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A música conecta

Alataj entrevista Rodrigo DP

Por Redação Alataj em Entrevistas 20.03.2019

Por Marllon Gauche

Assim como um livro, a carreira de um artista também carrega diversas histórias, romances e personagens. Para Rodrigo DP, um importante capítulo desse enredo vem sendo escrito principalmente nos últimos meses. O DJ e produtor argentino se aproximou no ano passado do núcleo brasileiro Laguna Music, gravadora/labelparty que, acima de tudo, busca projetar a música eletrônica para novas pessoas e lugares.

Conheça mais sobre o Laguna Music em entrevista com Rafael Bado.

Com essa conexão, Rodrigo DP teve sua primeira passagem por terras brasileiras em novembro do ano passado, quando a curadoria do núcleo assinou um palco no Elements of Life (EOL) em comemoração aos seus quatro anos de história, trazendo na ocasião o artista como atração. Dedicado de corpo e alma ao seu trabalho, Rodrigo movimenta a cena argentina de forma bem significativa e seu talento atrás dos decks já lhe garantiu residência em dois importantes clubs do país, o Buenas Noches Producciones (BNP) e o Dorian Gray Club, ambos em Córdoba.

Paralelamente a suas apresentações, Rodrigo divide boa parte do seu tempo para a produção musical, possuindo até o momento uma invejável lista de lançamentos por labels como Sanity, Savor Music e Cyclic. O reconhecimento de suas músicas não ficou apenas nas gravadoras e veio também de big names do cenário como Richie Hawtin, Troy Pierce, Paco Osuna, Cuartero e muitos outros. Aproveitando o momento de sua volta ao Brasil em uma turnê de duas gigs, conversamos com ele de forma exclusiva. Confira:

Alataj: Olá, Rodrigo! Muito obrigado por falar conosco. Sua jornada como DJ/produtor está ativa desde 2008, um tempo considerável de estrada. Os desafios para quem está começando a carreira ainda são os mesmos de 10 anos atrás? Como você enxerga as mudanças que aconteceram de lá até aqui?

Rodrigo DP: Olá, Alataj! Primeiro gostaria de agradecer pela entrevista, é um prazer enorme para mim! Sim, meu primeiro EP foi lançado no Beatport em 2008 e eu comecei como DJ no ano seguinte. Naquele tempo muita coisa era diferente, por exemplo, eu tocava CDs [risos]. Em Córdoba, lugar que moro, a cena e a cultura estavam crescendo e o público começou a sacar que a música eletrônica oferecia algo de diferente para suas vidas.

Em 2011 iniciei minha residência no Dorian Gray Club, o mais importante e emblemático de Córdoba, e desde 2013 [até hoje] sou residente no Buenas Noches Producciones (BNP), um dos maiores produtores de eventos de Argentina, nessas residências ganhei muita experiência como DJ, assim como em clubes e grandes eventos. É claro que meus desafios foram baseados no crescimento e aprendizado sobre esse trabalho, artisticamente e profissionalmente, se você está realmente interessado, é preciso se dedicar o tempo que puder e aprender sempre, porque você precisa estar atualizado com as novas tendências da música, tecnologia e todas as informações necessárias para ser um artista completo.

Na sua extensa lista de lançamentos e remixes, você considera algum como principal? Quais realmente te ajudaram a crescer profissionalmente?

Com certeza o meu primeiro EP lançado na Sanity, em 2016, é considerado mais do que importante, muitos artistas tocaram e foi o começo da minha amizade com o Cuartero, esse lançamento abriu muitas portas para mim até hoje. Outro lançamento muito importante da minha carreira é o meu vinil lançado pela Savor Music, que eu considero o mais respeitado selo argentino. Jorge Savoretti, seu fundador, é um artista que acompanho desde que comecei minha carreira. Esse lançamento também foi um divisor de águas para mim, mas no cenário nacional, recebendo o apoio de muitos de artistas do país. Recentemente eu lancei outro vinil com o Jorge, mas desta vez em sua nova gravadora chamada Rovas, sob meu outro aka, Rigzz.

E qual foi a gig mais especial da sua carreira até agora? Por quê?

Wow. É realmente difícil apontar apenas um, todos os shows e locais têm algo diferente para oferecer, mas se eu for escolher um mais recente, acho que seria a última turnê que eu fiz com o Cuartero, em Buenos Aires, foi especial. Nós tocamos ao ar livre e em The Bow Club no mesmo dia, dois dos locais mais importantes da Argentina. Outro destaque recente foi o EOL Festival, uma das experiências mais completas fora do meu país.

Muitos artistas consideram o público argentino um dos melhores do mundo. Como foi se desenvolver em Córdoba? O que de melhor a cena da cidade e do país possuem?

O público em Córdoba é muito especial, eles realmente curtem a música, você nunca verá uma multidão quieta, mas ao mesmo tempo são muito exigentes, então é uma combinação perfeita para DJs que gostam de fazer sets mais “arriscados”. Nós temos uma cena calorosa onde as pessoas guardam essa essência ‘raver’. Acho que uma das melhores coisas da Argentina é que você pode encontrar um público que realmente se entrega para cada gênero musical, mas com respeito aos outros. Também é possível encontrar cenas menores, mais comuns em cidades pequenas, o que torna uma experiência diferente da outra.

Você já fez o warm up para artistas como Carl Cox, Guy J, Marcel Dettmann e muitos outros. Qual a influência que nomes deste calibre exercem sobre você? Você possui algum ídolo na música eletrônica ou até mesmo fora dela?

Sem dúvidas essas experiências foram mais do que importantes e especiais, muitos desses artistas têm sido uma influência para mim desde o começo e alguns deles são lendas da música eletrônica, como o Carl Cox, por exemplo. Ser o responsável por aquecer a pista para esses DJs é um trabalho que fortaleceu minha carreira e a fé em mim mesmo, respeito-os muito. E sim, eu gosto de outras coisas, sou fã de Brit Pop dos anos 90, bandas como The Stone Roses, Blur, Pulp, Stereolab. Também sou amante do hip hop e do rap, esses gêneros me influenciaram muito.

Ano passado a Laguna Music comemorou os 4 anos de história durante o EOL Festival, festa que recebeu você como um dos representantes do label na pista. Esse relacionamento tem aberto novos caminhos para você?

Nós realmente chegamos a uma relação especial de amizade e trabalho. Na EOL pude me expressar livremente na cabine e também me conectei de forma muito verdadeira com as pessoas de Curitiba, musicalmente e pessoalmente. Eu realmente amo essa cidade e espero ter todas as portas brasileiras abertas sempre.

Em breve você vem tocar novamente no Brasil como convidado da Laguna. Quais suas expectativas em torno de mais uma passagem por aqui?

Minha expectativa para essa turnê, como sempre, é fazer dar o meu melhor para que as pessoas se divirtam na pista, compartilhando todo o material novo que preparei especialmente para esta ocasião.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Vocês já têm a resposta. A música representa minha vida. Obrigado!

A música conecta.

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