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A música conecta

Alataj entrevista Dino Lenny

Por Laura Marcon em Entrevistas 21.11.2019

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Ele é DJ, cantor, produtor e fundador da gravadora Fine Human Records. Mais do que isso, ele cresceu profissionalmente se apresentando nos maiores clubes europeus como Space, Amnesia, The Egg, Ministry of Sound e tantos outros, além de ser reconhecido por remixar Underworld, Missy Elliot e Timbaland e colaborar com artistas como Scissor Sisters e Madonna.

Dino Lenny possui um currículo pesado no mundo da música e não para por aí! O artista assinou três EPs com a Ellum, gravadora de Maceo Plex, colaborou com outras labels de peso como Crosstown Rebels, Cocoon, Dynamic e já trabalhou ao lado de Seth Troxler, ARTBAT e DixonToda essa versatilidade musical se resume em um artista que, em suas palavras “gosta de música no geral” e que “precisa se divertir”, caso contrário, nada faz sentido. 

Dino iniciou sua carreira nos anos 90 na Itália, trabalhando como DJ em uma rádio em uma pequena cidade do sul da Itália, Cassino. Mas foi na Inglaterra que viu sua carreira despontar e o transformar na figura requisitada e respeitada que é hoje. O Alataj teve o prazer de recebê-lo para uma entrevista e o resultado é a certeza de que ele merece todo o reconhecimento pelo seu trabalho. Vale a leitura!

Alataj: Olá, Dino! Tudo bem? Obrigado por falar conosco. A cena italiana possui uma larga tradição em revelar grandes artistas de techno e você com certeza é um deles. Qual é a sua análise com relação ao background que a cena da Itália proporcionou para o desenvolvimento inicial?

Dino Lenny: Estou bem, obrigado por perguntar! Não me considero um artista de techno, mas sim uma pessoa que gosta de música no geral, com uma preferência pessoal por música eletrônica. Italianos são muito criativos e realmente apaixonados pelas suas músicas. Acho que nosso movimento eletrônico é mais confiante e tende a ser mais criativo e inovativo agora, pois há alguns anos costumávamos olhar outros países como referência. Ainda assim, sempre fizemos o nosso trabalho, uma vez era italo disco e agora temos italo-electro-techno.

Há menos pressão na indústria no geral, então temos mais tempo para procurar por talentos. Muitos talentos italianos estão pensando assim também.

Você inicia sua carreira de DJ trabalhando em uma rádio, certo? Em quais aspectos essa experiência foi importante para a sua carreira como um todo?

Um dia, me aproximei de uma rádio local na minha cidade natal, Cassino. Eu só queria me envolver e aprender o máximo possível. Nunca pensei que iria terminar gravando ou até mesmo cantando. É realmente louco. Estar envolvido com artistas como WuTang Clan, Madonna, The Housemartins, Inxs, etc., mostra que crenças e bons momentos podem levá-lo a lugares que você nunca sonhou. Fiquei feliz em trabalhar para uma estação de rádio. Na Itália, temos o ditado “o apetite vem com a comida”. Sinto como se fosse o primeiro dia.

Ellum, Crosstown Rebels, Cocoon. A lista de grandes gravadoras que você já colaborou é bastante expressiva. Pessoalmente e profissionalmente, o que representa pra você trabalhar junto essas marcas e seus profissionais?

Profissionalmente também devo mencionar Diynamic, que tem um ótimo setup. Obviamente é ótimo, mas comecei a produzir discos no começo dos anos 90, então muitas gravadoras boas estavam conectadas, estou acostumado com pessoas que sabem o que estão fazendo. Sou Anglo-italiano, mas no que diz respeito aos negócios meu lado inglês emerge bastante. Estou sempre ligado e gosto de ser organizado. Quando faço música, meu outro lado aparece e eu deixo rolar, às vezes muito, mas como sempre digo – eu preciso me divertir, caso contrário, fico entediado, você simplesmente não pode se cansar de música.

A cena eletrônica do Reino Unido é, historicamente, uma das mais tradicionais do mundo. O que ela te proporcionou de mais valioso após o seu retorno no fim dos anos 90?

Desembarcar em um país com uma indústria da música completa foi um sonho nos anos 90, como uma criança em uma loja de doces. Nem pensei que as pessoas se importariam com Dino Lenny se mudando para Londres. Tive um grande disco chamado Cocaine. Acho que foi tocado algumas vezes, fui bem recebido. Foi o momento de dar um passo importante. Funcionou muito bem, eu sou um cara de sorte.

Você é um cara que carrega a essência real de um DJ, acostumado a tocar durante horas sets dinâmicos e envolventes. Na sua opinião, o que separa um bom DJ dos demais? Atualmente, como você busca evoluir sua discotecagem?

Acho que você precisa tocar como se estivesse na pista de dança. Escolha faixas que realmente te deixam animado e não porque sabe que terá uma reação previsível. Gosto do imprevisível. Há muitos DJs por aí e muitos deles agradam verdadeiramente o público. Não tem absolutamente nada de errado nisso, porém se todos nós tocamos as mesmas coisas, há um grande desperdício de variedade e é uma vergonha, pois existe muita música boa. Alguns produtores merecem mais atenção.

Quando terminar meus sets, quero estar orgulhoso do meu trabalho e merecer a confiança que me foi dada. Às vezes mais, às vezes menos, mas sempre quero fazer meu próprio som. Tenho 50 anos e, quando saio de um club, ouço alguém dizer: ‘O que aquele Dino Lenny tocou?’ ‘Coisas estranhas’, prefiro do que ‘Uau, adorei o set dele, toco essas músicas também’.

Fine Human, sua gravadora, possui quase 20 releases lançados até o momento. Quais foram os principais aprendizados obtidos no trabalho junto ao selo de 2014 até aqui?

Verdade, é um processo de aprendizado. O tempo não mente.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música salvou a minha vida.

A música conecta.

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