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A música conecta

Alataj entrevista Timo Maas

Por Alan Medeiros em Entrevistas 23.05.2018

Você já parou pra pensar como é ter no currículo a honraria de ter sido o primeiro headliner de um dos clubs mais importantes do mundo? Timo Maas é dono desse feito. Em Novembro de 2002 ele foi o responsável por comandar o primeiro closing set do nosso lendário Warung Beach Club. De lá pra cá muita coisa mudou, não somente em sua carreira, mas no universo da música eletrônica como um todo, mas ainda assim Timo segue seu trabalho em alto nível.

Referência absoluta na época, Maas encarou o desenrolar de sua carreira com seriedade e hoje, com mais de três décadas de bagagem, celebra uma história longínqua e duradoura frente a um dos cenários mais mutáveis da indústria artística. Timo pode e deve ser considerado um pioneiro dentro do cenário eletrônico europeu, já que ao lado de caras como Sasha e John Digweed, ele ajudou a difundir um lado mais melódico e progressivo da house music que ganhava força no Reino Unido ainda na década de 90 e mais tarde conquistou as pistas do mundo inteiro.

Sua contribuição para a música vai além dos palcos. Timo Maas é o head da Rockets & Poneis, gravadora responsável por trabalhar artistas como Loco Dice, My Favorite Rebot e Yousef. Alguns de seus lançamentos recentes incluem os labels Last Night On Earth, Mobilee e Rejected, comprovando a ótima fase de sua carreira. Aproveitamos tal momento, para um bate-papo exclusivo com Timo. Confira abaixo:

Olá, Timo! É um prazer enorme poder falar com você. 30 anos de carreira é uma marca muito difícil de ser alcançada. Nessas três décadas de trabalho, de que forma a música eletrônica mudou sua vida e suas ideologias?

Prazer em conhecê-los! A música foi e é a minha vida. Eu a respiro dentro e fora desde que era criança. Ela e a tecnologia mudaram, mas meu amor não. Negócios e modelos de negócios mudaram, a importância do “trabalho” também, mas tudo segue impulsionado pelo amor das pessoas em relação a música.

A real essência de um DJ pode ser representada por aquele cara preparado para encarar uma pista em qualquer horário e sob qualquer circunstância, mas hoje em dia parece que isso tem se perdido um pouco e os artistas em geral estão apenas tocando em clubs, festas e horários que coincidem com seu estilo de produção – ou seja, as pessoas parecem estar mais interessadas na produção do que na discotecagem. Como você enxerga esse momento?

Eu me considero um DJ “contador de histórias”, levo as pessoas à uma viagem por diferentes estilos de música. Concordo com o que você diz, acho bastante chato quando um artista só toca seu som particular, sem olhar para a situação, público ou energia. Apertar o botão sync é ainda mais chato.

Aqui no Brasil você é muito conhecido por ter sido o primeiro headliner do Warung. Quais memórias você carrega dessa noite? Como foi retornar ao club no ano passado?

Me sinto honrado e nunca vou esquecer, assim como fato de Loco Dice ter tocado comigo. Isso vai ficar no meu compartimento de “grandes lembranças” para sempre. Voltar recentemente foi excelente. Foi um momento intenso e incrível. Warung é único, amo o club e principalmente as pessoas.

 

Seu último lançamento, We Were Riding High, apresenta uma atmosfera bastante progressive e conectada com o dance floor. Como foi produzir esse trabalho em conjunto com Basti Grup e Eric Volta?

Adoro ambos, eles são produtores/artistas muito talentosos em seu campo particular e me sinto honrado novamente por ter conseguido me juntar por uma música tão boa.

Particularmente, você se enxerga um artista diferente no que diz respeito a discotecagem e produção musical? Qual caminho seguir para que essas duas partes se conectem de forma assertiva?

Não, a composição e a criatividade impulsionam ambos. Às vezes a abordagem é diferente, mas ainda assim é o mesmo campo.

Como parte da cena musical europeia, como você enxerga as transformações do continente nos últimos anos? A Europa ainda é o melhor lugar para se trabalhar com música eletrônica no mundo?

A cena musical está em constante mudança, gostos e estilos também. Eu não diria que a Europa é o ponto central no geral, mas em certos campos da música é devido à sua história musical. Tudo muda sim, mas o resultado é o mesmo, nós amamos fazer as pessoas dançarem e elas amam dançar.

Muita gente atribui o poder de construção de um set como uma de suas principais qualidades. Essa é a uma de suas grandes preocupações quando está na cabine? O que é essencial para que um set apresente boa construção?

A chamada “viagem” é a essência dos meus sets. Adoro levar as pessoas em uma jornada musical, surpreendê-las, agitá-las, chocá-las. Na verdade, tudo o que um DJ adequadamente entendido deveria fazer.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. Nós enxergamos a música como uma forma de conexão entre as pessoas. Na sua opinião, qual o grande significado dela em nossas vidas?

Eu concordo 100%. Apesar de não sermos políticos, estamos reunindo pessoas para que possamos, pacificamente, viver bons momentos dançando juntos. Não importa raça, religião, sexo ou qualquer outra coisa.

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