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A música conecta

Alataj entrevista Slim Rimografia

Por Alan Medeiros em Entrevistas 14.08.2018

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O rapper paulistano Valter Araújo é mais conhecido no mundo da música como Slim Rimografia. Sua trajetória frente a cena hip hop é oriunda do século passado, pois lá em 1996 ele já era um nome atuante de sua comunidade junto a galera do grafite.

Os anos passaram, seu envolvimento com a arte de rua cresceu e em 2001 ele passou a se arriscar em batalhas de freestyle. Paralelamente a isso, Valter também flertava com a dança no papel de b-boy, mas claramente o seu lance eram as rimas. 13 anos depois, Slim Rimografia é uma das figuras centrais do rap nacional com 5 álbuns e uma grande quantidade de singles e EPs lançados na conta de uma trajetória que conta, inclusive, com uma passagem pelo BBB14.

Vale muito destacar que os primeiros discos lançados foram vendidos na raça, naquele melhor estilo DIY. Criação, produção e até mesmo a venda de todo material passava diretamente pelas mãos criativas e trabalhadoras de Valter, que pouco a pouco foi ganhado seu espaço na cena, especialmente por conta de sucessos como Por Você, Ela é Zika e Limpe Seu Próprio Quintal.

Em uma nova fase na carreira, Slim Rimografia flerta diretamente com um som mais pesado, pensado e projetado para a pista. Nesse processo, as batidas eletrônica se tornaram indispensáveis e é justamente por isso que ele captou nossa atenção. Flertando com o trap, boompap, grime e bounce, Slim celebra seus 18 anos de carreira na posição de um dos mais talentosos MCs brasileiros da atualidade. Falamos com ele:

Alataj: Olá, Valter! Tudo bem? Sua música fez parte da minha infância, é bom falar com você. Me contaram que Slim Rimografia está entrando em uma nova fase, mais próxima dos beats eletrônicos agora, certo? Como tem sido esse reposicionamento?

Slim Rimografia: Fico feliz em saber que curtia meus sons! Não sei se uma nova fase, mas sempre fui antenado na música e na forma que os equipamentos de produção evoluem e acabou sendo natural usar elementos mais eletrônicos de uns tempos pra cá.

Ao longo do ano serão 4 EPs inéditos, certo? Por quê não um álbum? Isso se deve apenas as mudanças no consumo de música ou há uma explicação artística em torno disso também?

Isso, são quatro EPs e dois deles já saíram. Acho que o álbum hoje em dia funciona se o artista já tiver uma grande expectativa em torno do trabalho, escolhi lançar EPs pois é algo que consigo produzir mais rápido e não perder o timing dos sons. Muito difícil prender atenção das pessoas pra ouvir um disco, é tudo mais curto e dinâmico hoje em dia.

Durante muito tempo você apostou num estilo mais suave, inclusive com bastante foco em melodias em alguns trabalhos. Nessa nova fase, podemos falar que há realmente um foco na pista de dança, com mais potência nas batidas e nas letras. O que te motivou a iniciar essa nova fase?

Sempre fiz o que me vinha na cabeça, meus discos sempre tiveram mais sons pesados, porém as pessoas se identificam muito com meus sons mais tranquilos. Acho que a música pode ir além do discurso e trazer alegria. A dança expressa isso muito bem. Tenho curtido sons mais rítmicos e que funcionam bem nas pistas, então tô me jogando nas pistas também.

Em seus momentos de folga, quais movimentos musicais ligados a cultura eletrônica tem captado sua atenção? Você tem algum artista preferido nesse momento?

Tenho escutado muito afrobeat, artistas novos nigerianos e a forma como eles produzem e criam sua arte é fantástica. Acho que ainda teremos grandes nomes pra ganhar o mundo em breve, como Mr. Eazi, Shatta Wale e vários outros.

Quais são os principais ensinamentos, especialmente da sua época como B-boy e grafiteiro, que você carrega até hoje?

Amor pela Cultura Hip-Hop, não só pela música Rap. Por toda a cultura em geral, pelo que ela representa e como essa cultura nos ajuda a nos expressar de maneiras tão diferentes.

Financeiramente Pobre, seu debut album de 2003, foi um sucesso absoluto de crítica. De lá até aqui, quais são as mudanças essenciais na sua jornada profissional? O que você mais sente falta daquela época?

Acho que o disco abriu muitas possibilidades pra mim e pra novos artistas que chegaram depois também. Vejo que a grande diferença é que hoje o Rap consegue gerar uma renda e assim montar equipes, produzir marcas, se estabilizar no mercado. Quando comecei, era só o desejo de rimar de fazer aquilo que ama e hoje todos sabem que podem realmente viver do Rap. Não sinto falta do que acontecia naquele ano, acho que foi como tinha que ser e hoje é como tem que ser também, não me prendo em nostalgia.

Alguns de seus trabalhos como beatmaker incluem contribuições com para Síntese, Criolo e Emicida. O que representa pra você trabalhar em projetos desses talentos?

Fiz produções pra muita gente, com a Lay, Tássia Reis e outras que estão pra sair. Acho lindo poder dar suporte na arte de outros artistas, acho que é uma forma de ampliar sua visão musical e eternizar sua obra com outros nomes

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música representa tudo que sou, foi ela que me fez conhecer o mundo e o mundo me conhecer, não vejo minha vida sem som, seria algo impossível seguir sem ela.

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