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A música conecta

Alataj entrevista Gromma

Por Alan Medeiros em Entrevistas 26.07.2018

Pouca preocupação com suas mídias sociais, foco na música e um olhar sempre crítico e construtivo sobre a cena no Brasil. João Paulo Gromma não chegou aonde está atoa e para sustentar o posto de residente do Warung, Club Vibe e D-EDGE, três dos principais clubs do país, Gromma pisou fundo no acelerador da pesquisa musical até conquistar o status de um verdeiro digger, dentro e fora do país.

É verdade que muito das conquistas da carreira de Gromma estão atreladas ao seu trabalho como residente dos clubs citados. Entretanto, o que realmente faz o curitibano girar e se manter sempre atualizado é o bom gosto indiscutível responsável por guiar suas apresentações. Gromma é da mesma escola de DJs como Ben UFO e Joy Orbison, que simplesmente ignoram rótulos de house/techno/miminal nas capas de discos e vão fundo em busca de um som atemporal e emocionante.

No próximo sábado, dia 4 de Julho, Gromma é um dos representantes brasileiros na segunda edição do D.SIDE, projeto de sucesso do D-EDGE. Ele toca na pista Olga, que tem como headliner os romenos do Vinyl Speed Adjust – em breve eles pintam por aqui também. Aproveitamos o momento para um novo bate-papo com Gromma (já era hora) e também para anunciar que estaremos em Sampa fazendo a cobertura ao vivo do D.SIDE. Conecte-se com o nosso Instagram:

Alataj: Olá, Gromma! Tudo bem? Sua carreira é bastante conectada com a cultura do vinil. De que forma essa arte te motiva a seguir em frente?

Gromma: Tudo ótimo. Sim, minha carreira é bastante conectada com a cultura do vinil. Acompanho diariamente os novos releases e também gosto de pesquisar clássicos. Para mim, o vinil é uma paixão inexplicável, apesar de não tocar sempre nesse formato. O contato físico, as lindas capas e até o cheiro são elementos que proporcionam uma experiência única aos admiradores desta arte. Além disso, ainda tem o fato de que muitas músicas boas são lançadas exclusivamente em vinil, o que torna tudo mais prazeroso ainda. Por isso, e vários outros motivos, não penso em parar de investir meu tempo e dinheiro em discos.

O cenário eletrônica costuma fortalecer ensinamentos como respeito, amizade e empatia entre os seus players. Pessoalmente, quais são os principais ensinamentos que você leva após mais de 10 anos de carreira?

Um dos grandes ensinamentos que esse meio me proporcionou é: ninguém é melhor que ninguém. Aprendi ao longo desses anos que o respeito é essencial. Pessoas têm visões e gostos diferentes e não gosto de utilizar o meu tempo em discussões que não acrescentam em nada ou até mesmo falando sobre o que não me interessa ou não me agrada. Apenas respeito opiniões distintas e “baile que segue”. Procuro depositar minha energia apenas no que eu gosto: músicas, projetos, etc. Além disso, o que levo para mim são as coisas positivas que podemos absorver nesse meio que habitamos, como as amizades valiosas que fazemos – apesar de haver muita falsidade e jogos de interesse, é possível encontrar bons amigos.

Em nossa última entrevista nós já debatemos sobre a importância do residente e hoje podemos ir um pouco além. Na sua opinião, quais são as habilidades que todo residente deve trabalhar?

Um residente deve ser um exímio pesquisador e tem o dever de apresentar novidades quando está “em casa”. Ele tem a oportunidade de construir uma relação com o público através da frequência de apresentações, então, é preciso trabalhar muito para saber quem realmente é o público, como é o club que levanta a bandeira e, claro, fazer todos se divertirem a cada gig sem perder a sua própria identidade musical.

Percebo que a cena eletrônica brasileira passa por um momento interessante, onde house, techno e minimal possuem público interessado em consumir seus artistas e lançamentos. Particularmente, para quais caminhos você tem direcionado sua pesquisa musical nos últimos anos?

Nunca tive um único caminho de pesquisa e nem um único estilo pré-determinado. Procuro pesquisar, ouvir e tocar o que me dá prazer, simples assim. Algumas situações combinam mais House, outras mais com sons minimalistas ou Techno. Não me prendo aos rótulos.

A Aninha te citou recentemente como um dos warm ups preferidos dela. Na sua visão, o que há de melhor e pior nesse slot? Qual dos teus warm ups representa um marco na carreira?

Uma honra ser citado por ela. Aliás, obrigado pela lembrança! Musicalmente falando, só vejo coisas boas porque adoro experimentar, aquecer a pista aos poucos, ver o pessoal chegando e entrando no clima, podendo tocar o som que mais me caracteriza e consequentemente entregar a pista pronta para a atração principal desempenhar o seu melhor. Infelizmente, a única desvantagem é que uma parcela do público não se importa muito com o DJ que está abrindo, acaba chegando mais tarde ou até mesmo desdenha a história que ele está construindo em seu set na espera de “sons massivos” e com uma característica mais “peaktime”.

Na sua visão, aonde exatamente precisamos evoluir para que o Brasil seja reconhecido como um dos polos globais da dance music?

Acredito que não deixamos nada a desejar se compararmos o Brasil com os grandes polos em questões de profissionalismo e estrutura. Temos excelentes eventos acontecendo, novos núcleos surgindo e grandes clubs estabelecidos em várias regiões do país. Agora, musicalmente falando, temos muito o que aprender ainda. O que tem de artistas oriundos de um bom marketing, vazios e disfarçados de conteúdo artístico, não está no gibi, [risos]. A maioria desses “artistas” têm o seu foco voltado aos lucros rápidos e a explorar o público sem trazer novidades ou qualidade em seus trabalhos. Infelizmente, para esses, a música fica em segundo plano.

A última, pra fechar. Nós enxergamos a música como uma forma de conexão entre as pessoas. Na sua opinião, qual o grande significado dela em nossas vidas?

Concordo. Com certeza é uma forma de conectar as pessoas, mas também uma importante forma de permitir a expressão de pensamentos e sentimentos – o que é vital para todos nós. “Sem a música, a vida seria um erro” já dizia Friedrich Nietzsche.

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