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A música conecta

Permitam-me sonhar

Por Alan Medeiros em Baladas 18.08.2015

Eu sei que é cedo e parece um ato de ansiedade da minha parte. Mas 2016 já me causa bons arrepios. É claro que 2015 ainda nem acabou e ainda há muitos frutos para colher e plantar esse ano, mas as minhas expectativas para a cena eletrônica no ano que vem são animadoras.

Para começo de conversa podemos citar a resistência de Santa Catarina a crise nacional. Enquanto o país todo fala em recessão e queda no PIB, os indicadores do estado apontam um crescimento de 1,6% nos postos de trabalho e uma perspectiva de aumento de 1,5% no PIB, ao lado da Bahia, SC é o único estado com expectativa positiva nesse aspecto. Além disso, nosso estado apresenta índices exemplares de disciplina fiscal, o que possibilita manter investimentos do governo em infraestrutura.

Outro ponto bastante positivo é o amadurecimento da cena independente, principalmente se olharmos para o eixo Floripa – Balneário Camboriú. Na capital do estado, a última edição do Injeção Eletrônica, por exemplo, reuniu mais de 5 mil pessoas. Em menor porte, Karuna. Trip to Deep, Sounds in da City e Vibe Showcase agitam a ilha semanalmente com eventos de qualidade, que apresentam bons nomes do cenário regional e até nacional. Em BC a festa Dark Room no At Home está cada vez mais consolidada e o detroitbr já possui uma base de fãs impressionante. Novas opções como a Polyester na Bloc surgem forte, estimulando a concorrência e apresentando novas possibilidades ao público.

Estamos exportando artistas. Esse fator tem sido decisivo e impactante. Sempre tivemos grandes nomes atuando como protagonistas na cena nacional, mas 2015 parece ter acendido a chama da valorização dos pratas da casa junto ao nosso público. Poucas vezes um artista regional foi tão clamado no Warung como Wilian Kraupp. BLANCAh encantou a todos daqui antes de ser capa na pagina principal do Beatport por mais de uma semana e os Terraza’s possuem uma relação especial entre residentes, público e staff, mostrando que para darmos o real valor que os gringos merecem, precisamos olhar primeiro para os que vem de dentro.

Por falar em nossos clubs, eles parecem tem se preparado para a tão falada crise e estão a enfrentando com os pés no chão. Se antes, datas como Páscoa e o feriado de 7 de Setembro registravam duas datas, agora apenas uma é o suficiente. O Warung tem lidado bem com isso. 2015 tem sido um ano em que o club trouxe boa parte de suas estrelas máximas – Dubfire, Carola, Seth Troxler, Dixon, Mano le Tough -, mas também conseguiu apresentar boas estreias, como Mind Against e Henry Saiz por exemplo. O Terraza de Floripa protagonizou o que foi uma das melhores festas do ano até então: Makam assinou uma noite histórica na casa com mais de mil pessoas presentes. Além dele, Carl Craig, Radio Slave e Nic Fanciuli também marcaram presença. Já o El Fortin parece não poupar esforços para seguir construindo um dos públicos mais fieis do estado. Matador e Pleausurekraft estão confirmados para a próxima noite de festa no club e até o fim do ano outras atrações do alto escalão internacional pisarão em Porto Belo, como por exemplo, Sonny Fodera.

Por fim, é necessário indicar um amadurecimento significativo do público que parece ter entendido que existem mil lugares e ocasiões mais interessantes para sair pra pegação. Os eventos de música eletrônica definitivamente não tem esse intuito. Estamos cada vez vendo mais pesquisa de artistas em grupos de redes sociais, o que acaba ajudando muito na construção da atmosfera da cada festa.

E aquela crise que tanto ouvimos falar? Precisamos estudá-la, mas nunca usá-la como desculpa para falta de vontade e perseverança. Quem realmente quer, encontra um meio de fazer acontecer. É na crise que as melhores oportunidades aparecem.

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