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A música conecta

Como a Levels se tornou referência em apenas 1 ano de existência no Rio Grande do Sul

Por Alan Medeiros em Entrevistas 25.08.2015

No próximo dia 12 de Setembro, Porto Alegre recebe um evento que certamente será um divisor de águas na cena da capital gaúcha. A festa Levels traz pela primeira vez a capital do estado o argentino Barem, um dos principais nomes do gênero no mundo e artista integrante da Minus, label de Richie Hawtin. Conversamos com Felipe Johann, um dos sócios fundadores da marca que nos revelou detalhes de como a Levels nasceu, quais foram as principais dificuldades até aqui e o que eles estão mirando para o futuro. O resultado desse bate papo você confere na entrevista abaixo.

1 – Felipe, em primeiro lugar muito obrigado por falar conosco. Vamos começar a conversa falando um pouco sobre o início da Levels. Como foram os primeiros eventos e o que mudou até aqui?

A Levels começou como uma ideia de 5 amigos, todos de diferentes ramos, backgrounds e até cidades, mas com um interesse em comum, a música eletrônica. Todos os anos acabávamos combinando viagens para irmos juntos até o Warung, Tribaltech, D-Edge, que são grandes referências para nós, e também porque somos de uma época em que a música eletrônica era muito desenvolvida e estava em plena evolução na região metropolitana em Porto Alegre, depois de algum tempo essa cena foi se perdendo, e nós ficamos meio órfãos. Então a solução era viajar para ter a chance de ver DJs e grandes nomes que admirávamos. Nossos finais de semana eram quase sempre no interior para ir em festas que tinham mais a ver com o que gostávamos.

Em uma dessas viagens, estávamos voltando de uma das noites de carnaval do Warung quando falamos sobre o assunto de fazer uma festa em Porto Alegre onde a música fosse a protagonista, mas que não se deixasse de lado uma estrutura e serviço de primeira. Foi quando surgiu a Levels, que começou como uma Sunset na beira do Rio Guaíba, em uma marina que tem uma vista digna de um cartão postal de Porto Alegre. Lembro que na primeira edição recebemos o apoio de muitas pessoas, inclusive produtores de diversos outros eventos que viram na Levels um sopro de novidade, em uma ideia que parecia louca e arriscada, mas que deu certo. Foi muito legal ver tribos bem diferentes juntas pela música, afinal essa foi nossa motivação desde o início.

2 – A cena do Rio Grande do Sul é uma das mais fortes do Brasil, principalmente se olharmos para projetos que nasceram de forma independente. Como você enxerga o mercado local hoje em dia e quais são os próximos passos dessa caminhada?

Acho que a cena no Rio Grande do Sul passou por um processo atípico, pois ela começou há muitos anos atrás, com um movimento muito forte na capital, que depois se espalhou para as cidades do interior, aonde iniciaram projetos incríveis que se desenvolveram muito ao longo dos anos, enquanto a cena da capital por algum motivo foi morrendo, com apenas alguns projetos de resistência. O principal problema disso é um hiato cultural que se forma, já que as novas gerações da capital não tinham um club ou uma grande festa de referência para ir e escutar uma música mais conceitual. Grande parte conheceu o mercado através de festivais de EDM e grandes clubs que tocavam o estilo, mas pararam por ali… Por isso acho que temos muito a agradecer a projetos do interior, que mantiveram essa cultura sempre acesa, chamando tanta atenção que tornaram uma ida até Caxias do Sul, por exemplo, algo comum entre os porto-alegrenses. Acho que estamos em um momento ótimo, pois as pessoas estão buscando novas sonoridades e novas experiências, o grande desafio da Levels é ser uma festa com tamanho suficiente para ser um chamariz para novos públicos, para que então mais pessoas possam ter contato com artistas cada vez melhores, e assim a música se difunda cada vez mais.

3 – Entre todas as festas que a Levels já organizou existe alguma que vocês consideram especial ou todas tem a mesma importância na história da marca?

Acho que a mais especial sempre é a próxima festa, pois estamos em um processo de constante evolução, e queremos continuar assim. Somos uma festa nova, de apenas um ano, e trabalhamos com recursos limitados, então temos que ir devagar para garantir a vida do projeto, porém nem nós imaginávamos que com um ano estaríamos trazendo para Porto Alegre uma atração como Barem, que é um de nossos artistas favoritos. Em compensação a primeira festa sempre vai ter um lugar especial nos nossos corações, já que foi quando vimos o potencial que poderíamos atingir, quando vimos o apoio de tantas pessoas, tantos amigos juntos naquela pista ao som do HNQO, foi uma adrenalina e um sentimento de dever cumprido incrível, mas principalmente um sentimento de agradecimento, pois muitas pessoas foram essenciais para que o projeto desse certo.

4 – Quais são as principais dificuldades na hora da produção do evento e como vocês as encaram?

Produzir um evento não é uma tarefa fácil, principalmente se você quer se envolver em todas as etapas do processo. Além disso buscamos fazer um atendimento bem pessoal, e fazemos o possível para atender nossos clientes com agilidade, então isso significa estar conectado 24h. Além disso a cada evento aprendemos mais coisas, é impossível agradar a todos, mas fazemos o que achamos que é certo para o projeto.

5 – A próxima festa de vocês é um sunset que traz o argentino Barem como headliner. Quais são as expectativas para esse evento e o que o público pode esperar de novidades?

Trazer Barem para Porto Alegre é algo que nos anima muito! Estamos buscando trazer atrações inéditas para a nossa cidade, e poder trazer uma atração internacional deste calibre é algo que nos deixa muito feliz. Ainda assim existem muitas atrações nacionais que pretendemos trazer para a Levels, por isso lançamos um novo produto, que vai ser lançado dia 28 de agosto na Sense em Novo Hamburgo, a Levels Club, uma noite itinerante dentro de clubs do nosso estado aonde temos a chance de levar a atmosfera da Levels para outras cidades e lugares, tudo isso sempre valorizando também os nossos talentos locais, já que com mais eventos poderemos difundir ainda mais a cultura da música eletrônica. Aliás essa é uma grande preocupação da Levels, a valorização de nossos talentos e difusão da cultura. Por isso estamos preparando algumas boas ideias para um futuro próximo. A cada edição buscamos contemplar núcleos e DJs diferentes em nossos lines, sem favoritismos e “panelinhas”. Além disso não temos uma linha de som fixa, gostamos da riqueza que a diversidade proporciona.

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