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A música conecta

non-blasé – Não quero conversar sobre o tempo

Por Georgia Kirilov em Non-Blasé 03.11.2015

Eu odeio conversas banais.

Eu não acho que ninguém deveria estar interessado em quantos você tem, de onde você veio ou como está o tempo lá fora. Quantos anos você sente que tem, como você chegou aonde está aqui e as pequenas coisas que te encantaram durante o dia (pode falar do tempo se o tempo te encantou, coisas lindas não tem categorias e nem limites) são muito mais interessantes. Com isso dito, acredito que deva começar dizendo que dou conselhos como se tivesse 80 anos e já vi de tudo, mas que quando tento fazer uso desses mesmos conselhos parece que tenho 13 anos e todos aqueles hormônios da puberdade me tornam o exemplo perfeito de “faça o que eu falo e não o que eu faço.” Que me apaixono como se tivesse 15 anos e ninguém nunca partiu meu coração, gosto de uma festa como se tivesse acabado de fazer 18 anos e vejo o lado bom de todo mundo como se fosse uma criança pequena. Somando tudo isso acho que dá para dizer que sou uma pessoa de 18 anos um tanto quanto peculiar. Como eu cheguei aonde eu estou agora é uma combinação de fatores, meu eu de 13 anos tentando ser alguém que ela não era, meu eu de 15 anos indo embora de Curitiba, minha cidade natal, para ir passar um semestre em NY. Nesse semestre aprendi muito sobre a vida, daí que surgiram meus conselhos de “tenho 80 anos e já vi de tudo minha filha” e muito de quem eu sou hoje (sim também festei muito como se tivesse acabado de fazer 18, mesmo tendo -3 anos.) O fato é que eu percebi que nunca seria a menina quietinha no canto da sala, eu nunca passaria despercebido, minha risada era sempre a mais alta, era sempre o meu nome que o professor gritava e minha honestidade já me causou muitos problemas. Quando eu conheço alguém vou direto para a parte do planos para o futuro, sonhos e frustrações ao invés do “oi meu nome é Georgia, estudo Jornalismo, bla bla bla dormi.” Depois daquele semestre em NY eu desisti de tentar mudar quem eu era e ser a menina misteriosa que todo mundo parecia amar e aceitei que já que eu era um livro aberto, a melhor coisa a fazer seria escrever uma bela duma história.

O Non-Blasé é um sonho meu há muito tempo, mas esse ano algo aconteceu que me fez perceber que eu precisava me jogar nesse projeto logo. Depois de ter sido aceita na New York University (aonde eu estudo Jornalismo e Mídia, Cultura e Comunicação) e saber que eu estava prestes a ganhar tudo que eu sempre quis, finalmente sair de Curitiba, finalmente ir explorar esse mundão… Eu acabei me apaixonando pela minha cidade. Perdidamente, intensamente e sem volta. Eu percebi que tinha me tornado blasé para as maravilhas secretas da minha própria cidade, que eu tinha parado de escutar os sussurros das paredes, que eu tinha parado de prestar atenção no silêncio existente no meio de todos aqueles gritos. Eu não conseguia acreditar que todos aqueles bares, aquelas pessoas, aquelas ideias estavam embaixo do meu nariz e eu não vi, ou não quis ver. De repente me veio um medo de que isso acontecesse com a minha tão sonhada NY. Então aqui é meu antídoto, aqui é aonde eu quero dividir todas as pequenas coisas do meu dia que me encantam, eu quero que a gente se sinta vivo e apaixonados, não por pessoas, mas por tudo… Non-blasé, o contrário do que eu vejo todo dia no rosto das pessoas as 7 da manhã quando estou no metro indo trabalhar, o contrário do desdenho que escuto na voz das pessoas que falam sobre Curitiba e exatamente o sinônimo da paixão que eu escuto na voz de alguém que me conta sobre o que eles realmente amam. Como eu moro em NY, decidi escrever em inglês para que a comunicação tivesse um alcance maior, mas fiquei muito dividida pois amo escrever em português também. Foi quando o convite do Alataj veio, me dando a oportunidade de juntar o melhor dos dois mundos. Aqui vocês vão ver, uma vez por semana, um dos meus posts originais adaptados para o português para que eu possa dividir um pouco do meu mundo com quem lê o Alataj e quem sabe ter alguns de vocês acompanhando o que eu posto diariamente no Non-Blasé. Estou muito animada para conversar com vocês, portanto sejam bem vindos e eu espero que vocês aproveitem a viagem.

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E não deixe de ler os posts originais em inglês, aqui.

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