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A música conecta

Alataj entrevista De La Swing

Por Alan Medeiros em Entrevistas 23.07.2018

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De la Swing é a alcunha artística do DJ e produtor espanhol Domingo Bellot. Envolvido com a música eletrônica desde os 16 anos, sua jornada teve um inicio fortemente influenciado pelas cenas drum & bass e techno, dois movimentos borbulhantes na Europa naquele período. O tempo voou e Domingo passou de um jovem entusiasmado com a cena eletrônica para posição de um dos principais artistas espanhóis do cenário house/techno da atualidade. Essa jornada não foi simples e fácil, mas certamente muito prazerosa.

Boa parte do reconhecimento a nível nacional e internacional é devido ao seu trabalho como residente da festa espanhola Elrow. Em tal posição desde 2010, De la Swing desenvolveu um perfil sonoro em constante mutação. Seus sets são marcados por uma postura de palco divertida e principalmente pela profundidade musical apresentada – essa com um pé em diferentes movimentos musicais de diferentes períodos em intersecção com a música eletrônica.

No estúdio, Domingo também conquistou resultados expressivos. Além de lançamentos com a Elrow Records, seu catálogo é formado por bons releases em labels do calibre de Noexcusue Records, Material, Kaluki Music, Cr2 Records e Lapsus Music. Seu último EP, Face To Face, acaba de ser lançado pela própria Elrow com remix do produtor Shaf Huse e confirma uma visão privilegiada da pista por parte de De la Swing. Aproveitamos o momento para um bate-papo exclusivo com ele:

Alataj: Olá, Domingo! Tudo bem? Obrigado por nos receber. Como uma criança/adolescente dos anos 80/90, como foi seu relacionamento com a dance music durante toda sua juventude? Quando exatamente que a dance music te pegou de jeito?

Olá! Tive a sorte de crescer em um bom momento para a música eletrônica, com Chemical Brothers, Fatboy Slim ou Daft Punk no topo a todo momento. Embora isso possa surpreendê-los, o estilo que realmente me pegou foi drum n’ bass, no final dos anos 90 e início dos anos 2000, no movimento rave. Ainda lembro de todo esse momento da minha vida e se tivesse que escolher uma trilha sonora, seria DJ Marky & XRS feat Stamina MC – LK (Original Mix).

Logo no começo de sua bia, você cita sua habilidade em se conectar com a multidão quando está frente as decks. É possível dizer que criar uma relação genuína com a pista é uma de suas prioridades enquanto DJ?

Minha bio foi escrita por um grande amigo meu, que também é crítico musical e jornalista. Ele destacou essa virtude ou capacidade que eu tenho, porque ele acha que em cada set eu tenho uma conexão especial com o público, que eu sempre tento fazer com que eles sintam as estrelas. E eu defendo fortemente que a conexão é um dos aspectos mais importantes a ser levado em conta quando se está tocando.

Elrow Music cresceu e se tornou muito conhecida nos últimos anos. O que você pode nos contar sobre o trabalho desenvolvido com o selo e as festas até aqui? Quais foram as principais dificuldades superadas pelo caminho? Por quê as pessoas amam tanto o conceito Elrow?

Há quatro anos, tive a chance de assumir o controle da Elrow Music e não foi um caminho fácil, embora tivesse o nome de uma das marcas de entretenimento mais importantes e fortes da indústria eletrônica. Eu não tinha muita experiência com gravadoras e tive que aprender todo o funcionamento. Uma das tarefas mais difíceis foi conseguir assinar música de produtores reconhecidos e colocar a gravadora no mesmo nível que a marca. Hoje somos uma equipe de cinco pessoas trabalhando diariamente em um projeto bastante interessante. A chegada de Agustín Arbol (Baum) como A&R e meu braço direito foi um passo muito importante para levar o selo para um next level.

A Espanha, como um todo, tem uma tradição muito forte na cena tech house. Como você avalia o atual momento deste cenário no país? Quais são seus DJs e produtores espanhois preferidos neste momento?

Estou muito orgulhoso em poder dizer que a Espanha está, hoje em dia, contando com um grande número dos melhores produtores dentro do tech house. Ao lado do techno, é o estilo mais consumido pelos espanhóis. Acho que o modo de viver do nosso país, assim como Ibiza, tem muito a ver com esse movimento. Eu diria que nós, os latinos, temos mais sentimentos em relação ao tech house do que outros estilos, e há muitos produtores locais aparecendo em minhas playlists, nomes como Paco Osuna, Chus & Ceballos, Mendo, Cuartero, Wade, Miguel Bastida, Hector Couto, Baum, CAAL e George Privatti.

Desde o ano passado a Elrow tem entrado com bastante força no Brasil. Estrategicamente falando, como você e a crew enxergam o cenário brasileiro? Há alguma particularidade especial com as festas que acontecem aqui?

O Brasil sempre esteve nos objetivos da Elrow, porque somos um show com os atributos adequados para o público brasileiro se sentir identificado, também sentir como as estrelas do show. Eu tive a oportunidade de ver isso na última edição do Kaballah Festival. Acho que o cenário brasileiro é forte, consolidado e tem muito respeito por outros países. Tenho certeza que estaremos no Brasil por muito tempo, começando com o sucesso que tivemos no Laroc e Kaballah Festival.

https://www.facebook.com/larocclub/videos/2002342993123463/

Você acumula experiências em Ibiza já há algum tempo e certamente acompanhou parte do crescimento e evolução da música eletrônica por lá. Como você avalia as recentes transformações que a ilha vem passando?

Tive a chance de viver na vida noturna de Ibiza por muitos anos e ver sua evolução. Embora eu tenha que dizer que perdi a melhor época da ilha por causa da minha idade, não posso falar de uma evolução que não acompanhei, mas posso falar sobre as mudanças que vi nos últimos 15 anos, onde foi de festas boas com um conceito definido para festas chatas em que tudo girava em torno dos DJs super stars. Com todo o respeito, eu gosto do nosso conceito de festa e foi um momento que influenciou muito na minha carreira e som, mas agora eu preciso daquele adicional, que é colocar mais conteúdo para o público se sentir parte do show. Esse é o motivo da Elrow ter feito tanto sucesso nos últimos anos, e é o caminho que a ilha está seguindo com as novas festas e evolução das outras.

Um bom DJ de tech house tem a possibilidade de flertar com o house em momentos mais alegres e vibrantes e com o techno em situações mais intensas e obscuras. Como você tem misturado esses dois estilos em seus sets? Qual sua linha de raciocínio para construção de uma boa apresentação?

A house music tem sido e será uma ferramenta fundamental para criar uma boa apresentação e um bom artista nunca deixará os grandes clássicos para trás. Eles fizeram parte através de sua história, então mixar house com techno de uma maneira inteligente sempre será correto, seja como uma acapella ou incorporando melodias… que sempre despertarão os sentimentos do público. Eu particularmente gosto de fazer sets mais ecléticos, com ingredientes retirados de diferentes estilos musicais, mas também gosto de construir sets mais fixos quando sinto que o público ou o club precisam.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Pra mim, a música é simplesmente uma linguagem universal e representa a capacidade de transmitir sentimentos sem termos que falar.

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