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A música conecta

Alataj entrevista Flug

Por Alan Medeiros em Entrevistas 11.10.2018

A tradição da cena eletrônica argentina é comprovada diretamente pelo número de produtores que o país já revelou para a cena internacional. Muito além de seu grande herói Hernan Cattaneo, nomes de diferentes gerações estão em posição de destaque em nossa indústria. Do house ao techno, passando pelo minimal e por atmosferas mais experimentais: não é raro ver artistas do nosso país vizinho desempenhando um trabalho de ponta.

Um desses destaques recentes oriundo da Argentina é o DJ e produtor Flug, nascido em Buenos Aires e atualmente baseado em Barcelona. Com influências que vão desde Kraftwerk e Depeche Mode até nomes mais recentes como Robert Hood e Laurent Garnier, Flug desenvolveu um perfil sonoro claramente conectado com traços da dance music old school e bem voltado ao dance floor.

Graças ao apoio de lendas como Chris Liebing, Adam Beyer, Len Faki e Dave Clark seu nome ganhou o status de arma secreta nos bastidores da cena e isso o levou até o catálogo de selos renomados como Suara, Soma e Odd Recordings. Pela primeira vez no Brasil, Flug toca hoje em São Paulo no evento organizado pelo coletivo Techno On. Antes desse aguardado debut, falamos com ele:

Alataj: Olá, Flug! Tudo bem? Aqui do Brasil temos uma grande admiração pela tradição do techno na Argentina. Como um artista oriundo do país, quais características da cena e do público você destacaria pra gente?

A maioria dos DJs que tocam na Argentina garantem que a multidão lá é insana e uma das melhores do mundo. Obviamente não há como discordar, porque eu também sinto isso, toquei pelo meu país desde que eu tinha 17 anos e em toda cidade, pequena ou grande, as pessoas que vão a festas de techno são realmente animadas e enérgicas. Isso é o que faz a fama do público argentino tão especial em todo o mundo.

Atualmente você mora na Espanha, certo? De que forma essa experiência internacional contribuiu para o desenvolvimento de sua carreira?

Acredito que morar na Europa faz diferença na sua carreira, principalmente na cena techno, a maior parte dos festivais e clubes dedicados a esta arte estão localizados na Europa Central. A maior parte dos movimentos techno também está na Europa. Principalmente pela logística, Barcelona é uma ótima cidade para morar e viajar de forma fácil e barata.

Você é um artista com passagem por grandes clubs e festivais do circuito global. De uma forma geral, o que é realmente necessário para que uma festa tenha uma boa atmosfera musical de acordo com a sua experiência?

Um bom sound system é necessário em primeiro lugar, mas a localização também é importante. Particularmente, gosto muito de lugares escuros e sombrios, mas também de natureza, montanhas e prédios abandonados, esse tipo de lugar torna a energia tão especial – com um bom lineup seria uma grande festa.

JAM e Suara certamente são dois dos selos mais importantes em sua caminhada até aqui. O que você destacaria de mais positivo no relacionamento que você obteve com essas gravadoras e seus líderes?

Conheço Ivan da Suara desde muito tempo atrás, quase 15 anos, porque ele é de Barcelona, nós tocamos juntos na Dream Beach no verão passado e almoçamos juntos no hotel, conversamos por horas e eu senti a conexão instantaneamente. Com Sam Paganini aconteceu algo parecido, tocamos juntos muitas vezes e nos encontramos às vezes fora dos clubes, bares dos hotéis, backstage, etc, sempre escuto algumas das minhas músicas em seus sets, antes de ele lançar JAM eu já enviava minhas músicas para ele. Quando ele abriu seu próprio label, me convidou para lançar alguma coisa lá, já lançamos 2 discos. Sinto a relação com eles muito próxima e amigável, realmente acredito nos seus projetos e sou grato por fazer parte desses dois grandes selos.

Chris Liebing, Adam Beyer, Sam Paganini, Amelie Lens, Len Faki, Dave Clark e Speedy J são alguns dos nomes que costumam tocar suas produções. Pessoalmente e profissionalmente, o que esse tipo de reconhecimento significa pra você?

Me sinto honrado por ter esses grandes nomes tocando minhas músicas, profissionalmente isso me fortalece e me traz uma motivação extra para continuar a fazer as minhas coisas.

Nesse mês de Outubro você estreia no Brasil, não é mesmo? Como está sua expectativa para essa gig? O que você tem ouvido falar a respeito das pistas brasileiras?

Bom, quando você toca em um novo país na América do Sul, você sempre se sente especialmente animado. Já fui ao Brasil muitas vezes, gosto muito de Búzios e geralmente vou para lá nos feriados. Adoro a energia brasileira e espero uma enorme recepção, especialmente porque os meus seguidores do Brasil estão muito animados para essa gig.

Gigs, novidades, lançamentos. O que você pode nos contar sobre os projetos para o futuro?

Tenho dois lançamentos para sair, um EP solo e outro EP no meu novo selo Rawcuts Music, que será lançado no começo de 2019. Há outras coisas que não posso anunciar ainda, mas que devo admitir que estou muito animado.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Talvez eu pareça um pouco antissocial aqui, mas eu gosto mais de música do que de humanos.

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