

Muito já se discutiu e ainda se discute sobre o consumo de música eletrônica e o retorno financeiro devido aos seus produtores. Com a chegada da internet e suas facilidades em relação ao alcance de músicas ao público e DJs, também surgiram canais, programas e demais formas de se obter faixas através da pirataria, que de certa maneira possibilitaram a disseminação das músicas para o público, o qual passou a conhecer novos artistas do mercado, mas na contramão dificultou o pagamento pelo download dessas produções, que aconteceu por muito tempo apenas através da compra em sites autorizados como Beatport, Juno e outras plataformas, destinadas em sua grande maioria a DJs e profissionais do ramo preocupados com a qualidade das faixas baixadas.

As plataformas de streaming como Spotify, Apple Music, Naspster e o YouTubeMusic vieram para revolucionar esse consumo, já que a música que o público quer ouvir pode ser facilmente encontrada na palma da mão, sem a necessidade de download e, pela primeira vez, com retorno financeiro sistematizado aos produtores. Mas obviamente que este caminho não seria tão fácil para o artista, principalmente quando estamos falando em música eletrônica conceitual. Quando a faixa postada está vinculada a uma gravadora, a quantia é repassada a sua distribuidora, que sazonalmente repassa parte dela ao artista. 

+++ Salve para depois: tecnologias de entretenimento – o que muda no seu consumo?

E o valor? bom, é uma questão complicada já que ele está sendo alterado constantemente e as plataformas de streaming não são lá muito transparentes nesse acordo. Além disso, a matemática utilizada para definir quanto dinheiro cada artista irá receber pode variar diante de uma série de fatores, mas basicamente o cálculo parte da quantidade de vezes que a música é ouvida.

Uma matéria no Resident Advisor realizada em agosto de 2019 trouxe-nos que o Napster paga aos artistas uma média de 0,019 por stream ou $ 1,90 por 100 streams. Na parte inferior, o YouTube oferece um pouco menos de 7 centavos por 100 reproduções. O Spotify fica bem baixo no ranking, em cerca de 44 centavos por 100 transmissões”, ou seja, além do valor baixíssimo, as plataformas ainda retêm a quantia até que a faixa seja executada muitas vezes.

O fato é que esta forma de rentabilidade funciona de verdade aos artistas que possuem um alcance altíssimo do público e estão entre as sonoridades mais comerciais do mercado, ou até mesmo músicas selecionadas para integrar uma playlist oficial da plataforma, como as super acessadas playlists do Spotify, Electronic Rising e Groove Theory, conquista que não ocorre com tanta frequência com produtores de música eletrônica do cenário conceitual. Há um grupo de players do mercado que se opõe a esta forma de pagamento e estão levantando discussões sobre o assunto, sem grandes retornos até agora. Mas então, por que continuar colocando as faixas?

Neste caso, voltamos ao nosso parágrafo inicial. Mais do que receber royalties pelas suas produções, é preciso que a faixa chegue ao máximo de pessoas possível, tanto DJs quanto público, para ser tocada por outros profissionais ou criar um vínculo com o ouvinte, que passa a seguir e requisitar o artista nos clubs e festivais. Afinal, o maior retorno que o artista recebe ainda é através da notoriedade do seu trabalho que reflete nos bookings.

No mundo globalizado e tecnológico em que vivemos, deveria haver um caminho justo para ambas as partes, o artista e o consumidor. Aparentemente a maioria esmagadora segue acompanhando as grandes potências do mercado e se sujeitando aos valores irrisórios por play. Afinal, já disse Milton Nascimento: Todo artista tem de ir aonde o povo está. 

Fonte: Resident Advisor

A música conecta.

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