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A música conecta

Alataj entrevista Renato Ratier

Por Alan Medeiros em Entrevistas 09.04.2018

Se a música eletrônica está como está hoje no Brasil, muito disso se deve a Renato Ratier. Com um olhar pioneiro, corajoso e apaixonado, Renato inovou, quebrou limites e consolidou suas marcas como referência para dance music da América Latina. 18 anos depois da inauguração do D-EDGE em Campo Grande, ele dá um novo e importante passo em sua jornada como empreendedor ao lançar o D-EDGE Festival, um dos maiores eventos da história com a assinatura do club.

No próximo sábado São Paulo recebe 71 atrações divididas entre 6 palcos no Canindé, estádio da Portuguesa. Para o evento está sendo montada e preparada uma estrutura inédita no local, com palcos que representam momentos importantes da história do club e se conectam com o conceito histórico do D-EDGE, sempre ligado a música avançada e tecnologia de ponta. Ryan Elliott, Slam, Lee Burridge, Traumer, Trikk e Der Dritte Raum são apenas alguns dos destaques do evento, que ainda recebe um time de nacionais peso pesado.

Com exclusividade ao Alataj, Renato Ratier falou sobre alguns dos principais pontos de sua jornada junto a marca D-EDGE e reafirmou seu compromisso de evolução, dentro e fora dos palcos, com a música. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Renato! Tudo bem? Após uma jornada de duas décadas, o que exatamente te levou a criar um festival com a assinatura D-EDGE? A atmosfera do evento deve ser parecida com a do club ou está sendo criado algo totalmente novo?

Renato Ratier: Na verdade, toda a minha carreira como produtor de eventos e empresário começou com eventos grandes. Comecei em Campo Grande e lá fiz várias festas, as chamadas raves naquela época, com até 10 mil pessoas. Também fizemos o D-EDGE Concept em São Paulo, que tinha um formato de uma/duas pistas, foram duas edições. Agora chegou o momento de fazer algo que poderia nos representar, criamos o festival do club que com certeza representa todo o conceito durante todos esses anos, a tecnologia, o som do festival é um som que representa as noites do club. Teremos uma surpresa, um espaço novo, uma outra história que se chama All My God, abrirá pela manhã e tem outro conceito, é uma label nova e sai um pouco desse universo das pistas com mais tecnologia que representam totalmente o club.

A curadoria de um evento como esse é algo bastante complexo. Qual linha de raciocínio levou vocês até os nomes escolhidos? Entre os headliners, há algum que possui uma história especial ao longo dos 18 anos do D-EDGE?

Todos os DJs, tanto os nacionais quanto os internacionais, tem uma importância muito grande e todos têm uma conexão com a identidade do club. A curadoria foi feita através da escolha de muitos nomes que não tinham vindo para o Brasil ainda e também outros que possuem grande carinho do público. Temos por exemplo a DJ Heather que tocou logo no início do club, o Slam que tocou em festa no começo da minha jornada. Nomes que toco hoje: Architectural, Mark Broom… pensamos em artistas que não viriam facilmente para o Brasil, essa sempre foi a missão do D-EDGE, entregar muito ineditismo. A primeira apresentação no Brasil dos heróis da música eletrônica de muita gente foi no club.

A escolha do Canindé para o festival oferece a você e sua equipe um leque de possibilidades. O que você pode adianta pra gente a respeito do formato que o festival deve ter?

O primeiro motivo para a escolha do Canindé foi a localização, é muito favorável, de fácil acesso. Pegamos o estádio inteiro, então temos uma estrutura onde as pistas tem um isolamento ótimo, não temos problemas de misturar sons. Além de que ninguém vai ficar passando calor em um galpão, muitas festas têm uma produção legal mas tem esse problema. É um lugar para se sentir imerso no conceito do club, com toda a tecnologia, e ao mesmo tempo poder caminhar livremente em vários espaços diferentes.

A parte nacional do line up me parece tão interessante quanto a internacional. O que representa pra você ter nomes tão talentosos levantando a bandeira do D-EDGE pelas mais diversas pistas do país?

Bom, sou muito orgulhoso e me sinto privilegiado em relação aos nossos artistas nacionais. É uma turma de amigos e parceiros que representam a ponta do quesito artístico. Se pegarmos a trajetória, nome por nome, são todos muito respeitados. A maioria do casting faz parte da D AGENCY, que são os residentes do club também. São artistas realmente talentosos e fico feliz que mesmo tendo tantos nomes, conseguirmos fazer com que eles estejam com a gente celebrando este dia tão especial.

Achei muito bacana a presença de nomes como Renato Cohen e DJ Marky, que apesar de não serem parte do hall de residentes do D-EDGE atualmente, são ícones da dance music brasileira. Na sua visão, o que eles podem trazer de mais especial para o festival?

Nomes como Renato Cohen, Anderson Noise e DJ Mau Mau, são residentes desde a abertura do meu primeiro club, o D-EDGE em Campo Grande, então acho que essas pessoas não tem como não estar. Apesar de Anderson e Mau Mau serem residentes do D-EDGE, o Renato Cohen também era residente do primeiro D-EDGE. O Marky tocou muitas vezes, além de ser um DJ que acho um dos melhores do mundo, uma habilidade sem comparação, é um orgulho pra gente ter ele em nosso festival.

Sei que essa é uma pergunta um tanto quanto ingrata, mas se você tivesse que escolher um momento chave na história do D-EDGE, qual seria esse momento?

Fica muito difícil escolher uma data única, eu poderia citar várias: long set do Sven Vath, uma noite de terça-feira com Richie Hawtin, Marco Bailley e Adam Beyer, o pós Nokia Trends com Ellen Allien, Alter Ego, Tiefchwarz… tem muitas noites que foram inesquecíveis.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música tem um papel fundamental na minha vida, sou filho único, sempre amei música, de certa forma o amor por ela já era algo que vinha da minha mãe, que tocava órgão. Mencionei filho único porque a música é a minha companheira, durante os fins de semana eu viajava com os meus pais e como eles são mais velhos, eles iam dormir e eu ficava escutando música. Praticamente todos os dias eu dormia escutando música. Obviamente não sou uma pessoa bitolada, não falo só de música, odeio papo de DJ que fica o tempo inteiro falando sobre isso. Muitas coisas são importantes, a música assim como arquitetura, como moda que também é meu trabalho, arte, gastronomia, viagens. Uma coisa inspira a outra. A música tem o poder de unir pessoas, quebrar barreiras e sempre me deu muito prazer.

Saiba mais sobre o D-EDGE Festival aqui: 

A MÚSICA CONECTA.

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