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A música conecta

Os mistérios de Claptone

Por Alan Medeiros em Entrevistas 24.11.2015

Na mesma medida em que sua base de fãs cresce, o mistério sob sua identidade aumenta. Claptone é um DJ e produtor alemão que explodiu para o mundo no começo de 2013, com o lançamento de “No Eyes”. Na época o deep house começava a ocupar papel de protagonista nas pistas do mundo inteiro e com uma identidade bastante melódica e sedutora, Claptone foi crescendo em cima de faixas de sucesso que sucederam seu primeiro hit. “Ghost” foi seu segundo grande sucesso e mostrou um artista pronto para desbravar as fronteiras da Europa. No Brasil, Claptone estreou em 2013, em uma tour assinada pela moove que passou por clubs como Vibe e Warung. Desde então, ele tem sido um nome frequente em solo brasileiro, tanto que no último fim de semana se apresentou no aniversário de 8 anos do Green Valley. Esse ano, ele lançou seu primeiro álbum. Denominado “Charmer”, o trabalho impressiona pela brilhante identidade construída através de suas 13 músicas. Conversamos com Claptone na tentativa de descobrir um pouco mais sobre esse misterioso artista. O resultado você confere logo abaixo. A música conecta as pessoas!

Alataj: Olá, Claptone. Obrigado por essa entrevista. Nos últimos anos, você teve uma ascensão meteórica e viu suas produções cair no gosto de DJs e públicos do mundo inteiro. Você imaginava um sucesso tão grande em poucos anos?

Claptone: De forma alguma. Fizemos música não apenas como uma forma de auto-terapia, mas também para obter o reconhecimento das pessoas, é claro. O fato de minhas faixas chegarem ao topo dos charts no mundo e até mesmo serem tocadas nas rádios, é uma surpresa. Uma surpresa muito positiva.

Há um grande mistério rondando permanentemente sobre sua identidade. Há uma razão pela qual você decide não revelá-la?

Eu gostaria de poder revelar a minha identidade para mim mesmo, encontrar-me, pode-se dizer assim. Meu mistério se dá pelo fato de eu não ter me encontrado com a música ainda. Eu tenho certeza de quem eu sou, mas o que exatamente ainda é um mistério para mim. Sou um pássaro, uma sombra, um ser humano amaldiçoado? Meu objetivo é ser “humano” e minha música me ajuda nisso. O que eu posso dizer é que a máscara de ouro que eu uso lembra o formato de uma máscara de médicos pragas e ao mesmo tempo tem uma origem veneziana. Cultura e religião, são ferramentas poderosas, mas perigosas. Elas me inspiram. Sempre gostei da cor negra, não tanto quanto eu gosto do escuro. Eu me sinto melhor no escuro. Uma maneira importante de eu começar a tocar as pessoas com a minha música, é manter-se em uma distância pessoal. Isso aumenta a intimidade do nível sônico. As luvas, as mangas longas, o chapéu e a máscara são todos parte dessa distância do corpo, que me permitem estar perto de vocês através da música.

Sua música é caracterizada por momentos melódicos e melancólicos. Quais são as principais influências que você utilizou para compor o projeto?

Claptone. Se você dividir meu nome em dois, em seguida, saberá por que o álbum soa orgânico. É o toque humano. O som orgânico reflete pelo envolvimento emocional e pessoal que temos ao criar uma música, bem como os meus esforços para evocar emoções dentro do ouvinte. Não me considero um ghost producer, sou o meu próprio fantasma, um fantasma real. Sou eclético, por que eu amo a música em geral e para mim a separação em gêneros não é tão importante quanto o meu gosto pessoal, que separa a música que ressoa comigo e as que simplesmente não me tocam.

Em 2013, você fez sua estreia no Brasil, tocando em alguns dos principais clubs do país como Vibe e Warung. Como é pra você tocar por aqui?

Eu amo tocar no Brasil. As pessoas aqui não só me entendem, elas são tocadas pelo meu som, elas me sentem toda vez que eu toco no país, querem se tornar uma parte do Claptone, querem se envolver. Eu sou muito grato aos que me recebem de braços abertos toda vez que eu retorno.

Você possui uma relação muito intensa com a Exploited, uma das melhores gravadoras de deep house da Europa. De que forma essa parceria contribuiu para o amadurecimento de sua carreira?

Exploited é como uma família pra mim. Eles me protegem e apoiam, me dão amor e um feedback negativo as vezes, são honestos comigo quando necessário. Mas, principalmente, eles me ajudam sempre que podem. Eu tenho plena liberdade artística e isso é muito importante, por que na minha opinião, você precisa estar sempre no controle da sua carreira.

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