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A música conecta

Alataj entrevista catz n’ dogz

Por Alan Medeiros em Entrevistas 24.05.2018

É um tanto quanto tentandor, mas nós não vamos cair na tentação de construir um texto que descreva o trabalho da dupla polonesa catz n’ dogz brincando com seu nome artística. Amigos de infância, Grzegorz Demianczuk e Wojciech Taranczuk estão juntos desde 2003 e além dos palcos também dividem o comando da Pets Recordings, gravadora que ajudou a definir o estilo que hoje consagra o projeto mundialmente. Ouça alguns dos lançamentos do label abaixo:

Entre indicações e premiações em publicações respeitadas como Resident Advisor, DJ MAG, Mixmag e WMC Awards, Grzegorz e Wojciech construíram uma história na música eletrônica guiada por performances. Nesses 15 anos de estrada, eles já passaram por diferentes pistas ao redor do globo, acompanharam de pertinho o desenvolvimento da cena house e techno e conseguiram criar uma linguagem própria dentro desse meio. Alguns de seus releases mais emblemáticos como Rave History, Good Touch e Try to Be confirmam isso. Os remixes também fazem parte dessa jornada, já que o catálogo dos polonses conta com reinterpretações para nomes do calibre de Marlena Shaw, Claptone, Thomas Schumacher, Bicep e Disclosure.

Nesse bate-papo exclusivo, falamos sobre alguns dos principais pontos que ajudaram a construir o patamar que o duo se encontra hoje, incluindo o trabalho com a Pets, cena eletrônica na Polônia, presença nos principais festivais do mundo, remixes, collabs e muito mais. Confira:

Alataj: Olá, Grzegorz e Wojciech! É um prazer falar com vocês! O processo criativo em dupla é algo bastante particular e em muitos casos fruto de uma intensa experimentação. Como isso tem funcionado pra vocês?

catz n’ dogz: Igualmente! Nós adoramos trabalhar juntos e vemos o trabalho em dupla no estúdio como uma enorme vantagem. Poder refletir as ideias um com o outro, feedback sobre as visões um do outro e depois juntar tudo é fantástico. É claro que há momentos de desentendimentos, mas isso torna todo o processo mais interessante à medida que aprendemos um com o outro e continuamos desenvolvendo os melhores sons.

Pets Recordings tem lançado uma leva grande de ótimos produtores. Como funciona o processo de curadoria do selo? O que vocês estão mirando para 2018?

Obrigado! Nós fundamos a Pets como um escape para as músicas que amamos e artistas que respeitamos, uma plataforma para jovens produtores que os ajudem a ter suas músicas ouvidas. Nós mesmos fazemos o A&R e o nosso ethos principal é muito simples: nós lançamos apenas músicas que gostamos, músicas que falam, músicas que nos deixam animados, que fazem nosso coração bater mais rápido. Não focamos em assinar produtores que “vendem”, mas sim lançar músicas desconhecidas para um público mais amplo, para mostrar aos amantes do selo algo novo além das tendências e da moda atual. No entanto, claro que temos alguns grandes nomes como Maceo Plex, Eats Everything e KiNK ao lado de outros muito underground como Jacek Sienkiewicz ou Jay Shepheard. É tudo sobre o equilíbrio saudável, assim como na própria vida.

Sobre a cena eletrônica da Polônia, o que vocês podem nos contar a respeito?

A cena polonesa está prosperando no momento. Há muitos festivais grandes que incluem incríveis bandas internacionais indies, pop stars como Depeche Mode ou Bjork à festivais de música eletrônica que trazem todo mundo, desde Richie Hawtin até nomes mais underground como Tornado Wallace.

A cena clubber está crescendo e cada cidade grande tem pelo menos 1-2 locais que trazem artistas internacionais praticamente todo fim de semana. Nós também investimos muito na cena e retornamos com a 3ª edição da nossa própria marca de festival, WOODED, desta vez em nossa cidade natal, Estetino.

catz n dogz é um nome frequente no circuito dos principais festivais do mundo. De uma forma geral, é possível dizer que vocês se sente mais confortáveis tocando para grandes multidões?

Mais uma vez, é tudo sobre o equilíbrio. Amamos tocar para grandes multidões, pode ser desafiador, você precisa realmente preparar uma seleção de músicas certa para agradar grandes multidões. Quando você tem uma boa reação da pista, de milhares de frequentadores, é simplesmente incrível e te mantém animado por semanas. Mas adoramos tocar em eventos mais intimistas, em clubes para 200-300 pessoas, onde entregamos uma experiência musical muito diferente do festival. Nós podemos experimentar mais gêneros, maior profundidade. É engraçado porque, às vezes, tocar em um ambiente intimista pode ser mais desafiador, já que o público espera mais de você.

Basic Color Theory Remixed foi lançado com releituras de nomes como Claude VonStroke, Jamie Jones, Maurice Fulton e Anja Schneider. O que representa pra vocês ter esses artistas trabalhando em suas faixas?

Trabalhar nesse projeto foi fantástico. A ideia de um álbum de remixes veio naturalmente e entramos em contato com produtores que gostamos muito e respeitamos e, felizmente, todos eles concordaram em refazer nosso trabalho. Os resultados foram impressionantes. É sempre muito interessante ver o que outra pessoa tem para adicionar/alterar no seu trabalho. Também lançamos o EP RMXD na Pets, com novos remixes de Roman Flügel, Pional, DJ Steaw, Steve Lawler e Jonathan Kaspar.

Ano passado vocês tiveram a chance de remixar Marlena Shaw em Woman Of The Ghetto. Como surgiu a ideia de trabalhar essa faixa e como se desenvolveu o processo criativo?

Nós amamos a faixa original e seu incrível vocal, por sorte conseguimos a licença para lançar nossa versão como um remix oficial. A ideia era muito parecida com muitos projetos anteriores: nós amamos a faixa e pensamos e se nós a remixassemos… o resto é história. Foi uma faixa forte no verão passado que ainda está recebendo muito amor.

Vocês recentemente passaram por mais uma tour pelo Brasil, certo? Quais são as melhores memórias que vocês carregam daqui? 

O Brasil ocupa um lugar muito especial em nossos corações. A energia do povo brasileiro é única e sempre amamos voltar. Já fazia um tempo desde a nossa última visita, por isso estávamos muito animados para as nossas duas gigs. É difícil escolher apenas uma memória, há muitas! Tudo o que queremos é que as pessoas dancem e estejam felizes enquanto tocamos.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Por mais comum que pareça: a música é como ar para nós. Nós vivemos e respiramos música. Sempre foi nossa paixão, que se transformou em uma carreira e nos levou a ser as pessoas que somos agora. Somos gratos todos os dias pela sorte que temos em fazer o que amamos: produzir música e tocá-la para um grande público.

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