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A música conecta

Alataj entrevista Daniel Bochner

Por Alan Medeiros em Entrevistas 06.06.2018

Daniel Bochner é mais um jovem brasileiro a despontar no cenário techno com autoridade. Natural do Rio de Janeiro, Daniel bebeu da eferverscência criativa que tanto se fala na Cidade Maravilhosa para iniciar seus trabalhos ligados a música. A vontade de crescer o levou até Nova Iorque, aonde aprimorou seus conhecimentos na renomada escola Dubspot.

De volta ao Brasil, Bochner intensificou suas experimentações no estúdio e hoje começa a colher os frutos de uma jornada marcada por persistência e dedicação. Seu EP Dark Era, lançado pela gravadora Playoff, alcançou suportes de nomes como Joseph Capriati, Cristian Varela e Marco Carola. Paralelamente a isso, o release ficou alguma semanas entre os 100 lançamentos mais vendidos de techno no Beatport.

A nosso convite, Daniel Bochner debuta no Alaplay e faz as honras da casa com absoluta destreza. Junto ao set, você acompanha um breve bate-papo em torno de alguns dos pontos mais importantes de sua recente, porém promissora carreira. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Daniel! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Seu primeiro contato com a música foi tocando baixo, certo? De alguma maneira isso ajuda em sua atual rotina de produção?

É um prazer estar aqui no Alataj, muito obrigado pela oportunidade. Quanto ao meu primeiro contato com a música, a ideia era aprender guitarra, mas na sala ao lado estava tendo uma aula de contrabaixo, e quando ouvi aquele som desisti da guitarra e me matriculei imediatamente na aula de baixo. Comecei aprendendo os clássicos do rock na escala pentatônica. Com muita dedicação, consegui aprender em pouco tempo a maioria das musicas do Iron Maiden, minha maior referencia na época. Essa experiência me ajuda muito hoje em dia, por eu já ter conhecimento das escalas, notas musicais e ritmo.

Rio de Janeiro e Nova Iorque parecem ser duas cidades que exerceram um papel importante em sua formação musical. De que forma a cultura de cada um desses lugares impactou seu perfil sonoro?

O Rio de Janeiro é muito rico culturalmente, há festas grandes bombando há décadas. Meu primeiro contato foi com 14 anos, justamente em uma dessas grandes festas. Naquele momento senti que iniciaria um grande vínculo com a música eletrônica. Em Nova York, tive a oportunidade de conhecer novas sonoridades e artistas, exercendo uma grande influência na minha forma de ver a música eletrônica. Por exemplo, um artista que vem ao Brasil apenas uma vez por ano, lá toca todos os finais de semana. Assim pude ver com frequência os artistas que admiro.

Dubspot é uma referência mundial no estudo de áudio. Conta pra gente como foi sua experiência na escola e de que forma isso te deixou mais preparado para produção musical?

Comecei autodidata, com o sonho de desenvolver minhas próprias faixas. Sempre soube do grande desafio à frente. Após muito tempo vendo aulas no Youtube e tentando sozinho, decidi buscar mais conhecimento na Loop Escola de Som, no Rio de Janeiro, onde fiz um ótimo networking. Continuei estudando e, sabendo que seria um caminho difícil, decidi procurar novas culturas e me aprofundar. Eu tinha certeza de que era o que eu queria. A Dubspot foi um divisor de águas, porque além de ser um curso em que aprendi técnicas importantíssimas, abriu muito meus olhos para o mundo da produção musical. Ter aulas com o professor Abe Duque, foi um dos destaques. Ele é uma lenda do techno mundial, principalmente nos anos 90-00. Durante esse período, comecei a finalizar minhas primeiras músicas, algo que representa um grande impulso na carreira de qualquer produtor.

Dark Era surpreende muita gente ao conquistar o top 4 de techno no Beatport. Como foi o processo de produção desse EP? É possível dizer que ele representa exatamente sua personalidade artística atualmente?

Atingiu o top 2 na verdade. O processo de produção foi muito natural. Há algum tempo venho dedicando muitas horas diárias ao meu estúdio, sempre tento refletir na música meu sentimento, e também o que gostaria de ouvir se estivesse em alguma pista de dança. Normalmente começo as tracks pelas baterias, mas no EP Dark Era comecei pelos synths, que são bastante agressivos e hipnóticos. Quem me conhece sabe que esse é o meu estilo em quase tudo o que faço [risos]. Esse EP representa minha personalidade artística desde sempre.

Após Dark Era, quais são seus próximos lançamentos programados? Pra qual caminho seu trabalho no estúdio tem se direcionado neste momento?

Tenho um single agendado para sair em breve pelo portal Phouse, além de releases agendados em gravadoras renomadas como Frequenza e Gain Records, que já lançaram nomes como Teenage Mutants e Ash Roy. Minhas produções têm sido ecléticas, mas sempre com essa pegada Daniel Bochner.

A decisão de se dedicar plenamente a música eletrônica é uma tarefa bastante complicada, principalmente quando há a possibilidade seguir uma carreira “normal”. Como foi esse processo pra você?

No começo era um hobby que eu já gostaria que virasse uma profissão. Tenho muita sorte porque meus pais me apoiaram desde o início, mas mesmo assim continuo superando obstáculos, pois o caminho é difícil e competitivo. Acredito que o cenário nacional do techno está em uma ótima ascensão e cada vez mais consolidado no mercado. Há clubs enraizados por todo o país e a todo momento surgem novos eventos e festivais undergrounds. Me mantenho sempre muito confiante em busca do meu espaço.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Desde criança fui apaixonado por música. Acho incrível sua capacidade de mudar nosso humor rapidamente. Além de ter grande impacto na maneira como fazemos nossas tarefas. Poder me conectar com as pessoas através dela é, com certeza, um privilégio. À família Alataj, agradeço de coração essa oportunidade.

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