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A música conecta

Uma vida movida pela música. Conheça a história de Ed is Dead em entrevista exclusiva!

Por Alan Medeiros em Entrevistas 15.03.2017

Ed is Dead é a alcunha artística do talentoso DJ, produtor e compositor espanhol Ed Ostos. Ed é o tipo de artista que tem uma vida inteira dedicada a música, algo semelhante a uma grande paixão. Para o espanhol, trabalhar com arte não era uma opção e sim o único caminho a seguir. Para alcançar seu objetivo, ele teve de lutar muito e hoje fica claro que tudo valeu a pena.

Durante algum tempo, Ed desenvolveu trabalhos fora da música eletrônica e posteriormente, colaborou com artistas relacionados a dance music também. Tal experiência, rendeu a ele bagagem suficiente para flertar com diferentes estilos – algo que é bem impactante em sua música. Além disso, Ed também pode aprender técnicas distintas, pois a versatilidade de seu background musical é fruto de colaborações com nomes como Alex Som, The Warriors, Marta Sanchez, DJ Nano e Ariadna Castellanos, artista indicada ao Grammy pelo álbum produzido em parceria com Ostos.

A nossa admiração pelo trabalho de Ed is Dead, ficou ainda maior após as sensatas respostas para sua entrevista exclusiva ao Alataj. O convite para a pauta surgiu após a confirmação de Ed no Alaplay Podcast (mix que você confere amanhã em nossa página do FB). Encontre um lugar confortável por aí que o bate-papo que vem a seguir é dos bons:

1- Olá, Ed is Dead! Obrigado por nos atender. Seu background musical é proveniente da música acústica, certo? Como o domínio de alguns instrumentos tem colaborado no seu avanço dentro da música eletrônica?

É uma pergunta difícil, acho que mais do que tocar instrumentos, é a influência para fazer músicas, na forma tradicional que a palavra é usada para significar. Claro que tocar instrumentos me ajuda muito (especialmente percussão se nós falamos sobre música eletrônica) mas para mim é essencial ter o conceito de “música” na minha cabeça, na forma de transmitir algo, contar uma história, emocionar as pessoas, não apenas combinar sons ou loops, e infelizmente, às vezes, eu acho que nos esquecemos disso na música eletrônica.

2 – Fale um pouco a respeito das bandas que você trabalhou e se possível, indique seu trabalho preferido fora da música eletrônica…

Meu trabalho favorito ainda está por vir, mas um dos últimos, uma colaboração que eu fiz com uma pianista de flamenco/jazz (Ariadna Castellanos, indicada no Grammy) provavelmente foi um dos maiores desafios que já enfrentei. Nós fizemos um álbum ano passado chamado “muzik” (Universal Music 2016) e lá, tentamos misturar produção eletrônica contemporânea (não só sobre os drop loops) com as estruturas e harmonias do flamenco e jazz. Escrevemos música em 12/8 ¾, 7/8… Assinaturas que infelizmente não estão muito presentes hoje na música eletrônica.

3 – Certamente há uma diferença pontual no processo criativo de bandas e de um produtor que trabalha de forma individual no estúdio. Qual formato te agrada mais?

Cada um tem seu lado bom e ruim, mas eu sempre pensei que três cérebros funcionam melhor do que um, e se eu olhar para trás, para os meus álbuns favoritos de todos os tempos (mesmo se nós falarmos de artistas “solo”, como Michael Jackson, ou Stevie Wonder) eles eram cercados por uma equipe incrível. Na minha humilde opinião, esse é um dos erros da música eletrônica contemporânea, nós pensamos que podemos fazer tudo e muitos dos produtores “bedroom studio” (como eu no passado) ficam acostumados a fazer tudo por conta própria, sozinhos. Então eu acho que é sempre enriquecedor colaborar com outros artistas.

4 – Sabemos que essa pergunta muitas vezes soa repetitiva, mas nós gostaríamos de saber quais são suas principais referências dentro e fora da dance music.

