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A música conecta

Alataj entrevista Manni

Por Alan Medeiros em Entrevistas 29.10.2018

Manni é a alcunha artística do produtor musical Manoel Vanni, um dos pioneiros da música eletrônica no Brasil. Ativo na cena desde os anos 80, Manoel não apenas acompanhou, como fez parte de uma série de transformações da nossa indústria que acabaram nos trazendo a este exato momento, um período onde finalmente podemos dizer que as cenas house e techno possuem potencial de inserção até mesmo frente as grandes massas.

A carreira de Manni sempre foi marcada pelo desempenho em alto nível no estúdio. Já na década de 90 ele desenvolveu o que foi um dos primeiros live acts do Brasil, ao lado do DJ Mau Mau, Marcel SK e Franco Jr. Paralelamente a isso, manteve uma rotina de lançamentos trabalhando sob diferentes pseudônimos, foram diversos até o lançamento do projeto Manni, seu alter ego mais recente.

Através dessa alcunha, Manni desenvolveu um relacionamento especial com a Society 3.0, gravadora alemã que lançou seu debut álbum Wave Machine em 2016 e agora volta a apostar no artista brasileiro para o release de um trabalho ainda mais amplo e completo: Take 6, seu novo full lenght. No embalo do lançamento que aconteceu oficialmente na última sexta-feira, convidamos Manoel para um bate-papo exclusivo. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Manni! Tudo bem? Você é um artista que aparentemente gosta do processo criativo de full lenghts, certo? O que há de mais prazeroso na criação de um álbum?

Manni: Gosto de ir para o estúdio diariamente. Pra mim, compor é algo que faz parte da minha rotina e considero o processo de composição de um álbum muito excitante de uma maneira geral, principalmente quando você termina a master e pode ouvir e tocar aquilo que você criou. Poder ver as pessoas e outros DJs tocarem e apreciarem a sua obra, acho esse o momento de maior satisfação no processo criativo de um álbum, pois só então tudo aquilo que você deu vida vai poder te dar algum retorno mais palpável.

Ao longo dos últimos anos a Society 3.0 tem oferecido um suporte muito importante para as suas criações. Como você descreveria seu relacionamento com o label até aqui?

Nossa parceria tem sido realmente muito proveitosa para ambos os lados, uma porque o selo é bem conceitual e gosta de lançar músicas e artistas realmente novos, alternativos e com uma proposta sonora que não se restrinja. A Society 3.0 na minha opinião mantém uma postura muito fiel a esse conceito de ser alternativo pensando em primeiro lugar na arte e no som, não somente em atingir números espetaculares de venda. Claro que vender bem é sempre muito bom, então eles também fazem um trabalho de PR muito bem feito e focado.

Take 6, seu novo álbum, foi lançado recentemente, não é mesmo? Artisticamente falando, o que este trabalho representa pra você? Através de suas faixas, você conseguiu expressar plenamente suas preferências musicais?

Esse como todos os meus trabalhos, tem tudo haver com minha bagagem musical e com certeza expresso meus conhecimentos e sentimentos contidos nessa longa viajem pela estrada da música, a qual venho percorrendo até hoje. Comecei a estudar Piano clássico aos 6 anos de idade e mesmo quando criança estudando piano clássico, sempre procurei inventar o meu som e a minha própria técnica dentro do piano.

Seus primeiros trabalhos na música eletrônica nos trazem de volta ao ano de 1985. De lá pra cá, quais foram as mais dolorosas e necessárias transformações dessa indústria ao seu ver?

Bem as lojas de discos vinyl quase que se extinguiram, em detrimento das novas plataformas de venda de música em digital em MP3. Aumentou exponencialmente o número de Dos e produtores mundo afora devido ao fato de que hoje em dia com um computador bem turbinado vc tem um mega studio dentro dele e vc dentro do seu quarto consegue produzir um álbum de altíssima qualidade, e as mídias sociais te ajudam incrivelmente a se projetar e a lançar seus trabalhos veja o exemplo do Spotfy. Então desde 1985 quando comecei como Dj na Rádio Fm tudo mudou em todos os sentidos mas pra continuar temos que nos adaptar pra sobreviver, como com tudo em todos os aspectos e espectros das nossas vidas.

O M4J representa um marco na música eletrônica brasileira. Quais são suas melhores lembranças em torno desse projeto?

Nossos lives foram muito bacanas sempre, fomos até para a Turquia tocar em um super festival de música eletrônica patrocinado pela Ballantines onde estavam presentes os melhores nomes da cena eletronica internacional na época. Tocamos no Free Jazz, Skol Beats e outros eventos grandes, foram momentos muito importantes e inesquecíveis. Chegamos a cidades como Londres e Paris, onde fui tocar como DJ inúmeras vezes, além de fabricar discos de vinil da Tropic Records, selo pelo qual publicávamos nossos releases.

Um álbum com 15 faixas não é algo tão comum na música eletrônica, ao menos não atualmente. Como você chegou nesse resultado e o que fez você manter essas 15 faixas no release?

Chegamos nesse resultado depois de um ano de trabalho para compor e compilar todas as faixas. Poderíamos ter optado por lançar todas como singles, mas eu gosto mais do formato álbum por você poder reunir vários estilos e linguagens ao mesmo tempo em um só pacote. Além do fato de ter ficado mais de um ano sem lançar nada, 15 musicas mostra que não estou parado no tempo…

Na sua visão, o que ainda falta para o Brasil ser visto como uma referência global dentro da música eletrônica? Ou já estamos nesse patamar?

Com certeza hoje o Brasil já tem uma posição de destaque no cenário mundial da música eletrônica, tanto com artistas como com o calendário de festas, festivais e clubes.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música eletrônica sempre foi e será minha paixão. Gosto desde que ouvi pela primeira vez nos anos 70: Andy Carlos, Emerson Lake & Palmer, Rick Wakeman, Giorgio Moroder, ZAP, Jean Michel Jarre, Allan Parsons e outros.

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