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A música conecta

Fabø segue sua caminhada musical em constante evolução

Por Alan Medeiros em Entrevistas 30.03.2016

O dinamismo da música eletrônica, obriga os artistas a se reinventarem de forma inteligente, com uma velocidade impressionante. O mercado é cruel e muitas vezes mata talentos que não estão prontos para lidar com seus potenciais e as exigências que uma rotina profissional oferecem.

Em meio a um ambiente tão agitado, a figura tranquila e serena do curitibano Fabø parece perdida no turbilhão de acontecimentos possíveis dentro de uma madrugada adentro em um dos principais clubs do Brasil, ou até mesmo nas infinitas possibilidades que um estúdio repleto de máquinas oferece. Entretanto, traços dessa personalidade foram fundamentais na evolução artística deste DJ e produtor que despontou para o mundo em 2012, com o hit “Where I Stand”.

Na época, o deep house ainda era pouco trabalhado no Brasil, muito distante da febre que se tornou hoje. Ainda assim, Fabø viu sua música ganhar as rádios, carros e DJ sets de grandes nomes da cena. Em busca de novos desafios, os últimos anos representaram um período de amadurecimento musical, fruto das transições de sua vida. Hoje, Fabø é um dos nomes de carreira mais consolidada no Brasil. Ele possui residência estabelecida nas pistas da Vibe e Warung, se apresentou ao lado de HNQO na primeira edição do Boiler Room em Curitiba e comanda ao lado dos amigos Pako e HNQO a gravadora Playperview.

Conversamos com Fabø, que nos contou um pouco mais sobre sua história. Além disso, ele também nos enviou um mix exclusivo, que marca sua estreia no Alaplay Podcast. Todos prontos? Sejam bem vindos a mais uma bela viagem musical. A música conecta as pessoas!

1 – Olá, Fabø! É um prazer falar com você. Podemos iniciar nossa conversa falando sobre suas residências. Qual foi a importância que as pistas do Club Vibe e Warung tiveram na sua formação artística?

Em 2006 comecei a ir no Stereo Pub para ouvir drum n bass – artistas como Marky, Marnel, Banban e Pacceli me chamavam atenção na época. Nesse meio tempo conheci o Pako que dividiu comigo muita informação sobre música que antes eu não conhecia. Depois disso comecei a sair mais, alcancei a maioridade e passei a frequentar a Vibe, acho que isto agregou bastante pois vi uma cena acontecendo desde o começo (pelo menos da minha geração) e foi o que me inspirou de alguma maneira. Fui ao Warung a primeira vez em uma noite do Richie Hawtin e gostei muito, frequento a casa desde 2011. A minha formação artística vem do decorrer dessas situações que eu citei a cima, mas claro que as pistas destes clubes também agregaram e agregam até hoje.

2 – Em sua bio, lemos que você é fiel ao seu processo criativo, estabelecendo um relação especial com suas máquinas. Como funciona exatamente esse processo? Em geral você cria com um resultado final na cabeça ou vai deixando as coisas acontecerem naturalmente?

A parte criativa vem naturalmente, é como um jogo de perguntas e respostas do subconsciente. O processo com as máquinas é de ir gravando cada parte, bateria, sintetizadores (bass, pads, strings etc), até formar a música. Às vezes tenho uma ideia na cabeça, às vezes é um jam nas máquinas. É difícil descrever o que estou buscando quando estou arranjando uma música.

3 – Em 2012, você ganhou significativa projeção nacional com o lançamento “Where I Stand”. De lá pra cá é possível observar uma importante evolução dentro de seus releases. Como você enxerga esse processo? É possível dizer que atualmente você encontrou o som que define a alcunha Fabø perfeitamente?

Eu acredito que desde aquela época isso vem se desenvolvendo devagar, sempre mudando ao mesmo tempo de acordo com a minha vida. Acho que sempre tive um estilo meio “gótico” com escalas menores, às vezes com um pouco de dissonância, ou mais “fechado”. Sempre que tento fazer algo mais aberto parece que não tem muito a ver ou não combina com o que quero passar na música. Apesar dessa minha característica, pretendo sempre me reinventar.

4 – A Playperview é uma das labels mais importantes do Brasil. Fale um pouco do trabalho que você tem desenvolvido ao lado do Henrique e do Pako

Tivemos muito trabalho nesses anos anteriores e em 2016 resolvemos mudar algumas coisas. Vamos trabalhar com menos releases para podermos dar uma atenção maior para cada um. Neste ano iremos lançar o primeiro vinil da Playperview que vai ser do Rolldabeetz em julho, e mais 2 EPs digitais agendados, um do Maax e um meu e do HNQO. Focaremos também na parte de showcases da Playperview. Gostaria até de aproveitar o espaço aqui do Alataj para quem tiver interesse em mandar releases favor enviar via inbox aqui.

5 – Até hoje você possui uma ligação muito forte com a cena de Curitiba. Tocar na capital paranaense sempre traz uma friozinho na barriga?

Sempre traz, fico ansioso não só quando vou tocar aqui mas em todos os lugares. Aqui em Curitiba o público sempre foi exigente, na maioria das festas estão abertos a coisas novas. Sempre encontro amigos quando toco aqui, o certo seria ficar mais confortável mas acaba sendo o contrário, fico mais ansioso. Mas eu gosto, tomara que seja sempre assim.

6 – A gente percebe uma inércia criativa em alguns momentos da cena brasileira. O quão importante é pra você, estar buscando um som diferente do que “todo mundo está fazendo”?

Eu não sei muito o que está acontecendo por aí, eu acompanho algumas coisas que gosto e que acredito que me agregam, prefiro ter menos influências externas. Em relação a fazer um som diferente acho que quando você foca mais no que você tem que fazer, a coisa acaba ficando mais original automaticamente. Eu estive em uma inércia criativa, por estar me adequando a uma mudança no meu estúdio, agora sinto que coisas novas estão surgindo.

7 – A 24bit demonstra uma relação bem familiar com os artistas que agencia. Como é trabalhar com uma das principais e mais profissionais agências do país?

Sim, é super familiar. La é como minha segunda casa. Nos reunimos na agência pelo menos uma vez por semana, comemos uns bolos e papeamos um monte, além dos encontros de última hora que resultam em pizza ou algo assim. Trabalhar com elas é diferente porque já nos conhecemos muito antes da agência existir, então é sempre um clima bem familiar. Às vezes precisamos levar uns puxões de orelha mas entendemos perfeitamente que é tudo para o nosso bem.

8 – Para encerrar, uma pergunta pessoal. O que a música eletrônica representa em sua vida?

A música praticamente é parte integral da minha vida. Diria que ela representa quase tudo, do meu dia a dia, ao meu trabalho.

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