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A música conecta

Alataj entrevista Nathan Barato

Por Alan Medeiros em Entrevistas 23.04.2019

O DJ e produtor canadense Nathan Barato construiu uma importante reputação no cenário tech house após uma série de releases de sucessos por labels como Cajual, Defected, Material, Rekids, Relief, Snatch e Suara. Entretanto, foi via Hot Creations que o seu álbum de estreia, Past Forward, foi lançado em março deste ano, empurrando sua jornada na música para um next level.

Com 10 faixas originais, 6 delas em colaboração, o trabalho pode ser considerado o ponto alto de sua carreira até aqui, principalmente pela forma com que diferentes caminhos foram categoricamente explorados. House, tech house e deep house encontram-se em momentos distintos, apresentando assim um artista que evoluiu em termos de linguagem e está pronto para assumir um papel de protagonismo a nível internacional.

Nesse bate-papo exclusivo com o Alataj, Nathan fala sobre o equilíbrio entre os trabalhos como DJ e produtor, relacionamento com gravadoras, debut álbum, experiência no Brasil e muito mais. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Nathan! Obrigado por falar conosco. Percebo que você possui uma carreira bem equilibrada no que diz respeito as conquistas como DJ e também como produtor. Na sua visão, qual é a importância de trabalhar um perfil ativo nessas duas frentes, ao invés de focar em uma ou outra apenas?

Obrigado! Sim, essa carreira é divertida porque às vezes pode se ter dois empregos em um. Ambos os lados se ajudam e se machucam mutuamente. Se você tem música impactante no mercado, geralmente é mais contratado como DJ, mas quando você está tocando muito, é difícil entrar em um ritmo para fazer música boa. O que parece funcionar bem é tirar uns dias para focar apenas no estúdio – se você puder.

Hard Werq é, sem dúvidas, um divisor de águas na sua carreira. Como você enxerga e avalia a aceitação que essa faixa teve quando lançada? Quais foram os principais suportes que ela obteve de acordo com sua memória?

Sim, foi tipo a minha festa de despedida. Foi um momento interessante para mim, pois eu não estava tocando internacionalmente, estava apenas apodrecendo no estúdio todos os dias fazendo música sem compromisso. É engraçado porque quando as gigs começaram a aparecer, eu tentava ir atrás daquele feeling de estúdio que eu tinha antes de aparecer gigs internacionais. Stacey Pullen foi o primeiro a dar amor a Hard Werq, então Marco Carola começou a tocar na Music On (Ibiza), depois Loco Dice, Carl Cox e muitos outros. Foi um momento divertido para mim, já que eu era viciado em assistir qualquer vídeo desses caras tocando a música nas festas.

 Hot Creations e Rawthentic estão entre os labels mais próximos de sua carreira atualmente. Na sua visão, qual é a função/importância que uma gravadora possui nos tempos modernos onde o streaming possui alcance superior quando comparado a venda digital ou física?

É um momento interessante pela capacidade de alcançar praticamente qualquer ouvinte, mesmo sem um selo forte atrás de você. Tecnicamente, tudo o que você precisa é a internet. Mas, idealmente, ter um selo forte por trás de sua música ajuda a alcançar pessoas que têm um olhar para esse selo. Também é algo que funciona bem no sentido de se sentir confortável com as pessoas que administram e promovem o selo. Hot Creations é uma espécie de selo parental para mim e Rawthentic é como se fosse um selo do meu irmão.

Past Forward, seu recente álbum lançado pela Hot Creations, traz uma série de colaborações em um mix interessante de house, tech house e deep house. O que você pode nos contar a respeito do processo criativo deste trabalho? É possível dizer que esse lançamento representa fielmente seu atual perfil sonoro?

Como eu disse anteriormente, tirar um tempo para focar apenas no estúdio pode ter um efeito muito positivo e foi isso que eu fiz em janeiro/fevereiro do ano passado. Sentei e fiz batidas todos os dias, acabei com 22 faixas. A partir disso, havia cerca de 12 faixas parecidas, fiquei com 10 que seriam legais para lançar como álbum. O álbum praticamente resume quem eu sou enquanto produtor, tirando o fato que gosto de fazer algumas faixas mais pesadas, que deixam as pessoas de queixo caído. Mas não foi a energia que colocamos para esse álbum.

Percebo que, ao longo dos anos, suas produções foram se tornando cada vez melhores e mais completas. Diariamente, como você tem lidado com a experiência adquirida nos palcos e estúdios mundo a fora?

É engraçado porque quanto mais você lança música, mais há expectativas. Muitos labels e pessoas querem que você faça uma faixa como o seu último hit, mas você é um artista que fica entediado, pois somos inspirados todos os dias por coisas novas e velhas. Estou sempre fazendo diferentes cursos e tentando ser melhor como produtor, mas geralmente faço o meu melhor quando não penso muito, apenas crio.

Grandes festivais ou clubs undergrounds: qual destes dois cenários oferece a você um ambiente mais confortável para prática da discotecagem?

Gosto dos dois por diferentes razões. Se eu tivesse que escolher um, escolheria clubs. Não há nada melhor do que um clube escuro com um bom sound system, cheio de pessoas em busca de uma experiência musical.

Em 2017 você esteve no Brasil tocando em uma das datas do verão do Warung Beach Club. Como foi essa experiência? O que você pode observar a respeito da atmosfera do público brasileiro?

Foi uma experiência extraordinária para mim. Gostei muito. Foi um lugar tão especial e foi tão legal tocar em um horário em que eu pudesse aquecer a pista para o Carola, como costumava fazer em Toronto, além de também dar ao público alguns momentos que eles desejavam. Depois do meu set, fiquei na pista e festejei com as pessoas até o fim. Elas eram tão incríveis e amigáveis. Espero voltar um dia!

https://www.facebook.com/nathan.barato.fanpage/videos/1198283953596933/

 

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música representa uma saída para expressar e dar expressão. É um presente e sou sortudo por conseguir dedicar minha vida a ela.

A música conecta.

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