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A música conecta

Alataj entrevista Molly

Por Alan Medeiros em Entrevistas 16.04.2019

É indiscutível a importância que uma residência possui no desenvolvimento da carreira de um DJ, mas pouquíssimos são os clubs que realmente conseguem colocar seus artistas em um next level a partir do momento que são anunciados como parte do time de residentes. Sem dúvida alguma, REX de Paris está entre eles. É de lá que vem Molly, uma das novas peças da cena minimal/house global, que recentemente esteve em tour pelo Brasil e na ocasião falou com a nossa equipe.

Conheça Traumer e sua musicalidade explosiva. Nós falamos com ele em entrevista exclusiva!

Além de residente do REX, Molly também é parte do casting de gravadoras do calibre de RDV Music (a qual ela mesmo gerencia), Rekids e All Inn. A paixão com que Emeline (seu nome de batismo) guia seus trabalhos, tanto no estúdio, quanto na pista, deve ser apontada como um dos pontos altos de sua jornada na música, quase sempre intensa, moderna e inovadora. Nos últimos meses, Molly esteve envolvida na programação de alguns importantes clubs e festivais no mundo todo, com passagens recentes por Austrália, Ásia, Estados Unidos e, claro, Brasil.

Nesse bate-papo exclusivo, ela fala sobre os desafios do equilíbrio dentro de uma carreira musical, feminismo, cena francesa, passagem pela América do Sul e mais. Confira o resultado deste importante encontro abaixo:

Alataj: Olá Molly, muito obrigado por falar com a gente! Queremos saber um pouco mais sobre você e sua carreira. Além de DJ e produtora, você ainda está à frente da RDV Music. Como tem sido conciliar tudo isso de forma equilibrada?

Olá! Tenho que dizer que no meio de tudo, minha agenda é muito ocupada. A maioria das pessoas que estão fora do business pensam que o nosso trabalho consiste apenas em tocar por 2h e o resto do tempo estamos em “feriados”. Mas não é o caso, nós não temos tempo livre. Falando por mim, passo horas procurando discos, momentos bem longos no estúdio e ainda tomo conta do selo, isso significa procurar por artistas, criar projetos, lidar com a empresa de distribuição, organizar promo do selo, etc. Eu gostaria de ter mais tempo para desenvolver o RDV, mas no momento preciso ir passo a passo, sem muita pressa.

Onde exatamente você se sente mais confortável atuando? Trabalhando com os decks em frente ao público ou criando de forma mais reservada no estúdio?

Boas pergunta… Depende. Tem dias em que eu prefiro criar no estúdio e dias em que prefiro tocar. Meu humor e minha criatividade possuem grande parcela nisso.

Você é parte de uma geração de artistas que tem ajudado a dar mais vazão ao trabalho feminino na cena. Na sua visão, o que falta para as mulheres ocuparem o mesmo espaço em relação aos homens no mercado? Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser mulher num cenário predominantemente masculino?

Em todos os gêneros musicais, no geral, há menos mulheres, menos músicas, menos produtoras… Então, claro, demora um tempo para ocupar um espaço razoável no mercado comparado ao espaço dado aos homens. Precisamos ter mais mulheres envolvidas, isso é um fato. Precisamos de mulheres mais ativas, que criem sua própria música e tenham paixão por ela. Claro que já sofri preconceito por ser mulher, mas isso não me afeta mais… Pelo contrário, me deixa ainda mais forte!

Você considera que a cena francesa se encontra em transformação no atual momento? Quais são os principais players da atualidade na sua visão?

A cena francesa é muito rica, definitivamente. Eu não diria que há uma transformação, pois no meu ponto de vista ela sempre foi rica. É só porque as pessoas de fora dão mais valor para cena francesa agora… Há muitos anos fomos influenciados por grandes produtores e muitos artistas surgiram daí. Temos talentos em diferentes gêneros musicais, mas com certeza, os que eu mais vejo internacionalmente são Apollonia, Jennifer Cardini, DJ Deep, François X, Traumer, Bambounou, Zadig, Antigone, Voisky, etc., e claro, tem os grandes nomes como Laurent Garnier, Philippe Zdar, Agoria e mais uma grande leva.

Tem mais francês fazendo um trabalho excelente na cena. Confira nosso bate-papo com Bellaire!

Vamos falar sobre sua vinda ao Brasil? Você é residente de um dos maiores festivais do mundo [Exit] que teve um showcase organizado pelo D-EDGE aqui no fim do mês. Quais são suas expectativas em torno desta gig e turnê pelo país?

Estou super animada desde o dia que eu soube. E para ser sincera, D-EDGE estava na lista de lugares que eu gostaria de tocar há muito tempo. Também estava muito curiosa para conhecer o país, gostaria de poder ficar mais.

Essa é sua primeira vinda para cá, certo? Você pretende conhecer um pouco mais a fundo o Brasil? O que você sabe a respeito da cultura musical brasileira?

Sim, é a minha primeira vez. Estou conhecendo um pouco Curitiba e farei o mesmo em São Paulo. Também estou tentando aprender um pouco do vocabulário português – não é fácil [risos] – e experimentando a especialidade local. Conheço um pouco da cultura brasileira e amo a música brasileira. De certa forma, me sinto muito conectada com esse país, é bem estranho.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida? Obrigado pelo seu tempo!

Tudo! A música me deixa feliz, a música me deixa triste, a música me cura todos os dias e eu não conseguiria viver sem. O prazer foi meu!

A música conecta.

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