Difícil essa… Começando fora da dance music, acho que todas bandas de rock e grunge dos anos 90, de Nirvana para Pantera, Refused, Helmet, Tool, Quens of the Stoned Age, grupos como estes fazem uma grande marca d’agua em mim. Também, todos os lançamentos incríveis de “warp”, de Plaid para Aphex Twin, e com certeza os grandes como Prodigy, Chemical, Orbital. Recentemente James Blake, Jamie XX ou Gesaffelstein. Se falarmos da dance music, eu costumava adorar acid house no começo dos anos 90, então fiquei por dentro do Gabba e Happy Hardcore (nomes como Charly Lownoise & Mental Theo, Gizmo, The Prophet) e então, encontrei Drum n Bass. Depois disso, Trentemoller, artistas como Nathan Fake ou James Holden também, e nos últimos anos trabalhos de Stephan Bodzin, Alex Niggeman, Rodriguez Jr ou Monte estão sempre nas minhas DJ sessions.

5 – Na sua visão, quais são as principais diferenças na construção do álbum Change, lançado em 2016 e do EP Daydreaming, que chegou as plataformas digitais em Fevereiro?

Change foi meu álbum de estreia como um artista solo. Eu estava fazendo música desde 2000 em outras formações eletrônicas (EBO, Baselab, Void Camp) ou sendo ghost producer para outros artistas. Então Change foi de diversas maneiras, meu ponto de partida para “fazer o que eu quero”, não gosto de fixar em apenas um gênero de música, no álbum há muitos sabores, como amo diferentes tipos de músicas, do deep para drum n bass, do trip hop para tech house. Não me importo sobre como parece ser, apenas sobre o que estou dizendo.

Daydreamin EP foi o primeiro lançamento do meu novo label Idioteque e neste, eu tentei fazer as coisas soarem mais “old school”, tentei um disco da orquestra Unknown Mortal e consegui aquele riff de guitarra “dirty”. A maioria das coisas da faixa são amostras (aqui vai um segredo: o kick da bateria foi “roubado” de Detroit Swindle, uma formação de house que eu realmente adoro!). A faixa vai em 110bpm, então é um pouco relaxante e um pouco “funkyhouse”, com a colaboração incrível de Miryam Latrece cantando com um pouco do sabor da bossa brasileira.

6 – Atualmente, qual é o seu set up para apresentações no formato live?

Bom, eu vim de um background acústico, então eu respeito todos os tipos de apresentações em live, mas eu não gosto de entrar no palco e só apertar um par de botões. Então no meu live set up, trago mais músicos (maioria das vezes um baterista e vocalistas…) e também toco bateria eletrônica, guitarra, baixo e teclado durante o concerto. Claro, muitas outras coisas eletrônicas, como Tr8, MPC, Maschine, Sintetizadores e Weird FX…

Preciso ter a sensação de que tudo pode dar errado, quando você toca com seus amigos e juntos vocês fazem tudo correr bem, a sensação é indescritível, isso para mim é um live set, não apenas apertar play em um notebook.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas tocando instrumentos musicais, pessoas no palco, show e noite

7 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Tudo. Neste momento é o meu jeito de viver, é a primeira coisa que eu faço de manhã e na maioria das vezes (nem sempre) a última da noite. Eu fico o dia inteiro no estúdio, é uma espécie de obsessão, porque quanto mais eu sei, mais eu percebo quão longe estou e quão grande é a música.

A imagem pode conter: 1 pessoa, tocando um instrumento musical, no palco e atividades ao ar livre

Agora eu tenho um estúdio, eu trabalho para muitos artistas e eu toco ao redor do mundo, mas no passado não era tão fácil, vim de uma família humilde e tive que trabalhar em muitos trabalhos absurdos para chegar aqui, mesmo assim, a música sempre foi a primeira coisa em minha mente. Muito obrigado por essa ótima entrevista!

Nós que agradecemos, Ed. 
A música conecta as pessoas!

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