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A música conecta

A telepatia musical da dupla Kaiserdisco. Confira entrevista exclusiva!

Por Alan Medeiros em Entrevistas 10.11.2017

Frederic Berger e Patrick Buck formam a dupla Kaiserdisco, estabelecida na indústria da música eletrônica internacional através de lançamentos por selos como Suara, Snatch, Tronic e Drumcode, quatro gigantes do techno internacional. A experiência que o duo conquistou nas pistas dos maiores clubs e festivais do mundo é algo impressionante e a lista é composta por eventos do calibre de Hyperspace, Loveland, Sankeys, Nature One e Awakenings. Sendo assim, não é exagero dizer que hoje eles estão preparados para comandar todo e qualquer dance floor que possam encontrar pela frente.

O sucesso da dupla se deve em parte ao perfil artístico independente e desbravador que cada um de seus integrantes trouxe para o projeto. Juntos, eles desenvolveram uma capacidade de dominar pistas e coloca-las pra dançar sutilmente através de ritmos grooveados, tribais e até mesmo minimalistas em alguns casos. Desde 2008 a dupla fez de Hamburgo um lugar para chamar de casa e na efervescente cena alemã encontrou o mercado ideal para expansão do Kaiserdisco enquanto marca – hoje absolutamente internacional.

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Nessa entrevista exclusiva, Frederic e Patrick falam sobre o processo criativo em dupla, sensação de tocar para grandes plateias em festivais, cena de Hamburgo, remixes e muito mais. Confira abaixo:

1 – Olá, amigos! É um grande prazer poder falar com vocês. O processo criativo em dupla certamente é diferente do individual. Ao longo dos anos, como vocês tem buscado equilibrar as referências de cada um nos momentos de estúdio e discotecagem?

Como nós dois já havíamos trabalhado em outros projetos como duo, não foi uma mudança ou algo totalmente novo. Nós costumávamos tocar em dupla e ter alguém do nosso lado no estúdio. Felizmente, não foi um grande desafio para nós. Nos sentimos bastante confortáveis desde o início.

2 – Qual formato de pista deixa vocês mais animados para um set: a multidão de um grande festival ou a atmosfera intimista de um club underground?

É difícil dizer. Claro que é empolgante tocar para centenas de pessoas quando você está em um festival. Mas geralmente você não fica tão próximo das pessoas como em clubes menores. Então, você não vê ou sente a reação de uma só pessoa. É mais sobre ver a multidão e sentir a energia dela como um todo. Em clubes menores você tem as pessoas diretamente na sua frente e pode se conectar com elas em um nível diferente. Se você tocar uma faixa que elas amam, você consegue ver isso estampado em seus rostos – nós amamos esse sentimento.

3 – DJ Koze, Sidney Charles, Adana Twins, Stimming… Hamburgo parece ter uma atmosfera especial no que diz respeito a dance music. Na visão de vocês, há algo diferente na cidade que tem contribuído para o avanço de grandes DJs e produtores?

Esse é o nosso ponto de vista claro, mas para nós, Hamburgo é a cidade mais bonita da Alemanha. É a segunda maior cidade do país, com aproximadamente dois milhões de habitantes, mas ainda parece um pouco pequena, especialmente se você comparar com Berlim. Como nós temos um porto enorme, Hamburgo e seus habitantes se chamam de “Das Tor Zur Welt” que significa “O portão para o mundo”. Podemos dizer que amamos a cidade e gostamos muito de morar aqui. É bom viver aqui e provavelmente esse é o motivo de a cidade ter tantas pessoas criativas agora.

4 – Na bio do Kaiserdisco, vocês citam uma espécie de telepatia que contribui com o workflow do projeto. Além disso, o que tem sido essencial ao longo dessa caminhada de vocês na música?

Para nós, é muito importante estar feliz quando você está trabalhando no estúdio. Quando você está de bom humor, coisas boas acontecem. Ir para o estúdio estressado, faltando criatividade e forçar projetos quando eles não fluem, nunca termina com bons resultados. Felizmente, isso não acontece com muita frequência, somos pessoas muito alegres e tentamos estar sempre de bom humor. Nosso workflow em geral é sempre muito bom e divertido. Trabalhamos tanto tempo juntos e nos conhecemos tão bem que muitas vezes nem sequer temos que conversar quando estamos no processo de produção. É uma espécie de telepatia, geralmente sentimos e pensamos as mesmas coisas no mesmo momento durante o processo. Esse é provavelmente o maior segredo do nosso sucesso.

5 – Christian Smith, Ramiro Lopez, Nicole Moudaber e Steve Lawler. A lista de remixes produzidos por vocês é grande. Como vocês se sentem trabalhando nessa posição? Há algo marcado prestes a sair?

Na maioria das vezes, remixar é muito mais fácil porque você já tem um tema para começar a trabalhar. O desafio com um remix é mudá-lo de forma que as pessoas ainda reconheçam qual faixa é, mas não deixar muito parecido com o original. Para nós, não importa se estamos fazendo um remix para um artista bastante conhecido ou um novo artista, sempre damos o nosso melhor e esperamos que todos gostem do resultado final tanto quanto nós gostamos.

6 – O que vocês sabem sobre a atual cena no Brasil? Há algum DJ ou produtor brasileiro sobre o radar de vocês atualmente?

Temos um grande amor pela América do Sul, as pessoas nos deram muito apoio desde o início. Tivemos o prazer de tocar em algumas gigs incríveis no Brasil, como no Green Valley Festival, Vibe Club e Teatro Opus há alguns meses atrás. Vocês também tem grandes artistas como Victor Ruiz, Wehbba, ANNA e tantos outros.

7 – Nós ouvimos que o álbum Another Dimension será lançado em novembro na Tronic – e é composto por faixas de pista essencialmente. Vocês podem destacar as suas preferidas e por quê? Quão diferente esse álbum ficou dos outros que vocês produziram?

É verdade, é um álbum club e essa é a principal diferença entre esse e os dois últimos álbuns que produzimos juntos. Está 100% focado na pista e se encaixa perfeitamente em um set de techno peak time. Os álbuns que fizemos anteriormente têm uma variedade de música maior, o que foi bom para mostrar aos nossos ouvintes que podemos produzir mais do que apenas techno. Adoramos todas as faixas por suas próprias razões, mas acho que se tivéssemos que escolher algumas que foram testadas e deram certo, seriam Haumea, Varuna, Hydra e Namaka, que é outra collab com Karotte e a única que temos

8 – Sobre a KD Music: quais foram os principais benefícios que gerenciar seu próprio selo trouxe a vocês?

O principal benefício foi ter controle total sobre cada etapa de assinar música, masterizar, promover e conseguir empurrar jovens artistas.

A música conecta as pessoas! 

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