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A música conecta

A SFX deixou o amor de lado

Por Georgia Kirilov em Notícias 03.02.2016

A SFX, empresa do bilionário Robert F. X. Sillerman, declarou falência ontem. A marca agora voltará a ser privada e um novo C.E.O tomará o lugar de Sillerman. A americana é responsável por alguns dos maiores nomes dos festivais de música do mundo como Tomorrowland, Electric Zoo, Mysteryland, Awakenings, Decibel e parte do Rock in Rio. A plataforma Beatport também é parte do conglomerado de Sillerman, que tem seu foco em live events e EDM. De acordo com o departamento de imprensa dos festivais e do Beatport, nada mudou e os negócios continuam como sempre, na esperança de que a SFX consiga se recuperar rapidamente.

O mercado da dance music, segundo o NY Times, movimenta 6.9 bilhões de dólares por ano, então a falência da SFX – a gigante do mercado – levanta a pergunta: como isso aconteceu? Uma resposta simples é que Sillerman quis monetizar e tratar música e toda a experiência que é criada ao redor dessa arte como um negócio, uma ação, como dinheiro. Sem dúvidas o poder monetário do business da dance music é de grandes proporções e existem diversas oportunidades de lucrar sobre a fome inacabável que o mundo inteiro tem por música e seus eventos. Porém, desde a sua criação em 2012 – antes Sillerman tinha a Live Nation, empresa que também focava em live events – a SFX, literalmente, atirou para todos os lados e tentou abraçar o mundo da dance music com festivais ao redor do mundo e plataformas como o Beatport. Parece irônico falar que um homem de negócios do porte de Sillerman esqueceu de algo simples, sentimental e frequentemente ignorado por grandes empresas: o fator do amor.

Veja bem, não estou sendo completamente irracional e contra as grandes corporações que lucram no mundo da música – são elas que fazem os grandes festivais serem tão incríveis como são e dinheiro é o que faz o mundo girar, sabemos disso. O fator do amor é simplesmente aquilo que diferencia festivais independentes dos grandes festivais, labels independentes de grandes gravadoras, etc… Em Julho do ano passado passei um mês e meio viajando pela Europa com a minha melhor amiga. Começamos a viagem no Glastonbury – um dos maiores festivais de música do mundo, criado e organizado pela família Eavis (o festival rola na fazenda deles há 46 anos e recebe mais de 200 mil pessoas por ano) – e terminamos na Tomorrowland, festival que sempre sonhei desde pequena em conhecer. O Glastonbury foi a melhor experiência da minha vida, música fantástica, energia sem igual e um público cheio de amor. Já a Tomorrowland foi especial também. O evento é nitidamente muito bem planejado e apesar de EDM não ser meu estilo, o show em si é impressionante. Surpreendentemente, no final das contas, sai da Tomorrowland com vontade de voltar para o Glastonbury e me perguntando: porque? Amor. A família Eavis entende algo que Sillerman nunca vai entender, toda aquela multidão que gastou uma quantia significativa para estar ali só fez aquilo por amor a música, por amor a experiência que a música traz e nada mais. Portanto, no mundo dos negócios, ações e transações obviamente existe uma explicação lógica e racional para o porque a SFX quebrou – 300 milhões de dólares em dívidas faz parte dessa explicação – porém para nós, music lovers, o motivo é nítido: música pode ser um negócio e ser responsável por girar muito dinheiro, mas no final do dia os que realmente duram na cena, os que criam história, os Eavis dos festivais, são os que criam por amor e nada mais.

A música – e o amor – conecta as pessoas!

Assista ao show de Chet Faker na última edição do Glastonbury

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