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A música conecta

Vintage Culture é um case e tanto para ser estudado

Por Alan Medeiros em DJ's 09.11.2015

A trajetória de sucesso do produtor Lukas Ruiz é digna de palestra nos cursos de Administração das faculdades brasileiras. Mais do que a “pessoa certa na hora certa”, Lukas talvez seja o primeiro case de planejamento para grande massa na música eletrônica nacional. Para entendermos um pouco mais da história desse fenômeno, é necessário olharmos para o passado.

Lukas Ruiz é um autodidata, não surgiu dentro dos principais cursos de produção que o Brasil oferece. Segundo ele mesmo, foram necessário alguns anos para encontrar a linha de som que atualmente representa o projeto Vintage Culture. Se hoje, o deep house com baixos gordos e batidas pensadas para pista é a grande sensação da cena nacional, há algum tempo atrás não era assim.

Vivíamos uma época onde a EDM dava sinais de cansaço e tudo o que o público deseja era ouvir algo mais calmo, “conceitual” e com vocais conhecidos. É aí que surge a primeira grande sacada. O nome Vintage Culture nasceu e se fortificou em um período em que o Soundcloud era um ambiente muito mais povoado e independente. Com esse cenário, eram comuns os famosos bootlegs, edits e remixes não autorizados. Vintage, conseguiu grande visibilidade remixando nomes como Cazuza, Pink Floid, The XX e Phil Collins. São faixas que se somadas, passam facilmente dos 20 milhões de plays, no Soundcloud e YouTube.

Outro fator decisivo para o surgimento de Vintage Culture em um nível nacional foi o “apadrinhamento” de Luiz Sala – o DJ Feio – veterano no mercado brasileiro que com sua influência e experiência garantiu boas gigs ao garoto. Pouca gente lembra mas o relacionamento de Lukas com o Grupo GV não nasceu recentemente. Ele se apresentou na primeira edição do Green Sunshine (label party para as festas diurnas no club catarinense) em 2013. Já a primeira agência profissional a assessorar Vintage Culture foi a Groove Agency, que na época já trabalhava com nomes como The Cool Cats e DeMarzo. Foi através dela que conseguimos a participação de Vintage Culture no Alaplay Podcast, set que até hoje é o recordista de plays no canal.

Em fevereiro de 2014, Vintage Culture entrou para o casting da Entourage, que nesse período já era uma das maiores e mais profissionais agências do país. A partir daí, um grande trabalho de imagem foi feito em cima da marca do artista. Um novo presskit – muito mais profissional – e uma verdadeira equipe de profissionais dedicada a trabalhar dia e noite para o crescimento do DJ e produtor contribuíram muito para que os números – que já eram grandes – aumentassem de forma exponencial. Basta uma rápida passagem pelas redes sociais do DJ para entender do que estamos falando. São 154 mil seguidores no Soundcloud, 445 mil no Facebook e 147 mil no Instagram.

Há um engajamento orgânico invejável em toda publicação de Lukas, mas até chegar a esses resultados, alguns milhares de reais por mês foram depositados na conta de Mark Zuckerberg. A Entourage realizou um grande plano de geração de conteúdo em cima de Vintage Culture. O principal sub-produto do artista é a série “On The Road”, que mostra as viagens e gigs de Lukas pelo Brasil e pelo mundo. Recentemente, foi criado uma conta no Soundcloud chamada “Vintage Culture Gifts”, onde serão postados remixes não autorizados, sets e outros trabalhos em free download.

Vintage Culture deixou de ser um jovem talento nacional para se tornar um superstar, isso tudo em pouco mais de um ano. Atualmente, ele arrasta multidões por onde passa – como headliner colocou mais de 12 mil pessoas no Green Valley em Setembro -, quase entrou no top 100 da DJ MAG sem realizar campanha para a votação e tem seus lançamentos sempre marcando presença no top charts do Beatport.

Como toda marca, Vintage Culture passa pelo “ciclo de vida”. Ainda é cedo para dizer se ele está no crescimento, maturidade ou declínio, mas uma coisa é certa: com uma fórmula tão popular e que tende a ser cada vez mais copiada por outros aventureiros da música eletrônica brasileira, Lukas Ruiz precisará se reinventar em breve, para não descobrir se é verdade que quanto maior o salto, maior a queda. A música conecta as pessoas!

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