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A música conecta

Design explícito. Um pouco mais do excelente trabalho da Pornographitti

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Por Alan Medeiros em Entrevistas 17.09.2015

O trabalho de um bom designer por trás das marcas de música eletrônica deixou de ser um diferencial há muito tempo para se tornar uma obrigação a quem quer levar a sério qualquer projeto no segmento. No Brasil ainda existem poucos estúdios e agências especializadas no trabalho de criação de materiais para o nosso mercado mas uma marca vem ganhando muito destaque nos últimos nos. Estamos falando da Pornographitti, um estúdio paranaense com um trabalho de ponta, responsável por identidades de nomes como Victor Ruiz, Culture, Playperview e Viloet. Abaixo, você confere um pouco mais da história da marca e alguns trabalhos também, através de uma conversa muito legal com Caio D’Andréa, o nome por trás do estúdio

1 – Olá, Caio! É um prazer falar com você. Vamos começar falando da sua formação profissional, cursou alguma faculdade? Possui alguma especialização para a área do entretenimento ou tudo é uma grande vocação?

Olá Alan! Muito obrigado pelo convite. É uma honra contar um pouquinho de minha trajetória aqui no Alataj. Sou publicitário pela Faculdade Pitágoras Londrina e pós graduado em Fotografia pela Universidade Estadual de Londrina. Quanto ao meu envolvimento com a indústria do entretenimento creio ser algo natural, pois comecei a sair e consumir música eletrônica com 14 anos. Costumo brincar que hoje, com 28 anos, passei metade de minha vida na noite.

2 – Essa pergunta você já deve ter ouvido inúmeras e incontáveis vezes. Por que Pornographitti? De onde surgiu o nome?

Eu adoro essa pergunta! Pornographitti Design Explícito é um manifesto. Diariamente somos bombardeados por milhares de estímulos e é necessário Impacto para nos abduzir da rotina e captar nossa atenção. A Pornographitti crê nisso e busca acrescentar este ingrediente em tudo que faz. Assim sendo, apenas aqueles que acreditam em nossa linguagem e partilham de nossos valores procuram por nossos serviços.
Já a origem da palavra é musical. Existe um álbum de uma banda chamada Extreme cujo nome é Pornograffitti. Sou apaixonado pela sonoridade e pelo paradoxo que a palavra representa. É a mistura de algo intimo como o pornô e público como o graffitti.
Existe também uma terceira interpretação: Pôr no Graphitti. Isto é: Transformar conceitos em imagens.
Pornographitti passa por tudo, menos despercebida.

3 – Você é sem dúvida alguma, uma das referências do design para a música eletrônica no Brasil. Qual foi seu primeiro trabalho na área e como você avalia sua evolução até hoje?

Obrigado pela gentileza, Alan. Em meados de 2012 estava afastado de meus serviços por conta de uma lesão. Foi quando Romulo Pierotti (do núcleo Culture Management) me pediu para fazer a comunicação de uma festa que estavam produzindo. Mesmo ainda me recuperando aceitei o serviço pois necessitava de dinheiro. Começava assim minha carreira de designer freelance.
Muito mudou daquele tempo quando fazia design enfurnado em meu quarto. Hoje percebo um amadurecimento na metodologia e maior sinergia com os clientes e fornecedores. O que não muda é minha vontade de fazer cócegas no cérebro alheio.

4 – Essa parte da entrevista é bem importante. Fale um pouco mais sobre seus clientes e identidades que desenvolveu nos últimos anos. A recém mencionada Culture, que foi o projeto que me inseriu no universo da e-music e que frutificou muito ao longo destes três anos, gerando uma gravadora (Culturemusic) e a Con.C.E.P.T. (Convenção de Cultura Eletrônica Produção e Tecnologia), um evento educativo em parceria com a Yellow DJ Academy.

Fazer as capas da Playperview sempre é desafiador. Deixo a música título no repeat até sentir como ela deseja ser representada. Então procuro referências do material escolhido e vou “lapidando” até chegar próximo ao real.

Victor Ruiz AV Any Mello é interessante pois trabalho diretamente com a Any, que é artista visual, então há sempre muita troca de figurinhas.

A identidade da funQe para a tour do Doorly no Brasil foi certamente a mais “orgânica” de todas as identidades criadas pelo estúdio.

Foi bacana também ter a oportunidade de redesenhar a identidade da Smile, a festa pioneira em cultura eletrônica em minha cidade (Londrina – PR).

Violet nos deu a oportunidade de ousar personificando a Any Mello e a Jessica Tribst em duas bonecas Barbie. Foi uma odisseia do começo ao fim. Já procurou uma Barbie ruiva? Cara, como é difícil achar. E para encontrar uma banheira em miniatura convincente? Nossa! Acho que passei a conhecer todas as lojas de brinquedos de Londrina. Depois ainda teve o corte de cabelo e o ensaio. Para fazer as bolhas de sabão foi total improviso: peguei uma bomba de chimarrão e ficava soprando dentro de uma mistura de água e detergente. Uma loucura!

Para fazer a comunicação da White Movement, a maior festa do branco do Mato Grosso, construímos o logo do evento com 1800 cristais tchecos. Sair do conforto de estar na frente do computador é interessante pois por mais que nos organizamos, sempre há espaço para o improviso.

A identidade do Victor Ruiz tem uma história singular. Havia feito um logo que tinha “batido na trave”, então durante uma reunião por Skype eu abri o compartilhamento de tela e junto com o Victor e a Any começamos à mexer no projeto até chegar naquilo que é. Foi uma espécie de “live” design.

Victor Ruiz – 200k Cover Art (Making Of) from Pornographitti on Vimeo.

5 – Parece clichê perguntar isso, mas é uma pergunta que sempre gera respostas interessantes. Quem são suas grandes influências no campo do design gráfico?

A maior de todas as influências é sem dúvida o gravurista M. C. Escher. No âmbito das artes há também Victor Vasarely, Akiyoshi Kitaoka, Luiz Sacilotto, Dali, Magritte e Bansky. No design gráfico certamente são Stefan Sagmeister e André Stolarsky.

6 – O que você costuma ouvir quando está de boa em casa? A música eletrônica é um de seus estilos preferidos ou apenas job?

Música eletrônica é um de meus estilos prediletos e é tão vasto que passo grande parte de meu tempo transitando entre vertentes. Mas também ouço muito MPB, Rock e Hip-Hop. Atualmente os nomes mais presentes em minhas playlists são Gotan Project, Chinese Man, Pedra Branca, Gorillaz e Nicolas Jaar. Hibridismo, tanto sonoro quanto visual me cativa.

7 – Para encerrar, fale um pouco sobre os planos e novidades para o futuro da Pornographitti.

No momento trabalhamos no próximo lançamento da Playperview: Maax – Flight 8. O Rolldabeetz tocou ela na última London Club e foi uma ótima surpresa quando soube que faríamos a capa. Há também um projeto que concluímos recentemente e estamos super ansiosos para o lançamento: um live curitibano chamado Veber que ainda dará muito o que falar. Outro cliente que mostra um super potencial é o rhr.

Fora da esfera da música estamos flertando com a moda. É incrível ver outro mercado que acredita na linguagem da Pornographitti e é simultaneamente muito excitante desbravar novas fronteiras.

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