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A música conecta

O Sharp é um oásis no interior do Paraná

Por Alan Medeiros em Entrevistas 05.10.2015

Para que a música eletrônica se desenvolva de forma sustentável longe dos principais polos do país é indispensável o trabalho de pessoas dedicadas e engajadas em um compromisso maior. Cascavel, no interior do Paraná, está testemunhando o nascimento de um novo núcleo, que aposta em artistas fora do padrão e vem conquistando com trabalho uma boa base de fãs. No próximo evento do núcleo, dia 28 de Novembro, Gromma será o headliner. Antes disso trocamos uma ideia com Charlly Roger, um dos idealizadores do projeto. Ele também assinou o último mix do Alaplay Podcast, que serve de trilha sonora perfeita para a leitura dessa interessante entrevista.

1. Olá Charlly! Tudo bem? Conte pra nós como foi o início da sua carreira? Desafios, dificuldades… o que você teve que superar?

R: Oi Alan, tudo certo. Minha carreira começou muito cedo, quando eu tinha 14 anos. Desde a primeira vez que fui a uma festa de música eletrônica senti que era o caminho que eu queria trilhar. Claro que não foi fácil, a começar pela técnica. Minha mãe comprou meus primeiros equipamentos e eu literalmente chorava em cima deles madrugada a dentro para aprender a mixar! Haha Fora isso, não foi nada fácil me destacar em uma cena com a minha linha de som, que sempre foi diferenciada. Acho que ainda tenho muitas dificuldades pela frente, mas sei que estou no caminho certo.

2. Você está à frente do Sharp Movement, um núcleo paranaense que aposta em apresentar novidades para o público da região. De que forma isso nasceu e quais são os principais objetivos do projeto?

O núcleo já era uma ideia antiga e nasceu da junção de pessoas que realmente amam a música e querem fazer diferença na cena do interior, que é carente de novas informações e estilos musicais. Eu, Laura Marcon, Fred Livi, Mario Callescura resolvemos colocar em prática todas as nossas ideias e, mesmo no início do projeto, já estamos muito felizes com o retorno do público, que está muito curioso pelo que está por vir. Não queremos apenas fazer festas e apresentar podcasts, mas promover debates, trazer conteúdo dos grandes polos da música e nos envolver com projetos sociais, para quebrar as barreiras do preconceito e mostrar que música eletrônica é cultura.

3. Ainda sobre o Sharp, a marca possui uma identidade visual bem interessante. Há uma razão por vocês terem optado por uma comunicação que lembra bastante a arte clássica?

São diversos fatores. A ideia inicial foi pensar na arte como um todo e relacionar pintura e música. Também buscamos quebrar os padrões das artes que vemos hoje, que normalmente tem uma pegada moderna, mas as nossas contam com rabiscos, como uma desconstrução ao perfeccionismo que a arte renascentista remete. Quem está à frente da parte visual é o Fred, que também é DJ e está fazendo um excelente trabalho, prendendo a atenção das pessoas.

4. Recentemente você se apresentou no Club Vibe, uma das melhores pistas do Brasil. Como foi essa experiência?

Foi incrível! Um sonho realizado, pois sempre quis tocar lá. Além do club em si ser fantástico o público está preparado para ouvir coisas diferentes e tem uma interação com o DJ bem diferente do que estamos acostumados a presenciar por aqui. Foram 4 horas de warm up para o Oliver Giacomotto e ainda encerrei a pista com meu irmão Klayton Keppen. Sinceramente, foi a gig do ano pra mim.

5. A cena eletrônica nacional tem crescido bastante nos últimos anos. Os clubs passam por um processo de profissionalização bem interessante e os nossos artistas estão sendo reconhecidos no exterior. Na sua visão, nossa caminhada está no ritmo certo ou poderíamos estar fazendo mais pelo crescimento sustentável do mercado?

Acho que estamos no caminho certo, ainda mais pelo reconhecimento do nosso produto no exterior com artistas de qualidade, como o L_cio e o Zopelar, que estão ganhando muito espaço lá fora. Sabemos que a cena internacional vem trilhando sua trajetória a muito mais tempo e possui grandes artistas, mas já estamos ganhando destaque pelos nossos clubs, DJ’s, produções e labels. Tudo tem seu tempo e confio muito no potencial do nosso trabalho.

6. A música eletrônica se popularizou bastante nos últimos anos aqui no Brasil. Porém, essa é uma realidade inexistente em algumas cidades do interior, que ainda estão acostumadas a outros ritmos musicais. Há uma espécie de resistência no público de Cascavel e região para absorver novas tendências?

Já faz algum tempo que estamos inserindo a música eletrônica no mercado musical aqui na região, mas é claro que outros ritmos ainda interferem na cena, afinal, muitas pessoas que escutam música eletrônica frequentam os eventos sertanejos, por exemplo. Mas já temos um público expressivo, que vem crescendo cada vez mais, que participa ativamente da cena e está disposto a conhecer coisas novas. O Sharp veio justamente para contribuir com a evolução desse meio.

7. Para encerrar. Fale um pouco sobre suas influências. Artistas e selos: Quais foram os que exerceram maior impacto na sua carreira?

Iniciei minha carreira em uma levada bem progressiva e posso dizer que até hoje sou influenciado por ela. Os tempos mudaram e eu conheci novos caminhos. Gosto muito de fazer warm up e da pegada linear que eu sigo. Difícil falar apenas de um artista que impactou e influencia minha carreira, mas cito os produtoeres Lawrence e Efdemin, que me acompanham desde o início, e a label Dial Records, que sou muito fã e suas produções estão sempre no meu case.

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