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A música conecta

“Eu sinto pelas pessoas que ficam presas em uma sonoridade”. Falamos com Thomas Gandey!

Por Alan Medeiros em Entrevistas 18.05.2017

DJ, produtor, vocalista e multi-instrumentista. Realmente há algo de especial na caminhada do francês Thomas Gandey, uma das atrações da Electrance 12 anos que acontece esse fim de semana no estado de São Paulo. Thomas teve sua carreira iniciada sob título de grande promessa. Hoje, alguns pares de anos depois, ele mostra que esse título não pesou e se apresenta como um artista maduro, que sabe aonde quer chegar.

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Seus releases são aclamados pelo público e trabalhados por selos do calibre de Get Physical, Noir Music, Desolat e Monkeytown. No campo da colaboração, faixas com artistas como Radio Slave, Noir, Pleausurekraft, German Brigante e Blondish estão no seu currículo, que conta ainda uma enxurrada de bons trabalhos sob a alcunha Cagedbaby, pelo qual lançou dois álbuns na Southern Fried Records e conquistou uma residência regular na Space Ibiza.

Em meio a uma passagem por Tulum, belíssima praia do México, Thomas respondeu essa entrevista para nosso querido amigo Chico Cornejo e também gravou um mix especial, que estampa o capítulo 283 do nosso podcast. A música conecta as pessoas!

1 – Bem, quando ouvi falar de você pela primeira vez, foi um novo caso de prodígio surgindo a cena: alguém bem jovem fazendo algo bem diferente. Até aqui, creio que o fator novidade já esmaeceu um pouco. É na verdade um alívio não ser mais considerado um novato ou há ainda alguma recompensa em encontrar pessoas mundo afora que ainda não o conhecem?

Olha, há algo definitivamente a ser dito acerca de ter uma herança e não ter mais de se provar para a cena. Sempre consegui me manter no underground e, assim espero, bem reputável enquanto me mantive fiel a meu som e o que me inspira como um músico eletrônico. Um monte de gente não sabe que eu fazia parte do Cagedbaby antes de decidir usar meu próprio nome para produções eletrônicas. São 20 anos da minha carreira, viajei pela maior parte do mundo, mas ainda hoje descubro novo lugares e há sempre novos promoters surgindo na cena, mais amizades a serem forjadas. Eu também produzo um monte de outros artistas que não promovo. É bom manter o frescor.

2 – Como foi que se deu a ligação com o Norman Cook e a Southern Fried? Foi uma coisa de dois nativos de Brighton se trombando?

Essa ligação apareceu quando fui à WMC carregando uma penca de CDs que tinha feito especialmente para a conferência em 2003. Consegui entrar numa festa em que o Norman estava tocando e lhe dei um CD com as minhas primeiras faixas como Cagedbaby. Ele ouviu e mantivemos contato, isso levou a um contrato para um álbum e uma relação de 10 anos com o selo e seu fantástico time. O A&R da gravadora, Nahan Thursting logo se tornou meu manager e todos viramos melhores amigos. Bons tempos em que fiz turnê pelo mundo todo com o Fatboy Slim. Isso realmente me esclareceu a parte dos negócios, assim como me levou a me divertir horrores numa porção de festas.

3 – Após trabalhar com o tipo de artistas consolidados com os quais você já colaborou até aqui – Radio Slave, por exemplo – houve algum sentimento de saturação, do tipo “uau! E agora? O quê resta fazer?”

Eu sempre curti colaborar. Isso garante que o trabalho será feito dentro dos prazos. Eu passei por praticamente todos os gêneros na minha carreira (Techno, Tech House, Deep House, Rock, Punk, Jazz, Disco, Electro). Tudo é muito válido para mim e mantém meu cérebro trabalhando como deveria. Eu sinto pelas pessoas que ficam presas em uma sonoridade. Eu pretendo me concentrar mais nas minhas próprias produções neste ano, são as outras pessoas que podem lhe deixar fatigado.

4 – Alguma parceria ou colaboração em especial aparecem no horizonte próximo e sobre as quais você queira falar?

Tenho uma empolgante colaboração recém-finalizada para um álbum com Danny do Psychemagik que assinamos com um baita selo. Não posso comentar ainda, mas mas vamos apresentar o projeto ao vivo e é muito legal. Tenho também um novo single com Olivier GIacomotto saindo muito em breve, outro com Coyu, mais outras coisas com Pleasurekraft. Há bastante coisa para ficarem ligados.

5 – Sua música encontrou um público bem receptivo aqui no Brasil e seus bookings na região até aqui têm se mostrado prova sólida disso. Esta alquimia é algo difícil de encontrar, mas quando ocorre, é verdadeiramente especial. Você tem alguma ideia de como esta combinação veio a existir?

Nunca havia ido ao Brasil até dois anos atrás, mas sou extremamente grato por ter sido tão bem recebido. Devo muito ao Paulo da Hypno que me apoiou e mostrou que consigo fazer estrago numa pista em qualquer lugar. Muitas pessoas dizem que apreciam minha honestidade como artista, tenho um som único e nas minhas apresentações consigo criar bastante energia. Eu usualmente toco muito das minhas faixas, então dificilmente vão ter ouvido aquelas faixas antes. Nunca entendi muito o ato de tocar músicas de outras pessoas.

6 – E quanto ao redor do mundo? Há festas, públicos ou mesmo momentos específicos que deixaram uma impressão duradoura em você? Onde você está agora?

Tenho inúmeros locais favoritos para tocar. Eu diria que, no momento, Brasil e México se destacam como os prediletos, este lado do planeta. Mas também adoro tocar pela Austrália, Ásia, Japão e, claro, Europa. Muitos dos meus shows são na Espanha e Ibiza sempre me recebeu bem, então sinto que é meu lar musical atualmente. Eu raramente toco no Reino Unido, não curto muito o som de que normalmente se toca lá. Este exato momento estou em turnê, numa praia na bela Tulum, no México, respondendo a esta entrevista com o Mar do Caribe à minha frente, me sinto abençoado. É uma boa vida…

7 – Como você conciliar um um atribulado calendário de turnês com sua produtividade? Você produz bastante na estrada? Há um método para a loucura ou vice-versa?

Eu consigo produzir em trânsito, mas não vai soar como se tivesse sido feito no meu estúdio. Gosto de trabalhar em equipamentos analógicos e tirar tudo ao vivo quando vou para a gravina hoje em dia. Também produzo bastante para outros artistas em seus respectivos estúdios. Frequentemente faço vocais e remixes na estrada e carrego um “setup de viagem” que cabe na minha bagagem de mão. Raramente deixo espaço para roupas, componentes eletrônico são minha vestimenta. Eu não viajo tanto quanto costumava, então tenho tempo no meu estúdio para me concentrar na música. Sou mais seletivo com minhas gigs e apenas toco onde realmente quero hoje em dia. Usualmente isso envolve uma praia, um monte de cocos e rostos sorridentes.…

8 – Por último, você poderia nos contextualizar um pouco mais acerca deste mix que gentilmente compartilhou conosco?

Claro! Eu fiz este mix nesta manhã para vocês em Tulum, na praia. São algumas faixas que têm me inspirado no momento e, para variar, não muito de minhas produções. Vou guardar essas para a Electrance no sábado em São Paulo. Espero que curtam!

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