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A música conecta

Alataj entrevista Mar-T

Por Alan Medeiros em Entrevistas 10.08.2018

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Uma figura lendária para o desenvolvimento da cena eletrônica de Ibiza. Assim pode ser definido o perfil de Mar-T, DJ e produtor de mão cheia, artista residente do Amnesia desde 1999 e mente por trás da Wow! Recordings. Muito do poder que a cena espanhola possui hoje frente ao movimento house e techno se deve a artistas como ele.

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Martin Vega, seu nome de batismo, ajudou a criar o grande conceito que existe hoje por trás do que é o Amnesia. Club e artista se desenvolveram de forma mútua e com a experiência adquirida pelas pistas de Ibiza, Mar-T rumou para o mundo, se tornando um artista regular em algumas das principais pistas do planeta – em Novembro, ele retorna ao Brasil para, entre outros compromissos, tocar no aniversário de 16 anos do Warung Beach Club.

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Recentemente a sua gravadora, Wow! Recordings, alcançou a marca de 100 releases com o EP Stay Alert, uma parceria entre Mar-T e Luca Donzelli com remix de Hector Couto em uma das faixas. No auge de mais um verão no hemisfério Norte, Martin corre para cumprir todos os compromissos de sua agenda e encara com sabedoria o difícil desafio de se manter como referência dentro da cena global. Confira nosso bate-papo com o artista:

Alataj: Olá, Mar-T! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Você acumula experiências em Ibiza desde o século passado e certamente acompanhou todo crescimento e evolução da música eletrônica por lá. Como você avalia as recentes transformações que a ilha vem passando?

Mar-T: Estou bem, obrigado. Sim, estou aqui há algum tempo e tenho visto muitas mudanças, mas é natural, se não houver mudanças, Ibiza morrerá. Eu acho que a ilha está voltando à normalidade após alguns loucos anos de EDM, loucura VIP e preços loucos.

2018 será um ano de transição para a normalidade, mas todos precisam sentir a mudança e isso leva algum tempo. 2018 é o ano em que Ibiza dará a oportunidade para uma nova espécie de headliners. Muitos headliners clássicos terão ido embora ou quase, não quero citar nomes. É o ano da música eletrônica boa. Haverão outros estilos, que não são tão bem-vindos, mas Ibiza é para todos e todos são bem-vindos.

Amnesia tem sido reconhecido como um dos principais clubs do mundo nas últimas décadas. Como parte do time de residentes do club, quais características você considera mais especiais nessa jornada até aqui?

Depois do encerramento do Space e Pacha mudando de donos, eu diria que Amnesia junto com DC10 são as últimas lendas vivas. A história do Amnesia começa em 1974 e você consegue sentir isso quando chega. Há uma grande história por trás do club, a qual não podemos esquecer.

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Um bom DJ de tech house tem a possibilidade de flertar com o house em momentos mais alegres e vibrantes e com o techno em situações mais intensas e obscuras. Como você tem misturado esses dois estilos em seus sets? Qual sua linha de raciocínio para construção de uma boa apresentação?

Exatamente! Isso é o que eu amo, o único problema é que alguns DJs do Reino Unido têm ultrapassado os limites e alguns deles fazem parecer que é tech-house-EDM… que eu odeio. Tento misturar eles de forma legal, não muito cheesy e mais experimental, embora seja difícil para pista entender isso.

Suas passagens por D-EDGE e Warung ficaram marcadas em nosso coração. Na sua opinião, o que os clubbers brasileiros tem de melhor?

Os clubbers brasileiros ainda têm a essência do clubber e esperançosamente isso ficará por um bom tempo. Eles escutam música e decidem sozinhos se gostam ou não, não consideram apenas quem é o DJ. Isso é essencial para a indústria.

Trabalhar como DJ exige um grande preparo emocional para lidar bem com as turnês e longos períodos longe de casa. Como você busca manter sua saúde em meio a tantas viagens? Isso é um grande desafio pra você?

Meu truque para funcionar é tentar fazer mini turnês ao invés de longas. Durante a temporada em Ibiza, eu também viajo apenas pela Europa e limito para onde vou, assim tenho muita energia depois do verão de Ibiza para estar pronto para viajar.

Luca Donzelli tem sido um grande parceiro de produção pra você nos últimos anos, certo? Conta pra gente como tem funcionado o processo criativo de vocês em dupla no estúdio.

Luca é o cara! Ele torna o meu tempo no estúdio mais produtivo, ele entende o que eu quero e faz isso acontecer na metade do tempo que eu levaria. Eu consigo ser mais criativo, embora ainda existam dias em que você está no estúdio por 8 horas e NADA acontece [risos].

A decisão de se dedicar plenamente a música eletrônica é uma tarefa bastante complicada, principalmente quando há a possibilidade seguir uma carreira “normal”. Como foi esse processo pra você?

Estive no meio da indústria musical desde que eu tinha 14 anos, então isso é tudo o que eu queria. Bom, primeiro eu quis estar em uma banda de rock, mas isso não foi possível. Tentei, mas é outro nível. Alguns DJs gostam de pensar que eles são como estrelas do rock, mas isso não é verdade.

Sua gravadora WOW! Recordings acab de chegar a marca de 100 lançamentos em maio. Ter seu próprio selo modificou a forma como você enxerga o mercado enquanto negócio?

Hoje em dia é difícil fazer isso funcionar, as pessoas tendem a comprar música de produtores e selos que elas conhecem. Elas não escutam a música, apenas compram o que acham que deve ser bom, pois vem de um certo selo ou produtor. É um trabalho duro para mim, tento ter um selo onde qualquer produtor com música boa seja bem-vindo e quando você vê as vendas, às vezes, você quer chorar porque não é justo para eles. Todos os novos produtores, que querem entrar nessa indústria, também deveriam comprar música de outros novos talentos. Se não, este é o fim.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Tudo. Estou na música 24h por dia. Não só música eletrônica, gosto de muitos outros estilos, você pode investigar se olhar o meu perfil no Spotify.

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