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A música conecta

Alataj entrevista Fabiele da Rosa

Por Laura Marcon em Entrevistas 06.12.2019

2019 definitivamente foi o ano delas! Seja discotecando, produzindo, organizando e tomando a frente de diversos projetos, as mulheres mostraram competência e se destacaram em todas as esferas do entretenimento. Para a nossa sorte — e inspiradas por profissionais já aclamadas — vimos também muitas abandonarem o posto de somente amantes da música para arregaçar as mangas e contribuir cada vez mais com o cenário eletrônico à sua maneira. 

+++ Outra entrevista inspiradora aqui: Jup do Bairro. Leia!

Fabiele da Rosa é uma dessas mulheres. Uma breve conversa com ela e você já entenderá a paixão que sente pela música eletrônica, em especial pela House Music. São anos dedicados à pista de dança e ao club Beehive em Passo Fundo, onde atua como promoter, além de ser uma ótima influenciadora da cultura clubber. Agora, Fabi — como é carinhosamente chamada — deu um salto em seu sonho de trabalhar apenas com música e comanda a festa Jacking, que propaga as diversas nuances do house e já está entre as melhores pistas do gênero. 

A gente bateu um papo com ela sobre essa relação de amor profundo, projetos, realizações e, claro, house music. Seja bem-vinda, Fabi!

Alataj: Olá, Fabi! Tudo bem? Obrigado por falar conosco. Você é claramente uma apaixonada pela cultura da música eletrônica de uma forma geral. Isso é algo que vem de berço? Sua família tinha algum tipo de interesse pelo estilo ou isso foi algo que você adquiriu com o tempo?

Fabi: Olá, Alataj! Grata pela oportunidade, é um prazer falar com vocês. Venho de uma família evangélica, e acho que o máximo de influência que tive vindo dali foi das fitas cassetes do meu irmão que ouvia escondido na época. A música eletrônica em si entrou na minha vida aos poucos, em 2006 quando me deparei com um trecho da apresentação do DJ Eskimo no TribalTech, depois em 2008 na festa de natal de um tradicional clube da minha cidade quando tocou “Infinity” do Guru Josh. E o momento que consagrou tudo foi em 2012 numa festa com o Fabrício Peçanha, onde dancei tanto que sai de lá transformada, consumindo o estilo desde então. 

Dentro da música eletrônica, quando exatamente você se encontrou na house music?

Quando estava na faculdade um amigo e colega, Wagner Aosani, começou a encabeçar um projeto de música eletrônica e nele veio o convite para eu promover as festas. Nessa época frequentava raves, o que não tinha nada a ver com a proposta da Wave Music, então veio a sugestão de assistir o documentário “PUMP UP THE VOLUME”. Esse documentário foi um F5 em tudo que acreditava gostar até então. No trecho que toca “Your Love” do Frankie Knuckles fui aos prantos e, como tudo que me toca e me emociona, a House Music entrou na minha vida pra ficar, tanto que o Frankie se tornou um dos meus DJs favoritos.

https://www.youtube.com/watch?v=5th-RpnVyvI

 Ainda há um desequilíbrio desfavorável entre homens e mulheres nos principais cargos do business ligado a música eletrônica no Brasil. Em termos de representatividade, o que exatamente isso representa pra você e outras jovens que buscam se firmar no meio sem ser como artista? Você tem alguma referência dentro da nossa cena?

Por ser mulher, desde o começo tive a preocupação em estudar, de saber do contexto histórico, origem do estilo e dos artistas, além de muita pesquisa musical pois sempre senti a necessidade de ter conteúdo para ser respeitada no meio. E não só conteúdo da música eletrônica, mas de todos os estilos que de um modo ou outro estão interligados com nosso meio, como por exemplo a cultura Hip-Hop.

Muito do meu conhecimento devo a jornalista Claudia Assef e seu livro que é leitura obrigatória para os clubbers “Todo Dj Já Sambou”. Na parte da moda Erika Palomino redefiniu todo meu conceito de me vestir e tem também a Ana Biazin, que foi a primeira promoter da qual tive notícias e que me encheu de esperanças de que não precisava ser DJ para trabalhar no meio. 

Há alguns meses você ganhou sua própria festa na Hija. Como exatamente essa oportunidade surgiu e como tem sido trabalhar na concepção desses primeiros eventos da Jacking?

Jacking nasceu da minha devoção à House Music e dedicação à Beehive Club. Desde que entrei ali fui além de vender ingressos, dissemino a cultura da música eletrônica como estilo de vida, peguei como missão espalhar a cultura clubber. Tudo ainda é muito novo, estou no processo de aprendizagem, usando minha experiência de pista para pensar em cada detalhe e tenho ao meu lado pessoas muito engajadas, como o DJ Marcos Deon, que desde a primeira edição está ao meu lado ajudando. Já na 2° edição recebemos o feedback do DJ Mau Mau, elegendo o Jacking como uma das melhores festas de House do Brasil, consagrando esse início de caminhada. Nada mais motivador.

Fabiele e DJ Mau Mau na Jacking de 12 de outubro

Na sua opinião, o que a Jacking traz de diferença na sua essência?

Jacking carrega todo meu amor pela House Music; é a minha personalidade em forma de festa. Tudo que sinto, toda a energia que coloco no meu trabalho se materializa ali. É uma festa onde o publico se acaba de dançar, sai rouco de tanto gritar e se emocionam a ponto de chorar. Tudo muito intenso!

 Atualmente você não trabalha apenas com música eletrônica, certo? Esse é um de seus planos para o futuro? Alguma área específica?

Sigo conciliando a Bee com o trabalho em uma loja do shopping aqui da cidade, com muitos domingos trabalhados de ressaca. Meu plano é seguir arregaçando as mangas até que de fato ser promoter seja minha única profissão. Acabei de ganhar meu próprio projeto, hoje em dia tenho o apoio da minha família e agora estou aqui falando com vocês, algo que me faz sentir estar no caminho certo. Além de que sou uma eterna apaixonada, tenho a música eletrônica como minha religião, que alimenta minha fé na vida, e não pretendo abrir mão de viver em volta disso nem que tenha que conciliar com mais de um trabalho.

 Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música salvou a minha vida, amenizou a dor de traumas e cicatrizou feridas. Ela me inspira!

A música conecta.

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