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A música conecta

Alataj entrevista Louis Botella

Por Alan Medeiros em Entrevistas 26.09.2018

Louis Botella é um experiente DJ e produtor com releases importantes em seu catálogo. Sua história com a house music começou ainda cedo, quando ele tinha apenas 16 anos de idade. A paixão pelo DJing o motivou a se tornar um legítimo pesquisador. Ainda na adolescência ele conseguiu seu primeiro show em um club underground de Luxemburgo e em 1998 lançou seu primeiro release.

De lá pra cá o sucesso de Botella pode ser mensurado através do rico histórico de lançamentos que ele possui: Classic Music Company, Ovum Records e Poker Flat Recordings são algumas das gravadoras que já receberam seu trabalho. Mais recentemente, Louis remixou o lendário hit Sueño Latino da banda de mesmo nome, lançado no fim da década de 80. A música se tornou uma marco do ítalo-house mundial e marcou toda uma geração.

A nova versão criada por Botella foi lançada pela Emerald City, gravadora comandada por Lee Foss e Jamie Jones. Seu edit traz uma atmosfera contemporânea e mais clean do clássico de 80s, mais preparada para o atual formato de dance floor que LB costuma encarar. A nosso convite, Louis concedeu uma entrevista exclusiva ao Alataj acompanhada de um mix para a nossa série Alaplay. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Louis! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Subliminal, Classic Records, Ovum e Pokerflat são alguns dos selos que você já assinou. Pessoalmente e profissionalmente, o que esse histórico de lançamentos representa pra você?

Bom, quando eu começo a trabalhar em uma nova faixa, após alguns minutos eu já consigo entender qual a direção que quero seguir com o projeto e quais são os selos potenciais que estariam interessados em lançar. Então, para mim, foi uma honra trabalhar com esses selos, pois eles são respeitados pela indústria da música eletrônica por oferecerem música de qualidade. Sou muito grato por fazer parte disso.

Sua carreira começou em uma época onde os artistas divulgavam seus trabalhos de uma maneira bem diferente, muitos dependiam totalmente das gravadoras inclusive. Na sua visão, quais são os prós e contras dessa super revolução tecnológica das últimas duas décadas?

Comecei a tocar no começo dos anos 90, eu era adolescente. Juntei meus primeiros equipamentos de estúdio nesse período e pude começar a produzir minhas primeiras demos em 1997. Isso foi há mais de 20 anos e sim, a indústria musical mudou completamente. Lembro que eu costumava enviar fitas demo para as gravadoras e, às vezes, demorava mais de um mês para receber uma resposta deles. Nós não usávamos a internet como usamos hoje. Todo o processo era muito lento e na questão de vendas a diferença também é enorme, se você comparar com o que as vendas representam hoje. Para mim, o download ilegal é a razão pela qual as pessoas não querem mais colocar dinheiro na música; do lado do consumidor e também da gravadora. Hoje, os artistas não ganham mais dinheiro com vendas físicas ou digitais, mas sim com publicações e live/DJ sets.

Cada DJ possui um perfil artístico diferente. Alguns se destacam por uma pesquisa contemporânea, outros pelos clássicos. Há também aqueles que discotecam 100% em vinil ou ainda os que buscam misturar diversos movimentos musicais em seus sets. Como tem sido sua busca em relação a construção desse perfil sonoro que é tão importante a longo prazo?

É bom tentar diferentes formas de mixagem. Todo DJ tem que encontrar sua melhor forma de entregar música ao público. Para mim, não importa como você toca a sua música, estou confortável com toca-discos, mas também com CDJs ou controladoras.O mais importante é a seleção musical, a forma que você junta as suas músicas. O público não se importa com qual mídia você está usando, o que é importante para eles é ouvir música boa e poder dançar.

No último dia 7 de Setembro você lança pela Emerald City um remix oficial para lendária Sueño Latino. Como surgiu o convite? O que você pode nos contar a respeito do processo criativo?

Sim, estou muito animado com esse novo lançamento na Emerald City. Como eu expliquei antes, quando eu começo a trabalhar em um novo projeto, após alguns minutos eu sei a direção que quero seguir. Nesse caso, eu estava tocando as notas de piano de Sueño Latino no meu teclado. Após 20 minutos, ficou claro para mim que eu tinha algo interessante. Então, decidi passar alguns dias trabalhando nesse projeto, porque era muito importante respeitar o espírito da faixa original e também porque eu costumava tocar no começo dos anos 90. Sempre foi uma das minhas faixas preferidas de house. Depois disso, com a ajuda de Leon Oakley (A&R da Hot Creations/Emerald City), consegui contato com a Expanded Music, que era responsável pela faixa original, para pedir a autorização para lançar como cover oficial. Giovanni Natale da Expanded Music foi muito prestativo nesse processo e depois de alguns dias conseguimos a autorização para lançar.

Como DJ e produtor ativo desde os anos 90, certamente você possui uma visão privilegiada sobre o crescimento da dance music nas últimas décadas. Pra você, como foi analisar o movimento que tirou house/techno do profundo underground e o colocou a disposição de milhares de pessoas em palcos de grandes festivais e super clubs?

Para ser sincero, não fico muito confortável com grandes festivais, é algo que eu identifico mais como EDM e não deep ou house music. As pessoas esperam que você empurre o som e entregue batidas pesadas. Acho que um DJ de verdade não precisa gritar no microfone para criar uma boa atmosfera. Acredito que o meu som seja mais voltado a pequenos clubes e é onde eu realmente consigo me comunicar com o público. Gosto da ideia de ter as pessoas ao meu redor, ou atrás dos toca-discos, trocando algumas palavras, talvez fazendo novas amizades. Isso é o que eu considero um verdadeiro clube.

Na sua opinião, quais características são indispensáveis para um artista trabalhar com profundidade tanto sua discotecagem, quanto a produção musical?

Para conseguir fazer isso, você tem que ter a mente aberta e estar aberto a diferentes tipos de música. A inspiração pode vir de todos os lugares, um disco velho, uma faixa nova que acaba de ser lançada ou talvez a música de fundo em um filme. Após isso, você precisa ser capaz de reproduzir a ideia que você tem na sua cabeça com um computador/instrumentos e torná-la o melhor possível para ter certeza que pode incluir nos seus DJ sets. Você também precisa ser constante e acreditar profundamente no que você está fazendo. Esse é o segredo.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Minha resposta é simples: ela é o motor da minha vida!

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