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A música conecta

Alataj entrevista Joachim Pastor

Por Alexandre Albini em Entrevistas 23.10.2019

Conhecido pela capacidade de transcender as fronteiras da música eletrônica ao usar uma mistura de sons instrumentais e techno, Joachim Pastor iniciou seus estudos ainda criança. Natural de Versalhes, na França, frequentou o conservatório de música dos 4 aos 16 anos. Após esse importante período, tocou em algumas bandas antes de passar a produzir as próprias faixas.

Na adolescência foi encorajado pelo professor de guitarra, Jean-Pierre, e apresentado ao Cubase SX3. Já formado em Engenharia, anos depois conheceu Sébastien Léger, que viria a se tornar um “mentor” para a produção musical. Logo depois, Popof descobriria Joachim com a faixa Gailo, o levando ao lançamento do EP Diform. Mas foi Gailo/Le Poulain, pelo selo Minibus, seu primeiro release de destaque a nível internacional.   

Influenciado por Daft Punk e também pelo compositor Jean-Michel Jarre, JP produz variados gêneros, à exemplo de pop e rap para outros artistas. Em 2014 juntou-se a Worakls e N’to para criar o selo Hungry Music, mantido paralelamente com outro projeto: Sinners. Em 4 de outubro lançou Goodbyes, que deve ser a primeira faixa de seu álbum de estreia, previsto para ser disponibilizado no final de 2019. Antes disso, Joachim retorna ao Alataj para um novo bate-papo, 4 anos após sua primeira passagem por aqui:

+++ Leia a última entrevista feita com ele

Perguntas por Alan Medeiros

Alataj: Olá, Joachim! Tudo bem? É bom falar com você novamente. Em nossa primeira entrevista, 4 anos atrás, você citou que a música é uma espécie de conexão com a alma. Poderia aprofundar um pouco mais seus pensamentos em torno disso? Sua visão em torno desta arte mudou em alguma aspecto nesse período?

Joachim Pastor: Olá! Meu ponto de vista não mudou. Ainda acho que a verdadeira inspiração artística é algo místico, muito raro, é o que todo artista está procurando e trabalhando, você deve estar pronto quando encontrar. Meu ponto de vista realmente não mudou, mas cada vez mais eu sinto que sou apenas o espectador da minha vida. Estou cada vez mais desconectado, não sei se é bom para a inspiração musical, talvez eu tenha menos resultado em minha produções e seja mais místico, quem sabe.

Antes de chegar na música eletrônica, você passou por algumas bandas, correto? O que você tirou de melhor dessa experiência fora da dance music?

Eu tocava com outras pessoas sim, não tenho uma memória incrível sobre isso, mas conheci pessoas que me disseram qual software testar se eu quisesse produzir. Naquela época, a internet ainda não era enorme, mas o contato pessoal e conselhos já eram importantes. Agora, qualquer pessoa tem acesso a informação, se procurar bastante.

Percebo que Hungry Music representa uma parte importante de sua trajetória na música. Ter sua própria gravadora pode ser considerado algo fundamental para o desenvolvimento que sua carreira teve nos últimos anos?

Hungry Music foi o label em que pude finalmente lançar o que eu queria, um pouco mais livremente do que antes, pois eu tinha mais participação. Não sei se alguém poderia dizer “minha própria gravadora”, acho que somos apenas a cara dela e também fazemos música.

A cena de música eletrônica na França é super tradicional e historicamente muito importante para dance music global. Quais são seus principais ídolos dentro do país? De uma forma geral, como você enxerga o relacionamento do público jovem com a eletrônica contemporânea?

Sempre gostei muito da cena francesa (Daft Punk, Fred Falk, Alan Braxe, DJ Falcon, Lifelike, etc,..), é uma grande parte da minha jornada musical. Comprei os álbuns Discovery e Homework do Daft Punk quando eu tinha por volta dos 12 anos de idade e isso mudou, literalmente, a minha vida. Não tenho nenhuma relação com os novos artistas da música francesa.

É interessante analisar como suas produções flertam com diferentes estilos, sempre com uma atmosfera muito melódica e emocional. Como você enxerga e avalia esse árduo processo de criação de um perfil sonoro?

É um verdadeiro dilema. Parece importante ter um estilo definido, mas, sinceramente, só quero produzir músicas que gosto. O elo entre todas elas é o toque “Joaquim”, sinto que você sempre poderá dizer que sou eu, seja uma faixa underground mais obscura, ou uma faixa mais aberta com vocal. Me recuso a copiar ou fazer algo que está na moda, grande parte da cena “hype” e “underground” não gosta do meu som, mas pelo menos faço o que realmente quero, não sou mais um cara fazendo algo porque é o que está rolando no momento. Considero que isso é ser realmente underground, seguir meu próprio caminho.

Dentro e fora do ambiente profissional, quais são suas principais resoluções para o futuro?

Preciso terminar o novo álbum analógico, bastante trabalho.

A dance music global caminha para uma tendência onde as produções soam cada vez mais sérias e pesadas. Na contramão disso, você oferece uma roupagem mais leve e envolvente.  Na sua visão, estamos levando o movimento house/techno a sério demais? Obrigado por essa entrevista!

Apenas tento fazer o que gosto, tento oferecer todo o espectro dos meus gostos. Não analiso muito o que faço. Para ser sincero, com as minhas músicas não tenho a visão analítica de engenheiro que tenho com outros projetos da minha vida.

A música conecta.

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