Alguns profissionais quando alcançam o topo em suas carreiras tendem a ter uma queda de rendimento. Esse com certeza não é o caso de Marcello V.O.R. Com mais de 20 anos de carreira o produtor segue se reinventando e contribuindo com trabalhos sólidos para o mercado nacional. Atualmente ele está a frente da Zero Eleven Music, uma das gravadoras mais fortes do Brasil, e também gerencia um programa de rádio em um canal londrino, somente com convidados brasileiros. Ele disponibilizou para o Alaplay Podcast um mix novinho, gravado na noite Moving do D-EDGE e também conversou com nossa equipe em um bate papo bem cabeça. Se liga aí que 20 anos de estrada são pra poucos.
1 – Olá, Marcello. Muito obrigado por falar conosco. Ano passado você completou 20 anos de carreira. Em que ponto tudo começou e como tem sido essa caminhada?
Foi uma longa jornada ate aqui. De festas de 15 anos, matines, programas em rádio FM a clubes renomados e grandes festivais europeus e brasileiros. Já passei por diversas cenas. Já vi muitos hypes se criarem e desaparecerem, núcleos chegam, núcleos vão, mas só os sérios sobrevivem. Pessoas que eram frequentadoras assíduas e que de repente sumiram da cena, pessoas que você reencontra 15 anos depois, numa fase completamente diferente. Foram tantas emoções (risos).. Me considero uma pessoa de sorte por poder ter vivido essas cenas diferentes, fazendo o que amo, que é produzir e tocar musica eletrônica, fazendo amigos pelo brasil e pelo mundo, que dividem a mesma paixão pela musica. São essas experiencias que nos definem como pessoa.
2 – Você chegou a morar em Londres onde cursou Engenharia de Áudio no SAE Institute. De que forma isso contribuiu para o amadurecimento de sua carreira?
O conhecimento que adquiri no SAE, levo para a vida toda. Com certeza foi algo que abriu muito a minha mente e me ajuda no dia a dia de produções e gigs. Além disso, a oportunidade de estar em Londres, que é um grande polo da música eletrônica, com ótimos clubs, festas, produtores, DJs de todo o mundo, e poder vivenciar uma cena diferente da nossa, com pessoas de outras culturas e passados totalmente distintos, mas que estão sob o mesmo teto pelo mesmo amor a musica, é com certeza algo muito enriquecedor.
3 – Você já lançou por diversas labels nacionais e gringas. Teve algum lançamento ou track que você considera um ponto de virada na sua carreira?
Acho que a musica Gabe & Marcello V.O.R. – Funky Zeit, que saiu primeiro numa coletânea compilada e mixada pelo Gui Boratto e depois relançada em um EP, com remixes de Yousef, pela extinta Renaissance, da Inglaterra, foi um divisor de águas. Alem de ter sido escolhida para a coletânea pelo Gui, que foi uma honra, a versão original foi uma das nossas tracks relançadas mais vezes.
4 – Vamos falar um pouco a respeito de sua parceria com o Gabe no Velkro. Como o projeto surgiu e o que vem pela frente?
Surgiu em 2008, fizemos uma serie de musicas nessa época sob este alias, depois disso, continuamos lançando como Gabe & Marcello V.O.R. e de uns 2 anos pra cá voltamos a lançar como Velkro. Devido a agenda muito corrida dos dois as vezes fica difícil conciliarmos, mas podem esperar boas novidades, como um EP de remixes da Diva que sairá pelo nosso selo Zero Eleven Music nos próximos meses.
5 – Você é um dos nomes por trás da Zero Eleven Music. Conte um pouco como estão os trabalhos por lá e quais são os próximos releases?
Somos quatro sócios no selo, alem de mim, tem o Gabe, o Thomaz Krauze e o Fractal System, nosso mais novo sócio. Temos lançado artistas que acreditamos bastante, alem de nossas pro prias produções. Recentemente iniciamos uma serie de free downloads em nosso Soundcloud, que tem tido um ótimo feedback, sendo também um bom canal para soltar um material mais fresh. Temos engatilhado lançamentos de nomes como Hotspot & Komaroff, Tough Art, Petrix, Bruno Furlan, Chemical Surf, Gioc… enfim, tem muita coisa boa para sair.
6 – Quais equipamentos e softwares você utiliza em seu estúdio?
Trabalho com Logic Pro em rewire com Ableton Live. No momento estou sem estúdio, então tenho trabalho mais com headphones em casa, e faço o mix e a master em outros lugares.
7 – Essa é uma pergunta que muitas vezes pode parecer repetitiva mas é interessante sabermos. Quais são as suas principais influências?
Alguns nomes que marcaram o começo da minha carreira e ainda me influenciam no eletrônico são Todd Terry e Masters at Work. Em casa gosto muito de escutar jazz e blues.
8 – Você participa de um programa na rádio londrina bloop. Conta pra gente como surgiu esse convite e como tem sido seu trabalho por lá.
O convite surgiu atraves do Dimitri Nakov, que ja fazia um programa la e me indicou a eles. Fiquei feliz pela oportunidade de criar esse canal de comunicação em radio novamente. O programa é focado 100% em musica brasileira e conta sempre com um produtor convidado, que faz um set, normalmente autoral, nos últimos 40 ou 50 minutos do show. Já passaram por la nomes como Gabe, Andre Gazolla, Lucas Arr e Angelo Fracalanza, tocando suas mais recentes produções. Na primeira parte do show, toco o material novo que recebo dos artistas, futuros e recentes lançamentos dos principais selos nacionais, sempre dando informações sobre as musicas. É uma boa vitrine para mostrar ao mundo o que temos de melhor por aqui. O feedback tem sido bem legal, com bastante gente esperando pelo show, estou bem feliz com o resultado.
9 – Para encerrar uma pergunta que sempre gosto de fazer. O que a música eletrônica representa em sua vida?
Trabalho com a musica eletrônica há 21 anos, ela não representa, mas sim, define a minha vida. É o que amo fazer, enquanto tiver saúde, estarei produzindo, tocando, ouvindo, curtindo ou apreciando. É uma forma unica de expressão artística.