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A música conecta

Alataj entrevista Anetha

Por Alan Medeiros em Entrevistas 14.02.2019

5 anos de carreira foram suficientes para transforma Anetha em uma das mais interessantes artistas da atual geração techno internacional. Oriunda da sempre efervescente cena parisiense, esta talentosa DJ e produtora bebeu direto da fonte referências bases para construção da nossa dance music e soube muito bem interpretá-las a sua maneira.

Dona de um perfil sonoro intenso, preciso e dinâmico, Anetha é dona de DJ sets e produções de caráter hipnótico, elementos acids e grooves forte – é válido destacar que ela também se aventura por uma pesquisa musical mais antiga, principalmente com faixas da década de 90. Sempre que sobe ao palco, sua grande missão enquanto DJ parece ser construir uma jornada pulsante para o público que a acompanha e isso faz de sua presença de palco algo realmente especial.

Fora das pistas, Anetha é a responsável pelo selo Blocaus Series, que assinou até aqui 6 lançamentos com faixas de nomes como KAS:ST, AWB, Peter Van Hoesen e I Hate Models. A gravadora foi descontinuada para dar lugar a um novo label que será lançado nos próximos meses. Este e outros assuntos foram comentados na entrevista a seguir, que acompanha sua primeira passagem pelo Brasil, com gig confirmada sábado na tradicional noite Mothership do DEDGE:

Alataj: Olá, Anetha! Tudo bem? Obrigado por falar conosco. Percebo que sua construção musical é bem focada em fazer as pessoas dançarem. É possível dizer que este é o seu grande objetivo enquanto DJ e produtora?

Olá, estou ótima, obrigada. Realmente feliz por vir ao Brasil pela primeira vez!

Fazer as pessoas dançarem é, de fato, meu principal objetivo quando estou atrás dos decks. É o meu principal objetivo, pois este é o motivo pelo qual as pessoas estão indo me ver… ou qualquer outro DJ. Então, sempre tento adaptar meu set para o público e observar como a pista e a energia estão respondendo a cada faixa.

Também gosto muito de dançar enquanto toco. Dependendo do quanto eu danço, você pode perceber o quanto estou aproveitando o set e a energia [risos].

Você possui um relacionamento especial com a cena de Paris, certo? Na sua visão, o que a cidade tem de melhor e pior quando o assunto é música eletrônica?

Se olharmos para a cena eletrônica em Paris nos últimos 6 anos, tem sido uma jornada incrível. É claro que tivemos alguns clubes históricos, mas agora temos muitos coletivos que organizam festas todo fim de semana, nos clubes, nos armazéns, nos bares – e um público cada vez mais experiente. É realmente impressionante e estou feliz por ter evoluído em um ambiente tão diversificado e enérgico.

Recentemente, também fiquei sabendo que tocarei em abril para um dos maiores festivais da cidade (Weather Festival), que está finalmente de volta, após 2 anos, mais forte e ainda mais inteligente, sabendo perfeitamente o que eles querem fazer. É um sinal muito positivo para a nossa cena e estou mais do que feliz por fazer parte disso.

A cena de música eletrônica na França é super tradicional e historicamente muito importante para dance music global. Quais são seus principais ídolos dentro do país? De uma forma geral, como você enxerga o relacionamento do público jovem com o techno?

Você está certo, a música e a dança sempre foram uma parte importante da nossa cultura e é definitivamente verdade quando você olha para a nova geração. Claro, há altos e baixos (como em qualquer outro lugar), mas eu acho que conseguimos transmitir a energia e o gosto pela música eletrônica para o público mais jovem, que está ficando cada vez maior a cada dia, e tem mais energia do que nunca. O público francês é um dos melhores!

Quanto aos meus ídolos franceses, tenho um grande respeito por Laurent Garnier e Daft Punk em relação à música eletrônica. Na minha infância, também ouvi muito Serge Gainsbourg e Alain Bashung por causa dos meus pais.

Pra mim você representa muito bem uma nova geração de produtores de techno: versátil, inteligente e intensa. Como você se enxerga posicionada neste cenário?

Obrigada pela gentileza! Coisas diversas é claramente o que mais gosto de fazer. Estou realmente tentando o meu melhor para encontrar um equilíbrio entre energia, vibração, old school, techno, trance, acid, EBM, IDM, etc… e colocar isso em conjunto de forma harmônica.

Isso é verdade até mesmo no meu dia a dia e vida de DJ. Ainda estou tentando fazer alguma arquitetura, pintar, produzir diversos tipos de música, em diferentes estilos, sozinha ou em colaborações, lançar um novo selo, fazer videoclipes… também penso em um live [risos]. Monotonia é chato.

Ryan James Ford, Spencer Parker e Antigone estão entre os nomes que já colaboraram com você através de remixes. Como você enxerga sua arte sendo revisitada por outras pessoas?

Adoro isso, claro, tanto quanto eu gosto de fazer remixes e trabalhar nas faixas que eu gosto, produzidas por artistas que eu respeito. Tenho sorte por ter esses remixers e é muito divertido ser confrontado com outra visão para os elementos que você cria para produzir uma faixa. Na minha nova gravadora, estou focando em outra forma de revisitar a colaboração, trabalhando em algumas faixas produzidas b2b com artistas incríveis. Misturar nosso universo é muito divertido e interessante, principalmente para o fim de criar algo definitivamente único.

O que você pode nos contar sobre seu relacionamento com a Blocaus Series? Quais são os highlights do trabalho junto ao label até aqui?

Blocaus Series foi um primeiro passo muito importante para mim. Lançamos 6 discos com grandes artistas e foi ótimo. Agora estou focando no próximo passo, um novo selo que vou lançar nos próximos meses. Desta vez, vou fazer tudo sozinha: escolher os artistas, colaborar com eles nos lançamentos e fazer a arte. Gosto de ser totalmente criativa e ter novos projetos e objetivos toda hora.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A grande questão [risos]. É claramente uma grande parte de mim, desde o começo, já que os meus pais ouviam muito new wave e música eletrônica. Comecei a aprender a mixar com 16 anos e tornou-se algo maior para mim desde então. Estou fazendo isso “profissionalmente” há 5 anos e tem sido uma jornada incrível. Amo a música porque ela está sempre evoluindo e você tem uma para cada humor. Até se eu olhar para as minhas produções, é um lado importante da minha vida e estou sempre pensando no que farei, ouvirei e produzirei a seguir… é como refletir quem você é e quem você está se tornando. Também amo a música pelo seu poder de união. Não há nada como dançar em um set com um club cheio ou festival dançando com você. Então, sim, música é algo grande para mim, e se para você não é, não tente se tornar um DJ.

A música conecta.

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