Usar uma alcunha espalhafatosa como esta normalmente assinalaria o tipo de ego que infelizmente acompanha muitos artistas, mas no caso de Mic Newman designa uma qualidade bastante adequada para descrever tanto a pessoa quanto a persona deste afável e talentoso australiano. E mesmo este localizador geográfico não serve para definir muito mais que seu local de origem, já que ele também engrossa as volumosas fileiras de artistas heimatlos que povoam Berlim e ainda passa boa parte do tempo por diversas partes do globo, especialmente nas nossas praias.
Um nômade moderno que consegue infundir todas as influências com as quais se depara em suas andanças numa musicalidade tão rica quanto distintiva, sempre atenta à timbragem e às levadas para criar faixas compatíveis tanto com paisagens ensolaradas quanto com pistas enevoadas. Esta é a versatilidade tão presente em seu trabalho, tornando-o algo singularmente flexível a ponto de ser tão adequado para os incansáveis dançarinos de festas bastante diferentes entre si como Gop Tun e ODD, onde ele se apresenta neste sábado (07) ao lado de Funkineven e do já amado time de residentes do coletivo.
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Aqui vamos recuperar alguns dos momentos mais notáveis numa trajetória repleta deles e no interior da qual é difícil não reparar na maturação natural de sua música, seja pelas mudanças ou pelas permanências. Mas, para alguém como ele, estar nesse local indefinido de vai e vem constante é como estar em casa. E quando vemos sua habilidade em criar momentos musicais únicos se espraiar entre sets cuidadosamente construídos e faixas minuciosamente elaboradas, ambos com o mesmo impressionante resultado, vemos que seu pseudônimo tem muito pouco de exagero.
Este é um mix feito para um dos mais canônicos canais de House e derivados do mundo cuja reputação repousa sobre uma impecável curadoria, coligindo nomes que são um verdadeiro panteão do gênero. Além desses elevados parâmetros, o elemento familiar ajuda a tornar tudo ainda mais envolvente, já que aqui se trata de um coletivo de amigos de sua cidade natal.
Um mix que poderia ser comercial a ponto de ser trivial mas que transcende sua própria finalidade e nos leva por uma revigorante excursão pela música de seus conterrâneos, procurando oferecer um panorama dos talentos de Melbourne naquele momento. O resultado é tão fascinante quanto dançante.
Gravado ao vivo num dos bastiões da vívida cena LGBTQ de Berlim, este mix consegue captar parte da energia de uma das pistas mais fervidas da cidade e nos dar uma bela amostra da versatilidade de Mic quando deparado com o público. Se a festa foi uma parcela do que esta gravação insinua, deve ter sido histórica.
Duas oportunidades valiosas para qualquer seletor, já que conferidos por instituições centrais para a consagração de artistas na cena contemporânea. Ambos ele encara com a seriedade e despojamento usuais, provendo momentos de deleite musical para qualquer um minimamente equipado com os órgãos sensoriais adequados e atento àquilo que faz de um seletor um DJ de verdade.
A primeira tentativa norteia o artista tanto quanto o público e aqui ele instaurou todas as promessas que acabou por cumprir e eventualmente superar, oferecendo um belo pedaço inicial daquilo que viria a ser sua marca registrada como artesão de grooves irresistíveis.
Agora lançando por um selo de grande reputação global, especialmente entre os aficionados pelos formatos que a House assume através dos coloridos territórios que ocupa, ele entrega um pacote de faixas surpreendentemente coeso no qual cada uma brilha de um modo distinto e fulgurante. Previsivelmente, quem perdeu a primeira prensagem agora aguarda ansiosamente por uma nova.
Um projeto bastante inesperado até mesmo para seus seguidores mais fervorosos, já que revelou ainda mais facetas de um produtor já conhecido por sua polivalência, Mind Lotion é um viagem densa e intensa por um oceano de possibilidades cromáticas que ele explora com vigor e criatividade inigualáveis. Um álbum para se ouvir inteiro a qualquer momento.
Após um breve hiato no campo das produções, o final deste ano trouxe uma batelada de lançamentos em diversos selos, inclusive no seu próprio Superconscious, e neste retorno ele nos mostra de forma clara e concisa como sua abordagem se adapta a novos tempos sem perder sua essência.
A música conecta.
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