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A música conecta

Alataj entrevista Hector Couto

Por Alan Medeiros em Entrevistas 06.12.2018

Alguns países possuem o privilégio de ter uma cena musical fortalecida, com diferentes polos e um time de artistas relevantes. A Espanha, sem dúvida alguma, pode ser apontada como uma das nações donas de um mercado maduro e consistente com as características citadas no começo deste parágrafo. Muito disso se deve ao tech house, estilo bastante popular em diferente regiões do país, que impulsiona nomes com o de Hector Couto para o cenário global.

Ao lado de produtores como Mar-T, Cuartero, Paco Osuna e De La Swing, Hector Couto se tornou um dos expoentes da música de pista deste país ibério que possui um público tão apaixonado por dance music quanto o nosso. Este cenário fértil e apto a inovações foi a base para que Hector pudesse se desenvolver em alto nível, colocando seu label Roush entre os principais do cenário global e alcançando algumas das principais gravadoras do mundo com suas produções.

Seu estilo de som possui uma ligação muito forte com o Brasil. Enérgico, vibrante e focado no groove, Hector Couto é aquele tipo de artista projetado para o dance floor. Suas primeiras passagens pelo país foram memoráveis e agora ele retorna para novos compromissos, incluindo o aniversário de 2 anos da Seas que rola neste sábado. No embalo da tour, ele falou com exclusividade ao Alataj:

Alataj: Olá, Hector! Tudo bem? Você possui uma carreira fortemente ligada a house music, mas também se mostra muito talentoso produzindo techno. Como tem sido possível criar uma identidade tão interessante flutuando entre esses dois estilos?

Hector Couto:  Oi, pessoal! Obrigado por me receber para essa entrevista! Sempre tento produzir música com o meu som pessoal, esquecendo gêneros, porque tenho facilidade de criar qualquer coisa entre house e techno. Apenas preparo o projeto pensando no selo em que eu gostaria de lançar e começo a desenvolver as ideias.

Percebo que há uma forte tradição da Espanha dentro da cena tech house. O país possui boa parte dos principais artistas e festas do estilo a nível global. Como você enxerga a influência deste cenário no desenvolvimento de sua carreira?

A cena me fez o DJ/produtor que sou agora. Eu tinha um som bastante pessoal que misturava o house de Chicago com a atmosfera oldschool do techno, além das minhas próprias raízes escutando Breakbeat, quando comecei a me interessar por música eletrônica. Tudo isso me influenciou enquanto crescia na pequena ilha de Tenerife.

Já há alguns anos você mantém uma consistência de produção muito forte frente a alguns dos principais selos de house e techno do cenário internacional. De que forma esse relacionamento próximo com labels como Elrow, Hot Creations, Sola e VIVa Music te fez evoluir enquanto profissional? O que você tira de melhor desse networking com labels grandes?

Como produtor, sempre tento ser humilde com as músicas que faço, tenho um ótimo relacionamento com selos como o Elrow, dirigido pelo meu amigo De La Swing, VIVA Music de Steve Lawler, Jamie Jones também com o grande Hot Creations e o fantástico Sola Music da dupla britânica Solardo. Para mim, lançar em selos como esses e ter seu respeito pela minha música é como ter alcançado os objetivos que eu queria quando me tornei DJ/produtor nos meus primeiros dias.

O Brasil, assim com a Espanha, possui uma cultura de pista muito forte e tradicionalmente enérgica. Ao seu modo de ver, quais são as principais características em comum entre o público desses dois países? Quais são suas principais lembranças tocando por aqui?

Ambos são incríveis, mas no Brasil você sente a energia latina de todas as pessoas. Eu gostei muito de ver pessoas sorrindo, dançando e sentindo a minha música enquanto tocava. Isso me dá cada vez mais energia para continuar forte na pista. Minhas lembranças desde as minhas primeiras apresentações no Brasil são incríveis, o país é alegre de norte a sul e a energia das pessoas lembram a minha bela ilha de Tenerife.

De que forma gerenciar seu próprio selo mudou a forma como você se relaciona com o mercado enquanto business? Quais são seus principais planos para o futuro da Roush?

O selo cresceu de forma consistente nos últimos cinco anos e agora estamos atingindo os objetivos que queríamos para Roush no começo. Nossa ideia sempre foi misturar grandes nomes com novos talentos e é para isso que trabalhamos, para fazer com que novos produtores alcancem seu sonho de lançar em selos como o nosso. Temos orgulho de ter ajudado produtores como Luuk van Dijk, Jairo Delli, Raffa FL, Mennie, Truth Be Told no começo de suas carreiras e vê-los lançar em grandes selos ou tocar ao redor do mundo. Nossos planos futuros são continuar usando essa fórmula e criar novos selos (como Bumpcut para house ou Dubnation Records para techno) para ajudar outros DJs a crescer e lançar ao lado de seus DJs favoritos.

Equilibrar uma agenda profissional junto a pessoal é uma tarefa ingrata e muito difícil. Como você busca fazer isso? De alguma maneira, você não sente que os dias, meses anos estão passando cada vez mais rápido?

– A minha vida de DJ parece um passeio de montanha-russa sem fim, com aviões, cidades, festivais, clubes, hotéis e restaurantes. As vezes, nem sei onde estou. O melhor conselho para quem quer ser DJ é: concentre-se no que você faz e quer para sua carreira, tente aproveitar cada minuto das tours e nunca esqueça que isso é o que todos sonhamos no começo.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

No momento a música é toda a minha vida.

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