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A música conecta

non-blasé – Julia Govor é encantadora

Por Alan Medeiros em Non-Blasé 08.12.2015

Julia Govor é uma DJ Russa que mora no Brooklyn e tocou no Brooklyn Electronic Music Festival e no Time Warp esse ano. Ela também vai tocar na primeira edição do festival holandês Awakenings em NY ano que vem e vai fechar o ano ao lado do Hot Since 82 no Reveillon da Verboten, balada de techno legendária do Brooklyn. A primeira vez que eu ouvi o som dela foi em uma matéria que a THUMP publicou sobre ela e seu conceito de Sound Healing – cura por meio de música – o mix que ela criou me cativou e acabei indo ver ela ao vivo no BEMF e no Time Warp. Ela se mudou de Moscou para NY dois anos atrás e, não sei se é porque eu acabei de me mudar, mas ela parece estar sendo a rainha da pista aqui em NY no momento. Sua música é repleta de emoções e história, Julia convida seus ouvintes para entrar em uma dimensão completamente nova, coisa que ela nitidamente conquista por meio da sua personalidade sensível e especial. Entrevistei ela para o meu blog, Non-Blasé, e você confere aqui as melhores partes.

É um prazer falar com você Julia, eu realmente admiro seu trabalho e estou animada para te ver crescer como artista e tocar em mais festivais como o BEMF e o Time Warp. Gostaria de saber como é que você foi introduzida ao techno e como foi o processo de evolução até você se tornar a artista que é hoje?
Primeiramente gostaria de te agradecer pela sua atenção, faço o que eu faço para inspirar e ser inspirada e a palavra “admirar” me ilumina o olhar. Fui introduzida ao techno em 2005 em uma balada em Moscou chamada Gorod. Fui a convite de um amigo e quando entrei vi algo muito diferente de tudo que eu conhecia, a pista estava pegando fogo, tinha algo cru, forte e muito especial acontecendo. Era o Richie Hawtin. Eu perguntei para meu amigo o que era essa música e ele me disse: “Govor to keeslota” em português “Govor isso é acid house.” Eu não era fluente em inglês naquela época e não tinha internet em casa, só no trabalho, aí comecei a pesquisar e vi que tinha um mundo de coisas para se aprender sobre a cena e me empolguei. Foi então que a balada “Arma 17” abriu e eu me tornei uma parte da família, Jennie Sobol estava sempre trazendo artistas fantásticos, como Ricardo Villalobos que me ensinou que música é matemática, Seth Troxler que me contou histórias do porque ele se mudou de Detroit para Berlim, e o trio Romeno Arpiar que me mostrou como tocar long sets cheios de mistério e minimal techno house. Um dia a Natasha Abelle (residente e dona do Arma 17) me perguntou se eu gostaria de tocar. Demorou anos para que eu entendesse a coisa toda. Somente em NY eu realmente consegui me encontrar e dominar a técnica. A vida é engraçada né: para se achar, você tem que perder tudo que é importante, deixei meu pais, meus amigos e minha casa para trás.

Você pode me explicar mais sobre Sound Healing?
Você ja se sentiu com uma alegria inexplicável depois de um show da sua banda preferida, aonde você gritou junto com toda a plateia e você volta para casa completamente exausto, mas iluminado e aquela é a musica que você realmente ama, ela vai direto para a sua alma e se torna uma harmonia? Musica = matemática e musica/harmony = numeros no tempo. Você já percebeu a quantidade de pessoas com fones de ouvido? A importância da música é incalculável. O problema é: digamos que você teve uma noite incrível, saiu com seus melhores amigos para ver seu DJ preferido, mas de alguma forma você não lembra de nada, é tudo um borrão com o adicional da ressaca. Música não deveria ser lidada como uma simples forma de entretenimento, quando você não presta atenção na música ela pode trazer caos para a ordem. Se as pessoas realmente escutassem, talvez elas se sentiriam menos solitárias. O aspecto mais importante disso tudo para mim é que eu sinto o efeito da música em mim, eu me sinto mais jovem, iluminada e feliz e quero compartilhar isso com o mundo.

Você já se sentiu intimidada por ser uma mulher no mundo da dance music? Como foi tocar em um festival como o Time Warp – aonde você e a Ms Mada eram as únicas mulheres?
Nunca me senti intimidade diretamente. Ser uma mulher é uma benção, mulheres são mães e são criadas para cuidar e dar amor. A maioria dos homens poderosos por aí tem uma mulher lhes dando apoio. Acho que o aspecto de ser levada a sério vem independente do seu gênero, quando as pessoas não tem o talento elas sempre vão odiar quem tem, alguns vão te respeitar e outros não vão, porque somos humanos, não porque somos homens e mulheres. O artista é um símbolo sexual, fomos feitos para criar, despertar, inspirar e provocar – e cada um tem sua maneira de atingir tais metas. Eu me sinto a mulher mais sortuda do mundo, sou esposa e sou artista. Tocar no Time Warp foi um prazer, sempre sonhei em fazer parte do line up quando ele foi lançado aqui em NY ano passado e participar do festival esse ano foi maravilhoso. É um festival que não poupa esforços para criar a melhor experiência possível e, para mim, uma prova de que sonhos realmente podem se tornar realidade.

Leia o restante da entrevista – em inglês – aqui.

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