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A música conecta

Alataj entrevista Tiger Stripes

Por Alan Medeiros em Entrevistas 24.07.2018

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Embora países como Alemanha, Estados Unidos, Espanha e Holanda possuem uma tradição maior frente as cenas house e techno, é justo destacara a profundidade deste cenário na Suécia, país que tem revelado ótimos nomes com diferentes linhas de trabalho – Adam Beyer, Axel Boman, Kornel Kovacs, Genius Of Time e Tiger Stripes estão aí para comprovar a teoria.

O último dos citados possui base fixada em Estocolmo, capital da Suécia. Mikael Nordgren, seu nome de batismo, já viajou o mundo graças ao seus trabalhos como DJ, produtor e remixer de grande prestígio junto a selos importantes da comunidade internacional. Mikael descreve seu próprio som como um techno de atmosferas profundas misturado com um tech house futurista. Alguns dos labels presentes no catálogo de Tiger Stripes incluem Desolat, Drumcode, Cajual e mais recentemente Hot Creations.

A lista de colaborações é igualmente expresiva e conta com trabalhos ao lado de artistas do calibre de Kerri Chandler, Adeva, Leroy Burgess e Jerome Sydehnham. A nosso convite, Tiger Stripes fala com exclusividade ao Alataj no Brasil. Confira o resultado desse bate-papo de primeira:

Alataj: Olá, Mikael! Tudo bem? É um grande prazer falar com você. Um dos grandes destaques de sua carreira talvez seja o peso dos lançamentos em seu catálogo. Pessoalmente e profissionalmente, o que representa pra você ter releases em labels como Desolat, Drumcode, Hot Creations e Truesoul?

Tiger Stripes: Para mim, assinar com esses labels e com os grandes DJs que estão por trás deles é como receber um comprovante de que fiz algo de classe mundial. Para alguns produtores, as gravadoras são um mal, mas para mim que ainda sou fã de todas elas, é algo que me manteve para frente. O mais importante é que todas fazem um bom trabalho em cada lançamento, então tenho certeza que a minha música terá a chance que merece.

A Suécia é um país com bastante tradição na dance music e, especialmente nos últimos anos, percebo que há um fortalecimento da real cena house e techno no país. O que você pode nos contar a respeito disso?

Sim, há uma longa tradição de escrever e produzir música na Suécia. Eu acho que ABBA teve um papel grande e importante para as próximas gerações que virão. Eles nos deram uma tradição de ganchos e melodias fortes que podem ser ouvidas em todos os tipos da dance music sueca. Mudou da disco de Bjorn e Benny para a house music de Stonebridge, para o techno de Adam Beyer e EDM de Avicii. Mas Estocolmo é uma cidade pequena e quando se trata de clubes, as coisas poderiam ser melhores. Mesmo que seja muito melhor agora do que quando eu fiz festas semanais aqui 15 anos atrás.

Em sua bio, você se refere ao seu som como deep techno e futuristic tech house. Como foi o processo de construção desse perfil sonoro?

Quando comecei a produzir dance music, eu ouvia DJs como François Kevorkian e Joe Claussell, que misturavam soulful deep house com o techno de Detroit, então eu quis fazer as duas coisas desde o começo. Usei pseudônimos diferentes por um tempo, mantendo house e techno separados, mas logo, tudo se fundiu como uma mistura sob um nome, Tiger Stripes. Amo a energia das batidas pesadas e sons escuros do techno, mas eu também amo os samples de vocais, então minhas músicas geralmente acabam com um toque de ambos os mundos. Meu favorito de todos os tempos, David Bowie, misturou diferentes gêneros musicais em sons que ninguém nunca ouviu antes. Sou muito inspirado por isso e é uma maneira muito divertida de trabalhar.

Alguns de seus principais trabalhos são remixes para grandes nomes da dance music como Maya Jane Coles, Adam Beyer, Ramon Tapia, MANDY, Santé, PAWSA e Ninetoes. Como você se sente trabalhando nessa posição?

Eu amo fazer remixes e é algo que eu tenho muito orgulho por dar a cada releitura tudo que eu tenho, na esperança de levar a faixa para um next level. Quando tudo dá certo, é um ótimo sentimento. Acho que existem outras áreas de trabalho criativas além da música que poderiam aprender com essa forma de trabalhar. Remixar a construção ou arte de alguém pode funcionar igualmente bem.

Há 8 anos você lançou Song for Edit, uma colaboração épica com ninguém menos que Kerri Chandler. Quão importante esse trabalho foi para o seu desenvolvimento a nível internacional? Como isso tudo se tornou possível?

Kerri Chandler é uma herói de longa data, então as três faixas que produzimos juntos ficarão no meu coração para sempre. Ele tocou em Estocolmo e na noite seguinte fomos ao meu estúdio e trabalhamos a noite toda. Eu ajudei ele, tocando guitarra em sua faixa Mental Moonlight Fiesta e depois disso fizemos mais duas faixas Song for Edit e Rain Song. Primeiro fiquei muito nervoso quando Kerri colocou a guitarra em minhas mãos dizendo “apenas toque”. Mas ele é um cara tão doce que logo o nervosismo desapareceu e nós trabalhamos muito bem juntos, boas memórias, eu já estava trabalhando com Jerome Sydenham, amigo de Kerri, e sim, eu acho que trabalhar com esses caras ajudou a alcançar minha música fora da Suécia.

Como um DJ conhecido internacionalmente, certamente você precisa encarar uma agenda de compromissos longe de sua casa. Como você busca manter a saúde mental e física enquanto fica fora de sua cidade?

Como pai de duas meninas, todas as segundas-feiras de manhã estou voltando à realidade, querendo ou não, quando as levo para a escola e faço o jantar. Mas, claro, ficar longe delas às vezes pode ser solitário, mas é difícil principalmente para minha esposa ficar sozinha cuidando dos negócios enquanto estou fora. Eu tento não ficar longe por períodos mais longos, e se eu ficar, não mais do que 2 semanas. Em tour, tento experimentar coisas que mantém minha cabeça ocupada. Estarei na cachoeira em Bali, ou subindo uma montanha na Tasmânia, ou farei algumas compras em Tóquio. Já tive inúmeros produtores de festa me levando à praia para um mergulho rápido. Antes de sair de uma cidade, quero conseguir imaginar como é viver lá. Tenho um trabalho ótimo e sei disso.

A cena brasileira tem crescido bastante nos últimos anos e cada vez mais o público está disposto a conhecer artistas de qualidade. O que você conhece a respeito do Brasil? Há algum DJ ou produtor brasileiro que você tem acompanhado?

Recentemente fiz uma turnê no Brasil e tive momentos fantásticos. Estava viajando com Leo Janeiro e Guti em um ônibus da turnê e quando pedi para Leo me recomendar alguns produtores brasileiros, ele me disse que estava trabalhando em uma compilação, então conferi e encontrei muitas coisas boas de Rodrigo Ferrari, Nuno Deconto, entre outros. Amo o Brasil e espero voltar em breve.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A palavra “tudo” rapidamente vem à mente já que conheci quase todos os meus amigos, minha esposa e experienciei muito através da música. Mas há outras coisas na vida. Estou de férias com a minha família no momento, perto de um lago e, além de fazer essa entrevista, não dei muita atenção à música. Adoro roupas e chapéus, coleciono tapetes e móveis antigos. Sou interessado e tento acompanhar o que está acontecendo no mundo. Mas sim, a música é a resposta para a maioria das coisas que a vida tem me dado.

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