Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista DBeat

Por Alan Medeiros em Entrevistas 12.11.2018

A cena eletrônica global tem passado por uma série de transformações ao longo dos últimos anos e muito disso se deve a forma como o público clama por suas atrações. Já há algum tempo o digger, aquela figura capaz de apresentar pérola atrás de pérola frente a uma pista de dança, perdeu força para os produtores. Isso significa que embora a figura do DJ passe por um processo de intensa valorização, o que a grande maioria quer ouvir mesmo são as faixas que escutam em casa, no carro, nas reuniões de amigos.

No Brasil, alguns nomes tem trabalhado forte no fortalecimento deste primeiro perfil comentado no parágrafo anterioro. Renato Truculo aka DBeat, por exemplo, é um dos atuais expoentes da dance music no Rio Grande do Sul justamente por trabalhar uma pesquisa musical afiada e se mostrar apto para encarar diferentes tipos de eventos em horários distintos. Focando sua carreira 100% na discotecagem até o momento, Renato se transformou em um dos principais nomes do warm up nacional, mas suas habilidades vão muito além disso.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e área interna

Uma prova do grande momento que DBeat está vivendo são suas residências na Levels, festa itinerante de Porto Alegre, e no Cultive, club de Garibaldi que a cada nova temporada tem visto sua reputação crescer. Neste sábado, Truculo é uma das atrações da maior edição da Infusion até aqui, celebrando este momento especial frente a cena gaúcha. A nosso convite, ele falou sobre alguns dos principais pontos de sua carreira. Confira:

Alataj: Olá, Renato! Tudo bem? 2018 certamente é um dos anos mais especiais da sua carreira por aqui, não é mesmo? O que você destacaria como as principais conquistas dessa temporada que já vai caminhando para o seu fim?

DBeat: E aí! Tudo ótimo! 2018 realmente está sendo o melhor ano, nesses quase 11 dedicados à música eletrônica. Entre tantas coisas legais que aconteceram, realizar o sonho de tocar no D-EDGE, em São Paulo e, ser convidado pra ser um dos residentes da Levels, sem dúvida foram as minhas grandes conquistas. E o mais importante, tudo aconteceu na hora certa. Só tenho que agradecer por tudo o que conquistei nesse ano.

Apesar de não ser um produtor musical, você já recebeu alguns suportes importantes na carreira, principalmente por conta de sets na posição de warm up. O que esse tipo reconhecimento significa pra você?

Ter recebido suportes de nomes tão importantes como Amine Edge, Aninha e da Carol da Levels foram um combustível pra poder continuar trabalhando e de certa forma, a confirmação do que eu apostei e me dediquei nesses últimos anos. Fazer um bom warm up e com identidade é tão trabalhoso quanto produzir a própria música e, toda vez que recebo um elogio, seja de um grande artista ou do público, sinto que cheguei onde queria chegar.

Percebo que em 2018 sua carreira passou a ter uma projeção nacional, além da excelente reputação regional já conquistada. É possível dizer que ampliar esse panorama é uma das suas prioridades para 2019?

Sou ambicioso! Quando comecei a me destacar pelos meus warm ups sempre tive vários feedbacks de artistas de todo o país quanto a necessidade de se ter bons DJs para preencher esse slot nos line ups e é justamente nisso que vou apostar no próximo ano. Além disso, estou estruturando meu estúdio para colocar em prática algumas ideias e quem sabe lançar algo até o meio de 2019.

Paralelamente a carreira de DJ, você também possui uma série de trabalhos importantes no design gráfico – muitos deles ligados ao universo da música eletrônica. Como é possível conciliar duas carreiras de alto nível que exigem tamanha preparação?

Confesso que não nada fácil essa conciliação, afinal de contas, ambas dependem de criatividade, tempo e muita energia, mas a experiência que adquiri nesses anos tocando e paralelamente trabalhando em agências me deram uma base sólida pra poder administrar tudo. Hoje trabalho por conta própria em um home studio, tenho um cronograma bem regrado e reservo 1 ou 2 dias da semana só pra música. Dessa forma mantenho o equilíbrio entre tudo. Cansa, mas é gratificante! [risos]

O Rio Grande do Sul sempre foi um estado muito admirado pelo calor de seu público. Você, um perito nas pistas do estado, destacaria quais aspectos e características do dancefloor gaúcho?

O público do RS sempre teve uma relação intensa com a música eletrônica com polos bem fortes disseminando a música por várias partes do estado e isso foi conservando e “contaminando” as novas gerações com essa tradição. Sempre vejo o público fiel junto com o que está se renovando, novas labels surgindo, novos clubs e muitos deles, idealizados por pessoas que até então estavam na pista. Acho que é isso que faz com que o público aqui seja tão animado e receptivo, é algo que faz parte da nossa essência.

https://www.instagram.com/p/BnpFkFoDW_3/

Desde o começo da sua carreira até aqui, quais foram os principais medos e anseios que você precisou superar para se manter ativo neste cenário?

Trabalhar com música e sobreviver dela é um privilégio de poucos no Brasil. Minha família sempre me apoiou no começo, mas investir dinheiro e dedicar anos à música e mesmo assim fracassar é algo que me preocupava, porém sempre acreditei em mim e mesmo com todas as adversidades que qualquer DJ encontrava há quase 11 anos atrás eu nunca desisti. Passo a passo, ano a ano fui, conquistando meu espaço e cada vez sonhando mais alto. Hoje quando olho pra trás, percebo que conquistei coisas que nem imaginava e isso é gratificante. Ainda tenho meus medos, como qualquer profissional que precisa se manter no cenário, porém, acredito que não cheguei até aqui por acaso e uso da mesma estratégia que usei lá no começo: passo a passo, uma conquista de cada vez e assim vou escrevendo minha história.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Foi a música que me levou até aqui, me fez ser um profissional respeitado, me traz sustendo e me dá tantas alegrias. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa a não ser fazer o que eu faço. E como eu sempre digo, music is the answer! Valeu Alataj!

A MÚSICA CONECTA.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024