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A música conecta

Alataj entrevista Seventh Sea

Por Redação Alataj em Entrevistas 28.02.2019

Por Marllon Gauche

A Índia é uma país gigantesco, terra de diversas pessoas, culturas e religiões. Quando o assunto é música, provavelmente a primeira referência que vem à sua cabeça devem ser sons místicos com flautas e tablas, mas a verdade é que a dance music também está começando a dar suas caras por lá. Uma das figuras locais que está alimentando a cena é Sagar Bhagat, ou melhor, Seventh Sea. O DJ e produtor mantém uma relação bem próxima com o Brasil e, recentemente, fez sua segunda participação em um EP pela Nin92wo, importante selo de techno nacional comandado por Alex Justino.

Seventh Sea é natural de Bangalore, mas baseia-se em Dubai (EAU), cidade que possui um potencial musical maior para o desenvolvimento de sua carreira. Seu perfil multifacetado ao longo dos anos o levou a explorar o lado mais profundo do techno melódico, com sons etéreos e misteriosos, mas com versatilidade o suficiente para migrar ao acid e ao industrial em suas apresentações. Decidimos trocar uma ideia com este player da cena indiana que, inclusive, contou pra gente que uma de suas maiores inspirações é um duo de techno brasileiro. Ficou curioso? Para descobrir confira abaixo:

Alataj: Olá, Sagar! Tudo bem? Obrigado por falar conosco! Dubai é uma cidade com população relativamente grande. Você poderia nos descrever melhor como é a cena techno por aí? Existe um público receptivo a esse estilo ou isso é algo que tem se desenvolvido aos poucos?

Seventh Sea: Dubai tem um público bastante diverso, com o qual vem a diversidade na música. Techno definitivamente está em alta com todos os eventos acontecendo na cidade. Todos os grandes nomes continuam fazendo apresentações nos clubs e eventos, mas, infelizmente, a cidade ainda precisa acompanhar as profundezas deste gênero. Em outras palavras, o techno consumido pelo público e que os DJ/artistas locais tocam é apenas a superfície (comercial). O gênero que agrada o público desde o começo é o hip hop, mas também há um bom grupo seguindo o verdadeiro techno.

Em uma de suas produções [Serenity] você trabalhou em conjunto com um duo: Shash & Chaz. Como funciona pra você a colaboração com mais pessoas no estúdio?

Shash & Chaz são amigos muito próximos da minha cidade, Bangalore. Tocamos em muitas gigs juntos e compartilhamos de gostos bem parecidos na música. Nossa colaboração não foi apenas para lançar música, mas também para aprender um com o outro em termos de produção. Sempre considerei essa parte um conhecimento infinito, estou sempre aberto e ansioso para colaborar, aprender técnicas e métodos de outros artistas. Não importa qual sub gênero seja – dub, melódico, deep house, eletrônica -, sempre me mantive aberto para experimentações.

Ouvimos Athena, seu último lançamento pela Awen Records, e podemos dizer que ela nos levou a uma viagem musical bem profunda. Quais sentimentos você busca trabalhar em suas faixas de um modo geral? O que exatamente te motiva a produzir músicas com essa atmosfera?

Tem uma coisa interessante que eu preciso contar para vocês sobre Athena. O nome e as melodias na faixa foram uma interpretação de um sonho meu, principalmente a grande linha de synth depois do break principal. Sempre fui fascinado por mitologias de diferentes culturas e estou sempre vendo artigos ou blogs sobre isso antes de dormir. Nesse dia, eu estava lendo sobre a batalha entre Athena e Poseidon, aconteceu de eu sonhar com isso de uma forma muito vaga e houve essa melodia repetida tocando. Quando acordei, tive que gravar no meu celular para fazer uma faixa disso.

Quanto a minha motivação para essas atmosferas, posso dizer que estou sempre tentando descrever uma emoção específica que fica entre a raiva e a tristeza.

Falando um pouco mais sobre sobre lançamentos, você já teve dois trabalhos que saíram em gravadoras do Brasil antes deste EP. Como tem sido a sua relação com players importantes da cena daqui? O que você tem tirado de melhor desse relacionamento até então?

Costumo dizer que meu estilo de produção é muito sul-americano por natureza e a aceitação pelas gravadoras deste país foi muito acolhedora para mim – na verdade um impulso em minha carreira. Minha relação com os players é boa. Alex Justino, da Nin92wo, é o mais próximo, ele me ajudou muito em termos de lançamentos e conhecimento musical. Sem contar que ele é uma pessoa muito gentil e altruísta. Realmente sou muito grato a ele por isso.

Mesmo sendo um nome recente na cena eletrônica, suas músicas transmitem uma maturidade muito grande. Quais técnicas e referências tem auxiliado você a alcançar este nível?

Para começar, minha inspiração é e sempre foi o próprio Binaryh do Brasil. Estou constantemente tentando analisar suas técnicas de produção e estilos. Além disso, preciso creditar meu professor, o qual me ensinou o nível avançado de mixagem e produção, por motivos pessoais não posso mencionar ele aqui, mas vou dizer que ele trabalhou com grandes nomes da indústria, como U2, Prodigy, Dido e mais. Ele teve a gentileza de me ensinar os seus conhecimentos e segredos que aprendeu desde os anos 90.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida? Muito obrigado!

É a forma de expressar minhas emoções e conversar em uma língua que não tem palavras, mas ainda assim é completamente compreensível. É mágico como apenas melodias e notas podem transmitir sentimentos. Me sinto mais próximo da minha música do que nunca. Estou pronto para sacrificar tudo por ela.

A música conecta.

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