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A música conecta

Alataj Invites | Edit Select tem usado a experiência em prol da construção de seu som

Por Alan Medeiros em Entrevistas 07.03.2018

Tony Scott também é conhecido no universo musical como Edit Select. Sob tal alias ele vem trabalhando em alto nível desde 2007 e paralelamente, comanda um label com o mesmo nome. Sua música é marcada pela quebra de padrões e por uma estética de qualidade e atemporal. Seu rótulo, Edit Select Records, já conta com lançamentos de nomes como Mike Parker, Dino Sabatini, Terence Fixmer, DaDub e SNTS e é um reflexo de sua busca incessante pelo novo.

Ao longo de sua caminhada na dance music, Tony produziu música sob vários pseudônimos, mas foi com sua mais recente escolha que ele encontrou um ponto forte. O perfeccionismo que Scott encara todas as suas atividades também chama a atenção e isso fica em evidência nos seus últimos lançamentos e apresentações. A nosso convite, Edit Select respondeu algumas perguntas e montou uma playlist exclusiva para o nosso Spotify. Confira:

Obs: Tony escolheu 20 músicas para playlist mas somente 7 delas estavam no Spotify.

Alataj: Olá, Tony! Obrigado por nos atender. Sua última passagem pelo Brasil rendeu alguns comentários bem interessantes. Como foi essa experiência? Qual sua visão sobre o público brasileiro nesse momento?

Edit Select: Obrigado por me convidarem, é uma honra falar sobre o Brasil já que tem sido um dos meus lugares favoritos para visitar desde que eu era mais jovem. A principal coisa que percebi foi a organização da festa e as pessoas que participaram eram extremamente espertas. Elas sabiam exatamente o que queriam e cabia a mim satisfazer suas expectativas… o que espero que eu tenha feito.

Como DJ e produtor ativo desde os anos 90, certamente você possui uma visão privilegiada sobre o crescimento da dance music nas últimas décadas. Pra você, como foi analisar o movimento que tirou house/techno do profundo underground e o colocou a disposição de milhares de pessoas em palcos de grandes festivais e super clubs?

De fato, já testemunhei muita mudança desde então, mas na verdade, começamos os super clubs/festivais com as raves ilegais e acid parties nos anos 90, a única diferença é que era contra a lei, o que tornava ainda mais emocionante sem saber o que aconteceria. Acho que hoje em dia tudo é tão estruturado, é chato quando você olha para os line ups dos festivais, 99% você consegue adivinhar de olhos fechados quem estará na lista. O que acontece é que os promoters precisam garantir investimentos para que eles acompanhem a abordagem de segurança, também há o monstro que é a internet que está construindo perfis de DJs fora do controle, então é necessário fazer o maior evento possível para lidar com suas necessidades e honorários – realmente doentio. Prefiro os clubes undergrounds que tem bons sound systems, noites que você recebe algo de volta mentalmente.

Basta uma rápida passagem pela sua discografia para percebermos a consistência de seu trabalho no estúdio. Falando sobre o seu workflow: como você tem evoluído o processo criativo com o passar dos anos? Você é do tipo que produz uma música com a ideia na cabeça ou deixa as coisas acontecerem de maneira natural?

Normalmente mexo em samples que tenho dos meus próprios sons e adiciono uma estrutura simples ao redor e levo a partir daí. É melhor que as coisas aconteçam de forma orgânica e rápida. Se você tem uma boa ideia, é melhor tentar e criar o máximo possível para finalizá-la ou então você vai perder a vibe e matar a sua ideia inicial.

Edit Select Records: ter seu próprio selo ajudou no processo de construção de uma identidade sonora mais bem definida? Quais seus planos para o futuro da marca?

Meus planos sempre foram os mesmos com o meu selo, a única diferença agora é que estou lançando alguns lançamentos apenas no digital, por causa do dinheiro envolvido. Perdi tanto dinheiro ao longo dos anos na produção de discos que agora estou sendo muito cuidadoso com isso. Só lanço músicas que vou tocar e não tenho pressa para liberar algo. É mais descontraído, uma coisa pessoal… meu bebê.

Na sua opinião, quais características são indispensáveis para um artista trabalhar com profundidade tanto sua discotecagem, quanto a produção musical?

É muito importante ter seu próprio estilo com os dois, discotecagem e produção. Muitos grandes produtores não são bons DJs, eles ainda não aprenderam essa arte. Muitos DJs tocam da mesma forma nas CDJs, uma faixa em cima da outra e não há nenhuma diferença em seus sets, você não sabe dizer quem está tocando a menos que você olhe. Eu sei que quando toco as pessoas se conectarão comigo e isso é algo que eu tenho trabalhado destacar nos meus DJs sets. Acho que é uma obrigação ter sua própria identidade.

Aqui do Brasil percebemos que há um cena muito qualificada na Europa. Voltando nosso olhar aos jovens, você sente que há uma nova geração interessada em fomentar o nosso mercado no continente como um todo?

Sim, acho que a geração mais nova já está viajando para clubes ao redor do mundo como uma necessidade de explorar e visualizar o que está acontecendo… muito inovador, o mais longe que eu costumava viajar quando era clubber foi Londres. Como as coisas mudaram, eu devo estar ficando velho.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Música é a minha vida, tudo gira em torno dela, o techno é um estilo de vida que sou abençoado por viver e me envolver.

A música conecta as pessoas! 

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