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A música conecta

Alataj entrevista Dyed Soundorom

Por Alan Medeiros em Entrevistas 01.03.2019

Participar de uma jornada formada por uma dupla ou trio no cenário eletrônico tem suas vantagens. A soma de talento, network e influências pode ser considerada uma das principais. Entretanto, é válido destacar o lado mais humano disso tudo, já que dessa forma é possível dividir momentos de solidão (viagens, estúdio, etc) com amigos e parceiros de vida.

Ainda assim, o espírito individualista pode falar mais alto e para que essa balança fique equilibrada, é saudável que DJs e produtores que são parte de projetos de sucesso nesse formato, tenham momentos de carreira dedicados inteiramente para si. No caso do DJ e produtor francês Dyed Soundorom, 1/3 do consagrado Apollonia, isso é uma realidade que já se aplica a anos. Dyed construiu uma marca de absoluto sucesso ao lado de Shonky e Dan, mas ainda assim prioriza algumas partes do ano para fazer suas próprias turnês, como essa que chega ao Brasil neste fim de semana.

Após uma série de gigs no Warung tocando ao lado de seus parceiros de cabine e estúdio, Soundorom promete trazer sua visão particular em torno da dance music para uma apresentação especial no Garden, segunda-feira de Carnaval. A noite será assinada pela Brunch In The Park, uma das melhores festas da Europa na atualidade, e ainda contará com Albuquerque e Seth Troxler no comando do soundsystem da pista. No embalo desta importante gig, falamos com ele:

Alataj: Olá, Dyed! Tudo bem? Obrigado por falar conosco. Começamos por essa sua nova tour pelo Brasil. Qual o sentimento em poder retornar ao Brasil, dessa vez tocando no Carnaval?

Dyed Soundorom: Tudo bem, obrigado! Estou realmente animado para essa tour. Já estive no Brasil muitas vezes, mas nunca tive a oportunidade de vir durante o carnaval, você acredita?! Eu não poderia ter imaginado algo melhor para o meu retorno. Mesmo que eu tenha visto todas as fotos, posso imaginar que o carnaval é um momento muito louco.

Você possui uma residência de longa data no DC10, um dos expoentes máximos da noite de Ibiza. Quais foram os principais aprendizados que você obteve junto a marca ao longo dessa jornada? O que você considera essencial para que a parceria entre artista e club realmente funcione?

Minha relação com o DC10 é longa, 20 anos agora. Conheci a pista do club em 1999 como clubber e voltei todos os anos desde então. Comecei a residência em 2010, o que foi um passo importante. O DC10 sempre permitiu que eu me expressasse do jeito que quisesse. É um esforço, trabalho em equipe baseado em confiança, apreciação mútua e um bom soundsystem – um dos melhores do mundo. Aprendi bastante tocando lá. Como residente que toca regularmente, você tem que se reinventar constantemente e manter as coisas atualizadas.

Ainda sobre Apollonia, acho interessante falarmos sobre construção de set. Existe uma fórmula para que as apresentações do trio apresentem uma certa coerência ou a resposta está apenas no feeling?

Nos conhecemos há mais 20 anos e estamos tocando juntos desde que consigo me lembrar. Então, naturalmente, há um sentimento forte que nos conecta através da música que amamos e tocamos. Não existe fórmula, nunca preparamos nossos sets, é tudo sobre o feeling. A única regra que temos é que sempre começamos pelo Dan, depois Shonky e então, eu. O que acontece depois disso depende dos mistérios do universo.

Como você tem organizado sua agenda para dedicar tempo ao estúdio nas últimas temporadas?

Mesmo que eu esteja muito ocupado, não vai ter uma semana que vai passar sem eu ir ao estúdio. Às vezes, eu gostaria de tirar dois meses de folga, mas estou me divertindo tanto na estrada que fica muito difícil parar e me dar um tempo.

Seu remix para The Playmaker segue soando contemporâneo mesmo após quase uma década do lançamento oficial. O que você pode nos contar a respeito do processo criativo? O que motivou você a topar o desafio de remixar a faixa original?

Obrigado, fico feliz que vocês ainda gostam dele. Anthea e Alex Celler são grandes amigos meus, então fazia sentido fazermos algo juntos. Adorei o original e houve alguns samples que me inspiraram. Com esses pontos de partida, ficou fácil ter uma visão clara do que eu queria fazer e tudo fluiu naturalmente a partir daí.

Tsuba, Adult Only, Crosstown Rebels, Real Tone e Wolf+Lamb estão entre os labels que já receberam faixas suas. O que você considera indispensável para trabalhar um lançamento em uma gravadora?

O processo fica mais fácil quando você já tem uma relação pessoal com o dono do selo. Todos esses selos são comandados por pessoas que são grandes amigos. Para cada lançamento, foi simplesmente o caso de enviar minha música a eles no momento certo, quando pareceu o a ideia adequada para mim.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Bom, música é tudo para mim. É uma forma de me expressar e, mais do que isso, a música conecta as pessoas umas às outras, o que é algo muito especial.

A música conecta.

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