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A música conecta

Uma identidade formada através das transformações. Conheça a história de Mau Maioli

Por Marllon Eduardo Gauche em Notícias 12.09.2019

Todos que ingressaram no universo da música eletrônica tiveram uma porta aberta à sua frente, geralmente a de um determinado estilo musical. O autor que vos escreve, por exemplo, começou ouvindo Psy Trance e, aos poucos, novos estilos musicais foram fazendo parte da minha vida. Pelo que consigo observar, são muitos os casos parecidos com o meu, onde a partir de uma única batida um mundo de oportunidades se abre, revelando todas as belezas que a música eletrônica tem a oferecer.

Essa é também parte da história vivenciada pelo gaúcho Mau Maioli, que lá em 2011 começou a ser influenciado por alguns artistas que estavam em alta no cenário deep house, tal como H.O.S.H e Karmon, para citar alguns. Foi nesta época que ele conquistava também sua primeira residência simbólica em um pub na cidade onde mora até hoje, Farroupilha, local onde a Hi Friend ganhou vida, uma festa idealizada ao lado do amigo e parceiro de estúdio e cabine, Cris D.

O tempo passou e Mau foi somando novas experiências e conhecimentos, seja através da organização de eventos ou mesmo aprimorando sua técnica de discotecagem, aos poucos seus gostos musicais também foram conhecendo novos sabores. O house progressivo e traços do techno melódico passaram então a fazer parte de sua pesquisa, fase em que ele organizada os primeiros eventos da Beat On Me, outra festa com sua assinatura que trouxe nomes como Zopelar, BLANCAh, Marcio Vermelho e Benjamim Sallum pela primeira vez a sua região.

Essas ações foram fundamentais para que gradativamente seu nome chegasse até os ouvidos de outros entusiastas da cena. Não demorou muito para que Mau se apresentasse em palcos de clubs como Beehive e D-EDGE pela primeira vez, e também da festa Levels, onde até hoje mantém residência. 

Mas uma das experiências mais marcantes de sua carreira aconteceu mesmo fora das cabines, na pista, durante o Dekmantel 2017, foi lá que sua visão e seu leque de possibilidades se abriu ainda mais, o incentivando a se aprofundar na pesquisa musical. No mesmo ano, Mau Maioli somou 65 gigs em 20 cidades diferentes, somando cerca de 7.800 horas de discotecagem.

O ano seguinte também acabou sendo um dos mais importantes de sua carreira. O gaúcho decidiu investir pesado no campo de produção musical, imprimindo um ritmo mais intenso de lançamentos e consolidando seu nome dentro do techno, contando até mesmo com um álbum lançado pela Urban Soul, Bubble.

Mas estamos falando aqui de transformações, certo? Foi em 2019 que aconteceu a maior delas. Depois de um turbilhão de informações e de um momento de muito amadurecimento, Mau Maioli encontrou um caminho diferente e unicamente seu para seguir. Atualmente sua sonoridade está muito mais próxima do indie, disco e da italo music com muitos traços dos anos 80, trazendo em sua identidade referências de uma época em que ele nem mesmo viveu. 

Para encerrar este texto, convidamos o personagem principal de toda essa história para compartilhar com a gente algumas músicas que tiveram um impacto profundo no seu perfil musical, o levando até o lugar onde está hoje.

New Order – Elegia

Minha evolução vem sendo buscada extremamente do que vem lá dos anos 80. Meu último lançamento o Intercepet tem esse ar nostálgico. Elegia do New Order é uma música que me faz refletir e principalmente me inspira a criar.

https://www.youtube.com/watch?v=Mitw5haqx5Y

Alice Coltrane – Turiya And Ramakrishna

Nessa fase toda, procurei conhecer mais sobre alguns personagens que passavam de forma indireta pela minha vida. Ouço diariamente Alice Coltrane e o John (obviamente), mas nunca havia parado pra entender mais por que eles criavam isso, e como se comportavam, quem eram. Felizmente fui em busca disso, e falando sobre a Alice em especifico, percebi o quão magnífica ela é (e o quanto nós também podemos ser), com seu forte espiritualismo e capacidade de poder ajudar. Essa música foi uma das últimas que toquei no Caracol em São Paulo, e ela representou um momento muito marcante para mim.

Lhasa – Acetabularia

Essa música ela não faz parte das minhas músicas favoritas, mas ela me despertou a vontade e me trouxe a referência de algo que eu gosto e que eu venho aplicando em minhas músicas. Tanto os timbres do arpeggio e o pad que tem muito a característica de synth wave, e claro que a bateria 707 é uma das principais características que eu venho explorando.

Phunkadelica – 80 voglia

E aí depois de pesquisar (e ainda continuo pesquisando, por que isso não tem fim), me deparei com artistas que estão produzindo isso e um dos que mais me chamou atenção foi o duo Phunkadelica! Eles trazem o ar nostálgico e oitentista, mas com uma roupagem totalmente atual. Depois de criar algumas músicas comecei a procurar produtores e gravadoras que estavam produzindo e lançando esse tipo de som e fiquei super ligado neles.

Oliver Huntemann – Poltergeist (Marc Houle Remix)

Nessa nova etapa, percebo que minha conexão continua interagindo entre várias vertentes, mas percebo que eu criei um estilo e seja no Techno ou no House essa característica predomina. Marc Houle é um bom exemplo de estilo que eu também venho produzindo/tocando e que combina com a ideia mais house como a música do Phunkadelica.

Para encerrar, ele ainda nos deixou um set super fresh com que resume muito bem seu momento atual, feito para ouvir no volume máximo:

A música conecta.

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