Como definir um artista que consegue absorver tão bem a influência da cultura de outros países em sua música? Sango enxergou no funk carioca a oportunidade para fazer história. Americano de Seatle, ele mais parece um menino criado no morro quando se dedica a produzir seus beats com samples de funk que integram os álbuns “Da Rocinha“. Essa semana ele lançou o 3º volume desse trabalho, que mais uma vez traz uma enxurrada de faixas inspiradoras.
Produzindo música desde 12 anos, é natural que se observe uma evolução nos trabalhos de Sango. Mas dessa vez realmente foi especial. Apesar do “Da Rocinha 3” ter uma identidade que se assemelha com os dois trabalhos que o antecedem, parece que há uma ambientação especial aqui, o que deixa esse álbum em especial com muito mais alma. O produtor não nega suas influências de base. Ele cresceu na costa leste dos Estados Unidos, portanto há muito de rap e hip-hop em sua música. Além disso, Sango mesmo define seu som como R&B e busca na diversidade de ritmos de outros países – como o Brasil por exemplo – o elemento chave para tornar sua obra singular.
Para o “Da Rocinha 3”, Sango produziu 19 faixas, 7 delas com participações, que incluem nomes como Mc Nem, Mc Delanno e Faktiss & Chris McClenney. É um álbum que foge absolutamente das cenas house e techno que estamos acostumados a falar por aqui e são faixas que dificilmente vamos dançar em uma pista dos clubs brasileiros, mas ainda assim é um release que merece ser ouvido na íntegra, com calma. Por trazer tamanha beleza, intensidade e delicadeza em seus beats, é possível dizer que Sango conseguiu contar ao menos um pouco o cotidiano das favelas cariocas, mesmo que isso tenha sido sem querer. A música conecta as pessoas!
“Da Rocinha 3 é sobre como manter as raízes do funk verdadeiro e prestar uma homenagem aos que ajudaram a criá-lo. Quero respeitar e mostrar a Rocinha de uma maneira positiva com esse trabalho, permanecendo fiel ao meu som”
Em tempo: Sango também é designer e desenha todas as capas de seus lançamentos 🙂