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A música conecta

O Caracal é pop, não pista

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Por Alan Medeiros em Lançamentos 28.09.2015

Na última sexta-feira o Disclosure lançou oficialmente o aguardado álbum Caracal, o segundo da carreira dos irmãos Lawrence que conquistaram o mundo e as paradas de sucesso em 2013 após o lançamento do álbum Settle.

Se agora eles ocupam posição de super stars, na época do lançamento do primeiro disco não era bem assim. Settle pegou muita gente de surpresa, talvez por não haver um trabalho anterior com que as pessoas pudessem comparar a evolução da dupla. O álbum tinha uma levada de house a garage com alto potencial para atingir as pistas e os festivais mais importantes do mundo. Foi um momento de revolução. Os irmãos Lawrence estavam provando que era possível ter um feedback positivo de um público mais antenado e de quem nunca tinha ouvido uma faixa eletrônica na vida também.

De 2013 pra cá o Disclosure emplacou mais 2 EP’s, tocou em diversos lugares do mundo – inclusive no Brasil – e criou uma expectativa singular para Caracal, o álbum que sucederia essa grande explosão. Quando as faixas começaram ser pouco a pouco divulgadas, foi fácil perceber que as influências da dupla estavam ali mas que o lance estava muito mais suave. Nenhuma faixa do Caracal tem uma pegada garage e explosiva como “When a fire starts to burn” – exceto “Bang that” que é muito ruim – mas praticamente todas tem o potencial de se tornar um hit como “Latch”.

Aos que esperavam um álbum que pudesse ser escutado nas madrugadas adentro de clubs, Caracal surge como uma grande decepção. Aos viciados no Spotify, o trabalho é tudo de bom. Produzido com qualidade e seriedade, é nítido de se observar que o duo não queimou etapas. Até mesmo a data de lançamento do novo disco – a dance music domina as paradas de sucesso atualmente – reafirma as características das novas faixas, que são pensadas para a rádio, não para os clubs.

Caracal é pop, não pista. É um álbum que traz parcerias com nomes como Lorde e Sam Smith. Por mais difícil que seja para muita gente aceitar, o Disclosure está muito mais para Calvin Harris do que para um bom produtor de house e garage. Guy e Howard Lawrence querem as paradas de sucesso, eles deixam os clubbers para os remixes, produzidos por nomes como Claptone e Claude VonStroke. Esses sim são DJs, que tocam para pessoas acostumadas com clubs e festivais de música eletrônica.

O lançamento deve representar o começo de uma nova fase para o Disclosure, que deixa um pensamento confuso no ar. Eles estão se distanciando da cultura clubber em uma época em que as barreiras da dance music e do pop praticamente inexistem. Com Caracal, o Disclsoure confirma mais um imponente trabalho. Bem produzido mas sem nenhum grande diferencial do que já existe por aí.

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