Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista Pfirter

Por Alan Medeiros em Entrevistas 03.04.2019

Juan Pablo Pfirter ou simplesmente Pfirter é um DJ e produtor argentino, atualmente vivendo em Barcelona, que reforça a tradição dos nossos hermanos na cena eletrônica, especialmente no techno. Além de seu trabalho no estúdio e nas pistas, Juan também possui uma jornada de sucesso como label boss da MindTrip, gravadora que possui releases assinados por artistas do calibre de Chris Liebing, Jonas Kopp e Pär Grindvik.

Como DJ e produtor, Pfirter possui algumas conquistas bem expressivas, entre elas estão os lançamentos por Figure, CLR, PoleGroup e Soma Records. Ainda assim, de forma consistente e madura, ele expandiu seu campo de atuação para fora da Argentina, deixando de ser um artista nacional para ocupar um posto de destaque internacional, um grande ponto de virada em sua carreira.

Traçamos o perfil artístico de Oscar Mulero, outro importante nome do techno internacional.

Nesse bate-papo exclusivo com o time do Alataj, Pfirter fala sobre a paixão do povo argentino por música eletrônica, colaborações e remixes desenvolvidos ao longo da carreira, possibilidade de viajar o mundo através da música, atmosfera musical de Barcelona e muito mais. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Juan! Tudo bem? Obrigado por falar conosco. Conheci seu trabalho através da MindTrip, selo que ajudou a fixar seu nome no cenário internacional do techno. É possível dizer que gerenciar sua própria gravadora tornou você um DJ mais crítico enquanto seletor musical?

Olá! Obrigado por me receber! Estou muito bem, feliz por conversar com vocês e muito animado para os lançamentos que sairão nos próximos meses, principalmente meu primeiro álbum, que será lançado muito em breve na MindTrip! Dirigir uma gravadora definitivamente causou impacto em mim. Não mudou meu gosto musical, mas com o tempo, modificou minha forma de selecionar música para minha plataforma e também para meus DJ sets. Para a MindTrip, meu objetivo é lançar o que eu gosto de tocar na maioria das minhas gigs, assim como faixas experimentais ou ferramentas que encaixem perfeitamente e consigam trazer uma abordagem mais musical ou mental. Elas precisam ser autênticas e atemporais… Funcionalidade é importante, mas não é o único fator a ser considerado. Há muita música boa, mas não quero ficar entediado por tocar ou ouvir nossos lançamentos após algumas semanas.

 Seu currículo de estúdio é um tanto quanto invejável, com faixas lançadas em labels do calibre de Figure, CLR, PoleGroup e Soma Records. O que o relacionamento com cada um desses selos te trouxe de melhor?

Aprendi e me diverti muito com todas essas colaborações e lançamentos. Figure tem um alcance musical mais amplo, mesmo que seja focada no techno, me senti 100% livre quando estava trabalhando nessas faixas. CLR é uma plataforma enorme e possui com seguidores incríveis, além de Chris Liebing ter se tornado um grande amigo. PoleGroup e Soma são selos lendários que estão fazendo um trabalho muito consistente por um bom tempo, cada um com sons diferentes. Sou muito orgulhoso por ter algumas músicas nesses selos e, principalmente, por trabalhar com artistas criativos e com visão do futuro.

Sabemos do histórico da Argentina na música eletrônica e do caráter passional que todo povo argentino possui com relação a música. Quão importante essas duas características foram para sua formação enquanto artista?

Muito! Como uma regra geral, DJs argentinos colocam muita atenção na pista de dança e na reação do público. A pista tende a ficar tão enérgica que você consegue perceber facilmente se há algo de errado com a música. Comecei a tocar no inicio dos anos 90 e, naquela época, as músicas nos clubs eram muito mais variadas do que agora, um pouco mais musical de certa forma. Então, fui treinado para fazer sets mais dinâmicos. Quando comecei a tocar na Europa, notei que em muitos países isso não estava acontecendo da mesma forma, às vezes a reação era muito pouca comparada ao que eu estava acostumado na Argentina e na maioria dos lugares da América do Sul. Porém, se a festa é boa, o amor e carinho pela música é o mesmo, só é expressado de uma forma diferente.

Você é um artista que possui colaborações e remixes com nomes como Chris Liebing, Len Faki, Par Grindvik e outros grandes artistas. O que esse processo de criação em conjunto ou recriação no caso dos remixes, possui de mais estimulante na sua opinião?

Como trabalho sozinho no meu estúdio na maior parte do tempo, compartilhar ideias com amigos e colegas talentosos é algo que estou buscando mais. A coisa mais estimulante dessas collabs é compartilhar ideias e torná-las realidade entre duas pessoas. Pode ser mais rápido e mais criativo, pois é mais fácil pensar fora da caixa quando você está ao lado da pessoa certa. Remixes são divertidos de fazer normalmente. Para mim, é uma abordagem muito mais simples do que fazer música original. Trabalho neles com menos apego do que na minha própria música. Também gosto de ter minhas próprias faixas remixadas por outros artistas e ouvir o que eles criam com meus próprios sons.

Acredito que um dos grandes pontos positivos da carreira de um DJ de nível internacional é a possibilidade de viajar o mundo conhecendo novas culturas. Como você costuma aproveitar este privilégio?

Provavelmente não tanto quanto eu deveria [risos]. Na maioria das minhas viagens eu viajo sozinho, me divirto na festa, durmo e volto para casa, então conheço outras culturas principalmente através da comida e de pessoas locais. Já estive em cidades como Moscou e não vi nada além do hotel e do club, isso que já toquei lá três vezes… Ocasionalmente, fico alguns dias a mais e consigo visitar algumas cidades bonitas, mas sou mais interessado em viagens pela natureza do que em grandes cidades.

Como você se relaciona com o background que encontrou desde que chegou em Barcelona? A própria cidade tem uma longa tradição de fornecer boa música eletrônica. Isso foi um fardo ou um trunfo para você como artista?

Fui atraído por muitas coisas em Barcelona: amigos, comida, idioma, arquitetura, clima… De certa forma, a cidade faz eu me sentir em casa e tem uma certa energia latina. Mas a cena musical de Barcelona não chamou minha atenção. Há boas e/ou grandes festas todo fim de semana e a Sonar Week pode ser muito divertida, mas hoje em dia, muitos clubes estão focando em vender champanhe para turistas bêbados e poucos estão concentrados na música. Na minha opinião, Madri, por exemplo, tem uma cena noturna melhor.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Além das relações pessoais, a música é meu foco principal. É para isso que me dedico e estou sempre em busca de novos sons e ideias. É o meio que me permite trabalhar fazendo o que eu amo e é a conexão entre mente e corpo. Eu não consigo imaginar a vida sem música.

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024